
Em primeiro lugar, é preciso notar que um “paradigma”, sexa el qual for, é unha entidade conceptual indissociavelmente ligada a unha entidade social: o que Kuhn denomina unha “comunidade científica”. Um “paradigma” é algo partilhado polos membros de unha, e só unha, comunidade científica. Reciprocamente, unha comunidade científica é um grupo de pessoas que partilham um e apenas um “paradigma”. Como diriam os matemáticos, há unha “relaçón biunívoca” entre paradigmas e comunidades científicas. Perante unha leitura superficial do texto de Kuhn, pareceria até que os paradigmas seriam suficientes para “definir” as comunidades científicas, mas isso seria unha interpretaçón inadequada da concepçón kuhniana, como o próprio Kuhn deixou bem claro em “A Tensón Essencial” (1977). Com efeito, para Kuhn non se trata de definir os paradigmas através das comunidades científicas, nem o contrário. Os conceitos som loxicamente independentes, embora sexa um facto histórico que están sempre (ou quase sempre) intimamente associados. Enquanto os “paradigmas” debem ser identificados através de análises conceptuais (filosóficas, se quisermos), as comunidades científicas deberiam ser identificáveis, independentemente dos paradigmas que defendem, por métodos históricos e sociolóxicos. De qualquer modo, um período de ciência normal caracteriza-se polo facto de unha comunidade de cientistas, que trabalha num determinado âmbito, partilhar certos pressupostos, em xeral tácitos, de índole muito diversa (teóricos, experimentais, metodolóxicos, ideolóxicos e outros), que som precisamente os que lhes permitem “ir fazendo ciência”, digamos, no seu quotidiano. Estes elementos partilhados encontram-se, uns implícita outros explicitamente, nos canais usuais de ensino e transmissón das disciplinas (sobretudo nos manuais), e o xovem cientista que inicia a sua carreira adquire-os, regra xeral, no seu período de aprendizaxem. Na ciência normal, a tarefa quase exclusiva dos cientistas envolvidos consiste num tipo de actividade que Kuhn denomina “resoluçón de enigmas” (em inglês puzzle-solving). Esta tarefa consiste, “grosso modo”, em ir ampliando e aperfeiçoando a aplicaçón do aparelho teórico-conceptual à experiência e ao mesmo tempo (e como consequência disso), em ir axustando e polindo tal aparelho. Eis aqui alguns exemplos de tarefas típicas na investigaçón “normal”: precisar os valores numéricos de constantes xá conhecidas, determinar outras novas, encontrar formas específicas das leis xerais do paradigma, aplicar as leis xá disponíveis a novos fenómenos que a experiência revela. Para levar a cabo este trabalho é essencial que o cientista non questione os pressupostos básicos partilhados pola comunidade à qual pertence, pois som precisamente esses que guiam a sua investigaçón e lhe permitem alimentar esperanças de êxito. A ciência normal non discute os fundamentos da disciplina.
C. ULISES MOULINES