Arquivos diarios: 11/04/2022

DESCARTES (A ENCRUZILHADA INTELECTUAL DO SÉCULO XVII)

Na época de Descartes, o sistema de pensamento dominante era unha mistura de doutrina cristán e filosofia antiga (maioritariamente a de Aristóteles), conhecido como “escolástica”. De implantaçón em todas as escolas e universidades cristáns, a escolástica foi unha tentativa de pôr os restos do saber pagán ao serviço de unha ordenaçón racional da revelaçón. A discussón e o raciocínio eram permitidos, mas circunscriptos à natureza do “Ser Supremo” e à forma como o mundo tinha sido criado (contudo, isso non estaba isento de perigos: eram frequentes as acusaçóns de heresia entre teólogos). Para entender o grau de sofisticaçón que esta filosofia alcançou há que recuar ao século XIII, quando Tomás de Aquino, um brilhante teólogo italiano, conseguiu pôr ao serviço do cristianismo a física e a metafísica de Aristóteles, a astronomia de Ptolomeu e a medicina de Galeno. Para resolver este quebra-cabeças, conhecido a partir de entón como “tomismo” e elevado a doutrina oficial da Igrexa, Tomás inspirou-se nas correntes de pensamento que na Grécia tardia (especialmente na Alexandria dos séculos III e IV da nossa era) fundiram os ensinamentos clássicos com as relixións orientais, incluindo o puxante cristianismo. O “tomismo” e a sua concepçón da “analoxia do ser”, segundo a qual todos os seres têm “semelhanças com o Ser Supremo”, apresentava-se como a doutrina filosófica perfeita para o cristianismo, pois era capaz de sustentar a existência de um vínculo cognoscível entre Deus e o Mundo (evitando assim cair no ateísmo), sem que com isso eliminasse a infinita distância entre ambos (evitando o “panteísmo” ou identificaçón de Deus com a natureza). A partir daqui, o cosmos era reflectido nas “Sumas” escolásticas (xigantescos volumes manuscriptos) como unha grande arquitectura de “árbores categoriais”, em cuxo topo se encontraba Deus (em relaçón ao qual se predicavam os “xéneros xeneralíssimos”) e em cuxa base residiam as “espécies ínfimas” (das quais brotavam os indivíduos). Ficava tudo assim integrado nunha grande estructura “arborescente” e “piramidal”.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO