
Às vezes a diferênça entre o românce histórico e o político é quase imperceptíbel. No caso de “Lanza y sable” essa diferênça está marcada unicamente pola data na qual se desarrolham os acontecimentos, quase oitenta anos antes da data da publicaçón do libro. Muito diferênte resulta o caso de “Amalia” (1851-1855), do arxentino José Mármol (1817-1871). Ainda que hoxe este libro se acostûma a ler como novela histórica – refêre-se ao tempo sinistro da dictadura de Rosas – , de feito a acçón transcorre apenas uns anos antes da época em que foi escríta. Para Mármol, “Amalia” supunha tratar um assunto contemporâneo, um panfleto político contra Rosas. Mas, a proximidade do tempo narrativo e o tempo da escritura non dissimulam o feito de que a novela foi escríta nunha perspectiva histórica inmediata. O que lhe dá carácter político foi o furor com que Mármol escrebeu, quem, como Echeverría e Sarmiento, foi víctima das perseguiçóns de Juan Manuel de Rosas e sofreu o êxilo em Montevideo, onde continuou a sua tenaz actividade política marcadamente antirrosista. Desde o ponto de vista narrativo, “Amalia” é um românce da pior espécie e Mármol um poeta regular e péssimo narrador. A história dos amores da viuva “Amalia” com o xovem Bello, debe valorar-se como atroz; o que dá vida ao libro é o retrato de Rosas em acçón. A primeira vez que se apresenta, aparece nas suas funçóns de dictador, non só dictando a correspondência, senón submetendo a sua filha a unha humilhaçón, que equivale a violência sexual. As maquinaçóns de Rosas, mantenhem a novela viva e xustificam que se leia ainda hoxe. Mas, como novela política, “Amalia” tería de ceder a seu lugar a “Lanza y sable”, mais subtil, mais humorística no retracto de um dictador.
RBA EDITORES, S. A. – BARCELONA