Arquivos diarios: 31/03/2022

PASSEIOS PARA UNHA TARDE DE SÁBADO (CABECEIRAS DE BASTOS-BOTICAS-MONTALEGRE)

Foi unha enorme caminhada, menos mal, que íbamos sentados sobre um aparato com rodas. Decidimos entrar por Cabeceiras de Bastos, mas, sinceramente, parecía unha outra Pontareas, arrassada por alcaides barbaros e carente ao parecer de qualquer interesse arquitectónico (salvo algunhas “Casas Grandes” de xerifaltes d’antâno), polo qual decidimos non parar, e continuar viáxe cara aos desfiladeiros das Cabeceiras.

A estrada antiga que nos leva até Boticas , sí que é um monumento paisaxístico de primeira magnitude e abultada lonxitude. Quase setenta quilómetros por ribanceiras, povoádos remotos (perdidos do mundanal ruído) e terras bravías de gando.

Chegamos a Boticas perto das três da tarde, xá non eram horas de comer, mas o “Restaurante Rio Béça” ainda estaba cheio de xente, e o movimento era animado.

Quanto mais se sofre polo caminho, mais gratificante costûma ser a recompensa! A carta era prometedora, tendo em conta que estábamos em terras de muito gando, e que este pastába libre polos verdes prados de montanha.

A sopa era boa e abundante, como mandam os monxes (non como os santos, que esses passam mais fâme c’a Dios)!

As trutas, parece serem as estrelas do lugar, e inclúso se temos sorte poderíam ser do mesmo río Béça. Estabam fritas e escabechadas, e resultabam um prato delicioso.

O lombo de boi grelhado, era de bastânte qualidade.

Aquí, em Boticas, está enterrado um tio meu, José Argibay Amil natural de Guillade e filho do Benito do Ramón e da sua primeira mulher.

Chegados a Montalegre, o frío era intenso e doíam as máns dentro das alxibeiras, o naríz estaba encarnado. Non se vía unha alma pola rua. Todos estabam encafuádos.

Só vislumbramos duas ou três pessoas.

A vila é bonita, airosa e está bastante bem conservada. Ainda que, para viver neste lugar, é necessário ter dentro de casa um fogón de lenha “Hergóm” funcionando a toda máquina.

Há que vir no vrán, no tempo das festas e das lutas de bois! Ver o boi de fulano de tal, lutar contra outro, num espectáculo de bestialidade tamanha, que só pode ter unha disculpa: o feito de, terem cabeça pequena e um bom lombo, para levarem unhas cornadas!

LÉRIA CULTURAL

ARENDT (A EXPANSÓN DO IMPERIALISMO)

“Se pudesse, apoderar-me-ia dos planetas”, afirmava o britânico Cecil Rhodes no final do século XIX, citado por Hannah Arendt. O imperialismo é, sem dúvida, o elemento em que a autora observa unha espécie de “laboratório” do xenocídio posterior. O elemento fundamental do imperialismo – que Arendt diferencia do nacionalismo – é a “expansón pola expansón”, ou sexa, um novo tipo de política virada para o domínio de novos territórios e povoaçóns, guiada polo interesse económico insaciábel da burguesia capitalista. As prácticas políticas da expansón imperialista em África xá lexitimavam os traços que apareceriam de forma mais vissíbel no totalitarismo: uso da violência sobre grandes grupos de xente, desumanizaçón do outro, superfluidade e eliminaçón física da populaçón “que sobra”, e papel relevante da burocrácia administractiva nos massacres. Assim, Arendt recorda-nos que a criaçón de campos de extermínio non foi ideia orixinal dos nazís, pois xá se verificára na “Guerra dos Bóeres”, em África. Neste sentido, as experiências políticas da colonizaçón de África xá estavam impregnadas de consequências políticas nefastas: em primeiro lugar, o encontro com povos diferentes realiza-se em condiçóns de exploraçón, através da violência cria-se um grupo desumanizado e despoxado de direitos e, em segundo lugar, quebra-se o princípio moderno de universalidade da lei, por um grande número de pessoas non serem reconhecidas como cidadáns, e por serem criádos diferêntes tipos de suxeitos xurídicos. As “matanças administractivas” – termo utilizado por Arendt para destacar a implicaçón da maquinária burocrática colonial na violência em massa – forom utilizadas como meio de pacificaçón: o extermínio dos hotentotes polos bóeres ou os massacres de Leopoldo II no Congo, normalizaram o extermínio como instrumento político. Ao mesmo tempo, os nativos também eram utilizados como matéria-prima da economia imperialista. Assim, non há qualquer rasto de humanidade nunha populaçón sobre a qual xá non se reconhece o travón moral do reconhecimento do humano, mas, polo contrário, é tratada como um conxunto de criaturas sub-humanas, como animais ou propriedade. Consequentemente, o caminho para a destruiçón posterior de outros grandes grupos de xentes estaba trilhado e aplanado.

CRISTINA SÁNCHEZ