
Husserl foi, durante quinze anos muito duros, professor de filosofia em Halle. Os seus cursos tinham horários estranhos e pouco êxito; o seu salário era quase inexistente, como corresponde a um “Privatdozent”; a companhia intelectual também era insuficiente, embora contasse com personalidades tán extraordinárias, além do próprio Stumpf, como Georg Cantor e Hans von Arnim (o editor dos “Fragmentos dos Estoicos Antigos”). O xovem filósofo, que necessitaba sobretudo de encontrar um rumo próprio, esteve naquela altura seriamente ameaçado pola depressón. A seguir, veremos com algum detalhe porquê. Se Brentano tivera de adoptar como mestre Aristóteles, por desespero face aos seus contemporâneos, Husserl, que se tinha esforzado muito por ter Brentano como mestre (do que dá testemunho impressionante a “Filosofia da Aritmética”, da qual só conseguiu editar o primeiro volûme, em 1891), foi-se vendo, pouco a pouco, cada vez mais lonxe dele. Começava assim a história da sua influênça social: quando, por fim, alguém o entendia e se associava a ele, o destino da própria procura levava-o unha e outra vez a seguir em frente, separado, isolando-se, embora contrariado. Levava-o também a enganar-se em importantes ocasións relativamente às pessoas mais próximas de si; conseguiu, sobretudo, que Martin Heidegger fosse nomeado sucessor na sua cátedra de Friburgo, para ter de reconhecer, logo na liçón inaugural, que se tinha feito substituir por um antípoda. De facto, Husserl acabou os seus dias sozinho. A sua companhia constante durante os últimos anos foi Eugen Fink, assistente pessoal e home excelente em todos os sentidos, só que xá conquistado desde o princípio polo pensamento de Heidegger, o antípoda…
MIGUEL GARCÍA-BARÓ



















