Arquivos diarios: 12/03/2022

HUSSERL (O ANTÍPODA)

Husserl foi, durante quinze anos muito duros, professor de filosofia em Halle. Os seus cursos tinham horários estranhos e pouco êxito; o seu salário era quase inexistente, como corresponde a um “Privatdozent”; a companhia intelectual também era insuficiente, embora contasse com personalidades tán extraordinárias, além do próprio Stumpf, como Georg Cantor e Hans von Arnim (o editor dos “Fragmentos dos Estoicos Antigos”). O xovem filósofo, que necessitaba sobretudo de encontrar um rumo próprio, esteve naquela altura seriamente ameaçado pola depressón. A seguir, veremos com algum detalhe porquê. Se Brentano tivera de adoptar como mestre Aristóteles, por desespero face aos seus contemporâneos, Husserl, que se tinha esforzado muito por ter Brentano como mestre (do que dá testemunho impressionante a “Filosofia da Aritmética”, da qual só conseguiu editar o primeiro volûme, em 1891), foi-se vendo, pouco a pouco, cada vez mais lonxe dele. Começava assim a história da sua influênça social: quando, por fim, alguém o entendia e se associava a ele, o destino da própria procura levava-o unha e outra vez a seguir em frente, separado, isolando-se, embora contrariado. Levava-o também a enganar-se em importantes ocasións relativamente às pessoas mais próximas de si; conseguiu, sobretudo, que Martin Heidegger fosse nomeado sucessor na sua cátedra de Friburgo, para ter de reconhecer, logo na liçón inaugural, que se tinha feito substituir por um antípoda. De facto, Husserl acabou os seus dias sozinho. A sua companhia constante durante os últimos anos foi Eugen Fink, assistente pessoal e home excelente em todos os sentidos, só que xá conquistado desde o princípio polo pensamento de Heidegger, o antípoda…

MIGUEL GARCÍA-BARÓ

PASSEIOS PARA UNHA TARDE DE SÁBADO (O PORTO)

A melhor maneira de entrar no Porto era, ó chegar pola A-3 desde Valênça, colher a A-1 direcçón de Lisboa e, ao chegar á altura do Estádio do Dragao, esperar que apareça o letreiro “Campanha” e sair (antes era fácil, mas depois de um ano de obras, resulta bastânte complicado) o melhor é seguir os minúsculos letreiros, e depois de algunhas voltas perguntar.

Chegados à Estaçón de Campanha, deixamos o carro no estacionamento da referída, e colhemos o comboio para S. Bento, sacando um bilhete de ida-e-volta.

A beleza de S. Bento, resulta mesmamente espectacular. O âmbiente era animado, e o movimento em torno da estaçao era surprehendentemente numeroso, para unha cidade portuguesa em “Estado de Calamidade”.

O Porto, Portu Cale (ou sexa, o Porto dos Calaicos), é a maior das cidades galegas, e a melhor para “moufar”, “guichar” e “choinar”.

Também é conhecida polo nome de “A Invícta”, pois graças aos seus barrancos e à fortaleza das suas xentes, parece ser que nunca ninguém conseguíu tomá-la de asalto.

Aquí, também foi vencido e decapitado o rei Suevo Requiário, pois depois de ser derrotado polos Visigodos, preferíu “dá-lo callo” antes que fuxir por mar como um “galinha” qualquer.

O Mercado do Bulhao, é unha das visitas obrigadas, mas foi impossíbel sacar fotografias pois também está em obras. Conseguíu salvar-se dos liberais, graças ao apoio público, e à sua importância turística.

O Grande Hotel, era um lugar de luxo arcaico, e o melhor sítio para descansar durante as caminhatas pola cidade, com a vantáxem de que non era nada caro para o conforto que oferecía.

Antes, tinha um refeitório versailhesco, cheio de espelhos e dourados, que era um primor. Funcionaba como um buffet central no salón, onde a xente ía colhendo a comida, como se fora um banquete de bodas. Logo, unha mala ideia, estragou a sala toda e transformou-a nunha mamarachada moderna, e a comida faustuosa d’antano, acabou transformada nunha merda.

De todas maneiras, o Grande Hotel ainda mereçe unha visita, sobre tudo nos dias de frío ou muito calor.

Desta vez, comemos modestamente num café da Avenida dos Aliados, frequentada por reformados locais e alguns extranxeiros.

Um café bem situado e vistoso, a comida parecía saudábel e era feita á maneira do país.

Caldo Verde, rigorosamente feito, com a berzas entaladas. Pataniscas de Bacalhau com Arroz de Tomate, manga laminada e Tarta de Maçâ.

A verdade é que, as minhas visitas ao Porto, gastronomicamente falando, sempre forom um desástre (exceptuando, os velhos tempos do Grande Hotel).

Para passear, esta cidade é um tormento. Unha enorme ribanceira nos leva até ao rio, mas para subir é outro cantar. O outro lado do río, chamado Gaia, é um bom lugar para disfrutar da panorâmica frontal da cidade, e é também o sitio das grandes bodêgas de “Vinho do Porto”, mundialmente famosas.

E, finalmente, há que entrar na A-3, e passada unha hora e quarenta e cinco minutos estarás em Guillade.

LÉRIA CULTURAL