
Foucault punha, assim, em alerta todos aqueles que pensavam non só ter libertado a sua própria reflexón da marca do pensador alemán, como também estar a contribuir para libertar os restantes. E, de facto, Hegel talvez esperasse polos seus coveiros na esquina, para lhes mostar que non estaba morto, mas também para indicar que, na verdade, a sua filosofía constituía um elemento da própria arma com que tinham pretendido destruí-lo. E este aparecimento de Hegel na esquina introduz a suspeita de que, sem a sua radical afirmaçón sobre a impossibilidade de um universo onde as diferênças e as hierarquias se complementam sem se contradizerem, o pensamento político nunca teria elevado ao grau de teoria a constataçón empírica de que as sociedades aparentemente sólidas, placidamente adormecidas e seguras da sua perenidade, se vêm sacudidas por movimentos de fundo que forçam a sua transformaçón ou queda. Unha suspeita complementar de que se as contradiçóns non se assumem na sua totalidade, entón, na emerxência de movimentos aparentemente contestatários, o controlo de certos colectivos (relixiosos, políticos, económicos) non é derrubado, mas, sim, apenas usurpado por outros colectivos. E, noutra ordem de ideias, unha suspeita do que se encobre por trás de determinadas actitudes morais, relixiosas ou até filosóficas (sobretudo filosóficas) que se apresentam como um acto de confrontaçón do home com a sua verdade. Hegel parece irónico talvez, mesmo para aqueles que foram sarcásticos com ele por causa da sua tese sobre a órbita dos planetas. Da esquina onde mora, Hegel estaria lexitimado a asseverar que novos dados poderiam ridicularizar quem se ri. Veremos, no corpo deste ensaio, que hoxe as posiçóns idealistas non se podem despachar de unha vez só, como também non podem sê-lo as que Hegel mantinha relativamente à dialéctica das sociedades e aos mecanismos que posibilitam a sua evoluçón. Em relaçón às primeiras, esta reabilitaçón parcial encontra, por vezes, unha certa força onde menos se esperaba, ou sexa, na ciência natural da nossa época. E quanto às segundas, a actual situaçón económico-política dá-nos, polo menos, oportunidade de as repensar.
VÍCTOR GÓMEZ PIN