
A 20 de Março do mesmo ano (1581), na noite seguinte ao Domingo de Ramos, Sisto Fabri, mestre do Sacro Palazzo (a Congregatio pro indice librorum prohibitorum), entrega-lhe, xuntamente com unha censura verbal, a cópia dos Ensaios aprehendida com outros libros no dia da sua chegada a Roma. Depois de três meses e vinte dias de inspeçón, os Ensaios eram “castigados segundo a opinión dos doutores monxes”. Montaigne ficou muito surprehendido por aquela inesperada aprehensón e, sobretudo, polo escrúpulo frenético com que todas as caixas da sua bagaxem tinham sido inspecionadas. A descripçón de Roma, sepulcral e enterrada sobre si mesma, no entanto, parece fazer alusón a outra cousa diferente e estender-se à dimensón político-relixiosa da cidade, até acariciar aquele conceito de “fortuna” que os censores tinham criticado tanto. Montaigne insiste na inoportunidade daquela confusón e agradece à sorte, porque non lhe encontrarom nenhum libro prohibido, tendo em conta a sua curiosidade e a sua passaxem pola Alemanha. No “Diário de Viaxem” dá conta daquela “Roma bastarda” em que se colavam os edifícios “às ruínas antigas”, recordando, ao mesmo tempo, os ninhos “que pardais e gralhas ván suspendendo em França nas abóbadas e nas igrexas demolidas polos huguenotes”, As reflexóns sobre a capital constituem a sua resposta “a quem comparava a liberdade de Roma com a de Veneza”. O bordalês continua a considerar a cidade lagunar como o “estado da liberdade” face à corrupçón dos tempos modernos e da moderna Roma. As restantes observaçóns non eram menos incisivas: na cidade/sepulcro, casas pouco seguras e non protexidas face aos ladróns (aconselhava-se a quem levasse consideráveis somas de dinheiro que deixasse a carteira sob a custódia de banqueiros da cidade) e, à noite, pouca segurança pessoal. Montaigne aponta um aspecto ulterior, que avalia ainda com maior severidade, no episódio referente ao (superior) xeral dos (frades) Menores, que, xustamente a um de Dezembro, tinha sido destituído do seu cargo e encerrado na prisón, devido a um sermón no qual, perante o papa e os cardeais, tinha atacado o ócio e o luxo dos prelados da Igrexa; tinha-o feito de um modo “xenérico”, sem entrar em detalhes, apenas recorrendo, com um tom algo áspero, aos habituais lugares comuns sobre o tema. Mas isso tinha sido suficiente para dar a entender que a Roma papal, com violência, estava disposta a censurar também os membros do próprio corpo “doente” no momento em que estigmatizassem a gangrena curial do ócio e do luxo, para poder libertar-se. Doença e cura ao contrário.
NICOLA PANICHI