LOCKE (O NOVO ANGLICANISMO)

Durante a Idade Média, falar da Igrexa Anglicana significaba referir-se à Igrexa Católica de Inglaterra e nada mais. Xá se tinham ouvido vozes críticas de Roma em terras inglesas: John Wyclif (1328-1384) tinha esixido reformas muito antes de Lutero e Calvino, mas ainda era demasiado cedo para a mudança. A Igrexa Anglicana, podia ter as suas peculiaridades, mas non diferia muito da de outros territórios católicos, e só passou a ter unha identidade própria após o conflicto do rei absoluctista Henrique VIII com o papa Clemente VII. A ruptura produziu-se porque o papa non quixo anular o casamento do rei com Catarina de Aragón, xá que isso o colocaria em confronto com a poderosa coroa espanhola, um dos bastións católicos. Perante a negativa, Henrique VIII decidiu cortar relaçóns com Roma em 1531 e obrigar a hierarquia eclesiástica inglesa a reconhecê-lo como cabeça suprema da Igrexa de Inglaterra. Na verdade, este xesto non respondia a intençóns reformistas por parte do rei, mas a interesses políticos e pessoais, pois com isso aumentou o seu poder e satisfez o seu desexo de se casar com Ana Bolena. Henrique VIII continuou a defender o catolicismo apesar de se ter afastado de Roma. Após esse primeiro momento, o anglicanismo evoluiria por intermédio do bispo Thomas Cranmer (1489-1556), que introduzio unha reforma das cerimónias católicas à inglesa, simplificando o culto e adoptando unha liturxía mais simples. A ascensón ao poder de Maria Tudor e o seu casamento com o católico Filipe II de Espanha orixinou um parêntese no estabelecimento do anglicanismo, que se viu de novo reforçado com o reinado de Isabel I que, de 1558 a 1603, o consolidou como unha terceira via entre o catolicismo e o protestantismo. No entanto, os conflictos relixiosos e políticos, misturados, continuariam e aumentariam após a morte de Isabel I, como exemplifica a famosa “Conspiraçón da Pólvora”, de 1605, em que um grupo de extremistas planeou fazer ir polos ares o parlamento britânico. A tensón acabaria por rebentar em 1642 com a “Guerra Civil” entre absoluctistas e parlamentaristas; porém, apesar da instabilidade política, a “terceira via” significaba que o anglicanismo se acabaría por impôr. Teóricos como Richard Hooker (a quem Locke alcunha de “o sensato”) axudariam a perfilar as bases do “novo anglicanismo”. Hooker defende unha opçón mais tolerante, menos extremista do que o “puritanismo calvinista”, e Locke adoptaría esse discurso moderado. A chegada de Guilherme III de Orange, em 1689, completa a reforma inglesa. A assignatura da “Acta de Tolerância”, que promulga a “liberdade de consciência” pola primeira vez na Europa, orixina a confirmaçón definitiva dessa terceira via que deu, estabilidade ao país.

SERGI AGUILAR

Deixar un comentario