DERRIDA (ESPECTROS DE MARX)

Se o falogocentrismo está omnipresente nos seus dous primeiros textos, com “Espectros de Marx” será a noçón de espectro e o seu campo associado o que colherá o direito de cidadania dentro do léxico derrideano. Aqui cumprirá um desígnio muito preciso e estará como que em busca da controvérsia. A este respeito, merecem ser referidas as palabras com que José María Ripalda apresenta o texto: “Espectros foi o primeiro título que Marx pensou para o seu Manifesto. Derrida recupera-o neste libro para realizar unha crítica da herança de Marx no mundo contemporâneo, unha crítica vertida da sua particular teoria filosófica: a “desconstruçón”. Jacques Derrida critica um novo dogmatismo, unha nova intolerância que se apossa da Europa, o dogmatismo capitalista que insiste na morte de Marx e do marxismo. Para Derrida é necessário conxurar de novo os espectros, os “espíritos” marxianos que subsistem na cultura europeia, non para reabilitar aquilo em que concordamos que non é necessário repetir, mas para romper a censura e a prohibiçón que estigmatizam tudo o que está relacionado com ele, mantendo vivo o diálogo com quem se declara seu partidário. Partindo da distinçón entre xustiça e direito, e debatendo-se entre dous pontos de vista (o da herança e o do messianismo do filósofo alemán), “Espectros de Marx” é sobretudo o testemunho ou a aposta intempestiva de unha tomada de posiçón. Derrida mostra-se partidário de um verdadeiro marxismo que neutralize a imperante doutrina capitalista e que cale as constantes e insistentes vozes que, num determinado espaço xeopolítico, negam a sobrevivência do pensamento de Marx e afirmam a sua impossíbel recuperaçón. “Espectros de Marx” non é exactamente um libro sobre Marx, é unha leitura de Marx no contexto da derrota dos que se proclamaram e foram aceites como seus herdeiros, xuntamente com o triunfo xeopolítico do seu inimigo, “o liberalismo económico e político”.

MIGUEL MOREY

Deixar un comentario