A ARTE DE DAR À LUZ

Resumindo e concluindo, outro contraexemplo baseado num caso particular que nos empurra a refinar a nossa ideia e aventurar unha nova definiçón, algo do xénero “alguém que respeite e se preocupe com os interesses dos seus concidadáns e que polo seu trabalho alcance resultados positivos”. De novo, o Sócrates do século XXI: “Porém, o “FMI” e a “troika” (que apesar de non serem políticos som aqueles que na realidade exercem tais funçóns de algum tempo a esta parte) dizem preocupar-se com os interesses dos cidadáns; em certas ocasións, o trabalho por eles desempenhado alcançou resultados positivos (é aqui que fica claro que estamos a formular um exemplo de ficçón), mas a maioría da populaçón está igual ou pior do que antes”. Terceira tentativa: “alguém que respeite os interesses dos concidadáns e se preocupa com eles, cuxo trabalho surta resultados positivos que beneficiem todos os cidadáns ou unha vasta maioria”. Através da discussón e do debate procederíamos assim até chegarmos à definiçón universal do ser “bom político”, que depois poderíamos aplicar com propriedade na nossa vida quotidiana. O exemplo de “diálogo dialéctico” que acabámos de inventar também nos permite ilustrar o terceiro conceito que destacávamos ao falar dos elementos característicos do método socrático: a “maiêutica”, do grego “maieutikê” ou a arte de axudar a parir. No “Teeteto”, Sócrates (ou Platón, pola boca de Sócrates) explica à personaxe que dá nome ao diálogo a orixe e as características desta técnica: o filósofo afirma ter herdado da nái, parteira de profissón, a habilidade de fazer parir, com a peculiaridade de que no seu caso, a técnica se aplica sobre o espírito e non sobre os corpos. Mas deixemos que sexa o próprio Sócrates a descreber-no-lo: “-Pois, nesta minha arte de dar à luz, coexistem as outras todas que há na outra arte, diferindo non só no facto de serem homens a dar à luz e non mulheres, mas também no de tomar conta das almas e non dos corpos dos que están a parir. E o mais importânte desta nossa arte está em poder verificar completamente se o pensamento do xovem paríu unha fantasía ou unha mentira, ou se foi capaz de xerar também unha autêntica verdade. Pois isto é o que xustamente a minha arte partilha com a das parteiras: som incapaz de produzir saberes. Mas disso xá muitos me criticaram, pois fago perguntas aos outros, enquanto eu próprio non presto declaraçóns sobre nada, porque nada tenho de sábio; e o que criticam é verdade. A causa disso é a seguinte: o deus que me obriga a fazer nascer, impediu-me de produzir. Non som, portanto, absoluctamente nada sábio, nem tenho nenhuma descoberta que venha de mim, nascida da minha alma; mas aqueles que convivem comigo, a princípio alguns parecem de todo incapazes de aprender, mas, com o avanço do convívio, todos aqueles a quem o deus permite, é espantoso o quanto produzem, como eles próprios e os outros acham; sendo claro que nunca aprenderam nada disto por mim, mas descobriram por si próprios e deram à luz muitas e belas cousas. No entanto, o deus e eu é que fomos a causa do parto”. O que há mais de dous mil anos é considerado como o exemplo paradigmático do método “maiêutico” foi o diálogo entre Sócrates e um escravo que se encontra no “Ménon”, onde Sócrates consegue, através de perguntas, que o escravo, desprovisto de qualquer conhecimento matemático, descubra unha proposiçón xeométrica fundamental.
E. A. DAL MASCHIO