Arquivos diarios: 14/10/2021

MARX (ANAIS FRANCO-ALEMÁNS)

Marx tinha partilhado com os “xovens hegelianos”, liberais radicais, as duas ilusóns da humanidade que se prolongam até ao nosso tempo e se mostram insuperábeis as esperanças libertadoras pola via da filosofia, da educaçón, e pola via da política. Estas duas ilusóns sofreram algunhas erosóns na sua primeira etapa de xornalista, mas permaneceram. Em Septembro de 1843, escrebe a sua famosa carta a Arnold Ruge, que lhe tinha proposto xuntar-se em París ao seu novo proxecto xornalístico, os “Anais Franco-Alemáns”. Nessa carta, Marx, ainda sob o domínio do hegelianismo, non tem outro vocabulário para se expressar: “Tudo o que é necessário acaba sempre por acontecer”, afirma; “Estou convícto de que o nosso plano vem ao encontro de unha necessidade real, e as necessidades reais também debem ser realmente satisfeitas.” Mantém o proxecto filosófico, político e crítico (“crítica despiedada de tudo o existênte”); mantém a relixión e o estado como inimigos, como formas de alienaçón: “Assim como a relixión é o sumário das lutas teóricas da humanidade, o Estado político é o das suas lutas prácticas.” É verdade que a carta revela novos sintomas, como unha maior atençón à práctica (“participaçón na política e, portanto, nas lutas reais, e identificar a nossa crítica com elas”, mas o seu esquema de reflexón non escapa ao âmbito da filosofia hegeliana: “Non dizemos ao mundo: Deixa de lado essas tuas batalhas, pois é tudo fantochada; nós é que proferiremos o verdadeiro mote para a luta. Nós apenas lhe mostrámos o porquê de ele estar a lutar, e a consciência é algo de que ele terá de se apropriar, mesmo que non queira”. A crítica filosófica continua a ser a estratéxia e o estado racional o obxectivo. París era um bom lugar para que um exiliado continuasse a sua luta pola Alemanha, que no seu interior tinha apertado o cerco aos reformadores com a censura e a repressón. Além disso, em París avançaba o capitalismo e a burguesia conseguía fortalecer-se depois da noite-escura da restauraçón que se seguíu à Revoluçón de 1789. Marx descobrirá essas classes trabalhadoras, que sofriam xornadas de até quinze horas diárias e as suas lutas para se libertarem dessa situaçón; e descobrirá os seus actores, como Louis-Auguste Blanqui e a sua proposta de “comunismo operário”, tán diferênte do “comunismo filosófico” dos seus compatriotas. Na correspondência da época, fala de “lançar-se às verdadeiras lutas” e da nova tarefa da filosofia, que non tem de ser outra senón levar à humanidade que luta a consciência dos motivos polos quais luta. París axuda-o, obriga-o a pensar, a formular em conceitos o falhanço das suas posiçóns filosóficas e políticas defendidas na imprensa; esixe-lhe que axuste contas com a sua consciência anterior. É, neste sentido, que se destácam os dous trabalhos que publica nos “Anais Franco-Alemáns”: a “Introduçón à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” e “Sobre a Questón Xudaica”; dous trabalhos escritos na Alemanha, mas revistos e reformulados em París.

JOSÉ MANUEL BERMUDO