
Wittgenstein tinha um temperamento vienense. O seu carácter polifacetado e o fervor com que viveu e se dedicou à filosofia denotavam um ar de família característico de alguns dos vienenses que presenciaram a entrada no século XX. Refiro-me a artistas e intelectuais da envergadura do compositor Arnold Schönberg, do escritor Karl Kraus, do arquitecto Adolf Loos, do pensador Otto Weininger ou dos pintores Egon Schiele e Richard- Gerstl. Alguns leitores perguntarám-se, porque deixei o conhecido Klimt fora da minha lista se, além do mais, tinha beneficiado directamente do mecenato dos Wittgenstein. Naquela Viena de tán grandes afinidades, também hoube profundas diferênças. É conveniente distinguir duas correntes: a que albergaba figuras como as que enumerei, inclusive o próprio Wittgenstein. e outra, onde estaría a essência do “movimento secessionista” e autores como o seu ideólogo, o escritor Hermann Bahr. O traço distintivo fundamental era de índole moral, Janik referiu-se ao primeiro grupo como “modernismo crítico”. Os modernos críticos non deixaram de lutar contra o “estecticismo vazio” de significado reinante na corrente oposta através do seu próprio trabalho, onde prevalecia unha perspectiva formal rigorosíssima, quer fosse no campo da arte quer do pensamento.
CARLA CARMONA