Arquivos diarios: 13/09/2021

CANCIONEIRO D’AJUDA (CCXLV)

Por quem o poiderom eles saber?

Estes que ora dizen mia sen

nor. que saben ca vus quereu

muy gran ben, pois en nunca

per mi souberen ren. querria

agora seer sabedor. Per quen o

poderon eles saber. pois mio vos

nunca quisestes creer.

Ca mia senor semp o eu neguei

qñteu mais pude assi ds me pdon

e dizen ora quantos a qui son

que o saben mais como saberei

Per que no poderon eles saber.

CANCIONEIRO D’AJUDA (CCXLV)

ALTHUSSER (O CONCEITO DE CAUSALIDADE ESTRUCTURAL)

Althusser nunca se definiu como estructuralista – tanto ele como Balibar se distanciaram explicitamente desta corrente -, mas do que non há dúvida é que a sua interpretaçón de Marx debia muito ao estructuralismo. Um dos seus conceitos mais importantes foi o de “causalidade estructural”, que Althusser remeteu para o próprio Marx, afirmando que foi a chave da sua “revoluçón teórica”, que -como comentávamos mais acima- iria afastá-lo das filosofias da história e encaminhá-lo polo trilho que desembocaria na sua obra definitiva, “O Capital”. Esse momento crucial ocorreria na famosa “Introduçón” de 1857, a que Althusser chamaria “o discurso do método” de Marx. Nesse texto, Marx utilizava certas metáforas que, para Althusser, avançavam um dos motivos “estructuralistas” que, com o tempo, ia ser mais tematizado: o conceito de unha “eficácia” estructural. Em todas as formas de sociedade, é unha produçón determinada e as relaçóns que ela enxendra som as que atribuem nível e importância a todas as outras produçóns e às relaçóns enxendradas por aquelas. É unha iluminaçón “Beleuchtung” xeral onde están submersas todas as cores, e que modifica as tonalidades particulares. É um éter particular que determina o peso específico de todas as formas de existência que nele se destacam. (Marx, Grundrisse) Althusser resumia o problema do seguinte modo: “Através de que conceito se pode pensar o tipo de determinaçón nova, que acaba de ser identificada como a determinaçón dos fenómenos de unha rexión dada pola estructura dessa rexión? (…) Como definir o conceito de unha causalidade estructural?” (Althusser, “A Favor de Marx”). As duas metáforas utilizadas – o “éter” e a “iluminaçón” – referem o próprio obxecto da obra de Marx: o capitalismo da sociedade capitalista. Mas, naquele momento, eram metáforas; era necessário substituí-las por um conceito que evidenciasse aquilo que, portanto, a obra de Marx consistia em pôr em xogo. E o seminário “Lire Le Capital” encontrou no conceito de “causalidade estructural” a forma de esclarecer o enigma, integrando assim, para o bem ou para o mal, o âmbito de correntes que se agrupou sob o título do “estructuralismo”. Na sua explicaçón sobre “noçón de estructura”, Lévi-Strauss citaba determinadas palabras que podem ser agora muito oportunas: Um sistema ou configuraçón é sempre, por natureza, outra cousa e mais do que a suma das suas partes; inclui também as relaçóns entre as partes; a sua rede de interligaçóns, que acrescenta um elemento significativo suplementar. Isto é bem conhecido da psicoloxia da “Gestalt” ou psicoloxia da forma. A “Forma” de unha cultura pode ser definida como o sistema (pattern) das relaçóns entre as suas partes constitutivas. (Lévi-Strauss, Antropoloxia Cultural) Neste sentido, nada poderia ilustrar mais graficamente este ponto -que Lévi-Strauss transforma nunha espécie de manifesto estructuralista- do que um texto de Marx, no qual se pretende, no último capítulo do Livro I de “O Capital”, tornar público o “segredo” profundo da sociedade moderna da qual o resto da obra acaba de dar conta. Há que dizer que estamos a falar de algo muito sério. A obra de Marx persegue, antes de mais, a resposta à pergunta “o que é o capital?”; e, neste momento, vai-nos falar de um senhor chamado Wakefield que, em sua opinión, teria encontrado a chave da tán ansiada resposta. E o caso é que Wakefield non era um filósofo, mas um colonizador britânico, um grande home de negócios, fundador das sociedades britânicas da Nova Zelândia e da Austrália. Acontece, porém, que alá nas colónias, Wakefield apercebe-se de repente de algo que em Inglaterra resultaba invisíbel. Como vamos ver, foi unha espécie de sobressalto platónico, unha inesperada “reminiscência” que o levou a um mundo novo: o “mundo das estructuras”. Aí encontrou o segredo mais profundo da economia capitalista, aquilo a que poderíamos chamar a sua “estructura profunda”. E o que descobriu foi precisamente que, como dizia o texto citado por Lévi-Strauss, “um sistema ou configuraçón é sempre algo mais do que a suma das suas partes”.

CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA