Arquivos diarios: 17/07/2021

SÓCRATES (IRONIA, DIALÉCTICA E MAIÊUTICA)

Até aqui vimos como Sócrates realça duas ideias fundamentais: as definiçóns universais (ou simplesmente os universais) e a centralidade das questóns morais como obxecto prioritário da autêntica sabedoria. Vimos pois, qual debe ser para Sócrates o conteúdo da filosofia, agora só nos resta ver qual é o seu método. Três som os conceitos que teremos de reter: ironia, dialéctica e maiêutica. Da ironia socrática xá falámos antes, quando recordábamos o episódio do oáculo de Delfos e o “só sei que nada sei”. Sem pretender converter Sócrates num racionalista françês do século XVII (chamado René Descartes, para ser mais exacto), a actitude irónica consiste em despoxar-se de todas as ideias preconcebidas e adquiridas acriticamente, para emprehender a procura da verdade a partir da ignorância. Assim, unha vez que nos libertemos de tudo aquilo que acreditábamos saber, mas que na realidade non sabíamos, entón xá estaremos prontos para por máns à obra e passar ao nível seguinte o da dialéctica. Voltemos a fazer unha pausa no caminho para recapitular e non perder o fío conductor do raciocínio. Na opinión de Sócrates, conhecer a realidade significa conhecer os universais que de algunha forma están por detrás (por cima, por baixo, mais além dos casos particulares. Para conhecer os universais, vimos que o primeiro passo consiste em desprender-se do suposto conhecimento adquirido de forma acrítica, isso a que uns séculos mais tarde se chamará “fazer tábua rasa” (ironia socrática). Seguidamente, equacionamos o conceito que queremos definir e a partir da análise de casos particulares e através da discussón, vamos polindo de contradiçóns e preconceitos essa primeira aproximaçón até chegar à definiçón universal. Sem dar por isso, entramos em cheio na “dialéctica” ou, como o definia Aristóteles de forma algo xenerosa, nos “raciocínios inductivos”. Recorramos de novo a um exemplo para ilustrar com maior nitidez em que consiste, embora os diálogos de Platón (em particular os primeiros, aqueles mais estrictamente socráticos) sexam férteis em exemplos. Perante a iminência das eleiçóns, decidimos descobrir o que faz um político, um bom político. Avançamos unha primeira definiçón, notando que o bom político é alguém com carisma. Alguém (um Sócrates moderno) nos responde que “Hitler também tinha carisma”, obrigando-nos com isso a reconsiderarmos a primeira definiçón (non perderemos tempo a explanar as razóns polas quais o caso de Hitler nos obrigaría a modificar a nossa definiçón, pois som evidentes para todos, salvo uns quantos descerebrados que non nos estarám a ler, pois raramente ou nunca leem libros de filosofia). Daí que corrixamos a tentativa e precisemos: “alguém com carisma que respeite e se preocupe com os seus concidadáns”. O Sócrates moderno, volta à carga: “mas Fulano de tal (que cada um ponha aqui o nome que melhor lhe aprouver) certamente que se preocupou com os interesses dos seus concidadáns, mas teve unha xestón desastrosa” ou, recorrendo à sabedoria popular, de boas intençóns está o inferno cheio e entre dizer e fazer há unha grande distância.

E. A. DAL MASCHIO

ESCRITORES HISPÂNOS (PIARRES DE AXULAR)

Axular, Piarres de (Urdax, Navarra, 1556 – 1640). Talvez sexa o melhor prossista vasco. Estudou em Salamanca e foi vicedecano em Pamplona em 1595, logo foi deán em Lérida no ano seguinte. Em 1609 foi cura párroco de Sare, lugar das províncias vascas em França. O seu libro “Guero” (1643) é unha das poucas obras de devoçón escritas em vasco. Urquijo fixo notar unha possíbel influênça na sua obra de fray Luis de Granada, mas o trabalho de Axular é profundamente orixinal, com muitos e bem expostos argumentos tomados da vida diária e finas traduçóns do latím para o vasquence. Non se trata de um tratado místico ou especulativo, senón de unha obra acessíbel para todos num nível ascético. Prometeo unha segunda parte, mas ao parecer nunca foi escrita. Forom feitas várias reediçṕns da pequena obra neste século.

Oxford

ESCRITORES HISPÂNOS (JULIO ENRIQUE ÁVILA)

Ávila, Julio Enrique (San Salvador, 1892). Ainda que graduado em química e farmacia, deu-se a conhecer como poeta, influído ó princípio por Darío, mas logo, segundo Juan Ramón Uriarte, “inclasificable… ajeno a cualquier ismo”. Publicou “Fuentes de alma” em 1917, “El poeta egoísta” (1922), a novela “El vigía sin luz” (1927), que trata de um xovem cego que descobre o seu mundo interior, o poema em prossa “El mundo de mi jardín” (1927) e “Galerías” (1942).

OXFORD

ESCRITORES HISPÂNOS (FRANCISCO DE AVENDAÑO)

Avendaño, Francisco de (século XVI). Escritor teatral. A sua única obra conhecida é a “Comedia Florisea”, publicada em 1551 e reeditada dous anos despois. Nela notam-se as influênças de Torres Naharro e Encina. Despois de um prólogo cómico encontramos a Muerto, víctima da mala fortuna, e a Floriseo, víctima de um amor non correspondido, a ponto de cometer suicídio xuntos, mas um pastor que passou por alí impide-o. Mais adiante veremos a Floriseo que, reunido com a sua amada, se casa com ela , durante unha escena cómica, mentras Fortuna lhes lega mil ducados xunto com a promesa de liberar a Muerto da sua dor. Probabelmente Avendaño concebeu a sua bem estructurada obra para celebrar o matrimonio de Juan Pacheco, parente do seu amo o marquês de Villena (Diego López Pacheco). Foi atribuído a Avendaño a inovaçón de reducir a três os actos da comedia (em vez dos cinco habituais), mas o “Auto de Clarindo” (Toledo, 1535?) de Antonio Díez tem também três actos e resulta anterior.

OXFORD