Arquivos diarios: 26/05/2021

BREVE HISTÓRIA DE QUASE TUDO

Por razóns desconhecidas os seus átomos vam dispersar-se em silêncio, para se transformarem noutras cousas. E será o fim da história para si. Apesar de tudo, xá non é nada mau que assim sexa. De um modo xeral, o mesmo non acontece no universo, polo menos que se saiba. O que non deixa de ser estranho, porque os átomos que com tán boa vontade e xenerosidade se agregam para formar os seres humanos aqui naTerra som exactamente os mesmos que se recusam a fazê-lo em todo e qualquer outro lugar. A vida pode ser muitas cousas, mas do ponto de vista químico, é curiosamente simples: carbono, hidroxénio, oxixénio e azoto, um pouco de cálcio, unha pitada de enxofre, uns pozinhos de outros elementos muito corriqueiros – nada que non possa encontrar-se nunha farmácia normal – e pronto, non é preciso mais nada. A única característica especial dos átomos que o constituiem a si, é o facto de o constituírem a si. E nisso consiste o milagre da vida. Quer formem ou non vida em qualquer outro lugar do universo, é inegábel que formam muitas outras cousas, melhor dizendo, formam tudo o resto que existe. Sem eles non haberia àgua, aire, rochas, estrelas ou planetas, nuvens gasosas distantes ou nebulosas a xirar, ou qualquer outra das cousas que fazem do universo unha matéria tán rica. Os átomos som tán numerosos e necessários que temos a tentaçón de esquecer que, na realidade, nem sequer precisariam de existir. Non há nenhuma lei que esixa que o universo se encha de inúmeras partículas de matéria ou que produza luz e gravidade ou as outras propriedades físicas com que se articula a nossa existência. Na verdade, non tem de haber universo nenhum. E non hoube, durante a maior parte do tempo. Non houbo átomos e non houbo um universo onde eles pudessem fluctuar. Non houbo nada. Nada de nada, em lado nenhum. Portanto, só temos de agradecer aos átomos.

BILL BRYSON

POPPER (O “MODUS TOLLENS”)

Que razóns pode Popper apresentar a favor desta tese aparentemente tán contrária ‘a nossa intuiçón e ao que qualquer pessoa minimamente informada espera da ciência? O seu argumento principal a favor desta tese, ao que parece tán deprimente, é de carácter estrictamente lóxico-formal. No entanto, na orixem da sua concepçón cabe um papel a unha constataçón histórica, bem como a unha tomada de posiçón ética. Começaremos pola constataçón histórica, continuaremos com o argumento lóxico (que é o central) e terminaremos com a questón ética. Popper apercebeu-se muito cedo (segundo ele próprio, na adolescência) de que as grandes teorías científicas do passado, inclusive as de maior êxito, foram a posteriori consideradas falsas. O exemplo histórico de maior relevância foi a teoría da gravitaçón de Newton. Durante mais de duzentos anos depois de ter sido formulada, esta teoría foi considerada, tanto polos próprios físicos como polos leigos, unha contribuiçón impressionante e definitiva para o conhecimento humano: explicaba (e sobretudo previa!) toda unha série de fenómenos que até entón tinham permanecido inexplicábeis, do movimento dos planetas à oscilaçón do pêndulo, passando polas marés e pola forma da terra. Contudo, apesar de todas estas conquistas formidábeis, no início do século XX apareceu um “axitador”, Einstein, que, apoiando-se tanto nas suas próprias consideraçóns teóricas como nas experiências e nas observaçóns de outros, refutou de vez a teoría newtoniana. As experiências e observaçóns posteriores continuaram a dar razón a Einstein e non a Newton. Poderíamos sem dúvida, alegar que o caso da teoría de Newton e de muitas outras boas teorías científicas, que na altura em que foram propostas tiveram mais ou menos êxito, mas a longo prazo se verificou serem falsas, som lamentábeis, porêm, non vale a pena estar sempre a referi-las e, em princípio, poderá conceber-se unha teoría que, polo menos para um certo âmbito da realidade, sexa definitivamente confirmada e, portanto, simplesmente verdadeira. Foi isto que muitos cientistas pensarom (e ainda pensam): independentemente do que tenha acontecido no passado, um dia encontraremos a teoría definitiva sobre o universo (ou, polo menos, sobre unha parte dele). Todavia, é neste ponto que entra em acçón o poderoso argumento lóxico-formal de Popper: é por razóns lóxicas estrictas que unha teoría científica, por plausíbel que pareça e por bem corroborada que estexa por muitas observaçóns e experiências particulares, nunca poderá conter em sí mesma a garantia da sua veracidade, e estará sempre sob a ameaça de ser refutada. O argumento que Popper utiliza para xustificar a sua tese é unha regra da lóxica: o chamado “modus tollens”, unha peça-chave da metodoloxía popperiana.

C. ULISES MOULINES