
Há um libro segredo do que muitos falan, e poucos conhecem os seus encantos. Estou-me referindo ao “Ciprianilho”, ou sexa o Grande libro de San Cipriano ou Os Tesouros do Feiticeiro. A sua orixe, o mesmo que o nome ou vida do autor, perderam-se na noite bretemosa dos tempos. Sábe-se que xá existia a finais do século XVII, ou inícios do XVIII, e que fora muito perseguido pola Inquisiçón. Como passou com muitos outros libros désta temática. Non todas as ediçóns som iguais, varíam unhas das outras, tanto no conteúdo como na disposiçón e ordenamento das mesmas. O caso mais chamativo, resulta, que em muitos deles, non figura a lista dos tesouros que esconderom os mouros na Galiza. Nada sabemos sobre o seu autor, nem a data da sua vida, nem o lugar onde viveu. O certo é, que tal como chegou até nós, non é obra de um só autor, senón de muitos que ó longo dos séculos, forom incrementando capítulos da sua própria colheita. Mas há algo que cumpre dizer, xá que nos estamos referindo ao “Condado de Salvaterra”, e é que, tanto a lista dos tesouros, como na história de Víctor Siderol (que figura nalgunhas ediçóns ó começo), os topónimos que mais abundam som do sul da província de Pontevedra e sobre tudo, da bisbarra do Condado. Sería daqui o autor? O que non há dúvida, é que conhecia muito bem estas terras, pois pára-se a nomear lugares pequenos de pouca povoaçón, por exemplo: quando Siderol lhe pergunta ao demo polos tesouros, que há ocultos na Galiza, responde-lhe várias vezes; “se alá acaso chegares com vida, pergunta nos lugares que che vou nomear: Rubiós, Outerelo, Taboexa, Lañas, Infesta, Fillaboa, Guillade, Sobroso, Puxeiros, Budiño, Aranza, Guinza, Caritel, Mondin, Fraguedo, Celeiros, Fozara, Borben, Mondariz…” Para dar-lhe maior autenticidade, no capítulo dedicado aos tesouros galegos, enceita-se afirmando que é um resume de um pergaminho encontrado no castelo de D. Gutierre de Altamira (no actual concelho de Brión, non lonxe de Santiago de Compostela), o ano de 1065. O autor do libro afirma que o copiou na Biblioteca Académica Peninsular Catalani, e que estava na estânte nº 76 A. Vindo despois a seguinte aclaraçón: “Todos os tesouros e encantamentos do antigo Reino da Galiza, achan-se ocultados polos mouros e romanos em esconderixos baixo terra…” Suponho que, haberá algúns que se rirán do conteúdo do “Ciprianilho”, mas o que sí cadra non sabem, é que non muito lonxe de Pontareas, houbo quem guiândo-se por el se dedicou a remover terra e mais terra, e que também se tem desfeito algunha torre e fachada de igrexa. Ainda a começos deste século, baixo o pretexto de que alí había algo, um grande tesouro. Como é normal, o amigo leitor quererá conhecer os lugares, onde se afirma que existem grandes tesouros agachados polos romanos, ou mouros fai centos de anos. O de acreditar se isto é certo ou non depende da pessoa, o que sí lhes pido, é que non faga como aquel Xán de Deza, do qual fala Curros Enríquez, que se arruinou para mercar o libro em Castela e passar meia vida à procura de encontrar tesouros. Estes som, pois, algúns dos lugares onde se afirma há cousas de valor: Portela (actualmente Vilasobroso), Lougares, Mondariz, Prado, Sobroso, Confurco (lugar de Xinzo), Corzáns, Uma, Pías, Celeiros, Guillade, Gargamala, Cumiar, Fozara, Guláns, Lira, Canedo, Moreira… Ainda que aquí nos limitemos a dar somênte o topónimo das localidades, no “Ciprianillo” detálha-se onde se atopa o tesouro, o seu conteúdo e valor e, nalgúns casos inclúso a sua procedência: “Em Uma, onde se cruzan os dous caminhos principais de carro, está a quatro homes de profundidade, o tesouro da Rainha mulher de Bampo II”. Rematamos, com versos de Curros Enríquez, que é o melhor que se pode dizer ou falar deste libro máxico, perseguído e cobiçado durante centos de anos por muitos sonhadores:
.
Entre as follas revesgadas
dese libro danse señas
de tesouros
e riquezas enterradas
pé dos ríos e das brañas
polos mouros.
.
Probe Xán, qué desengaño!
Cántas terras rexistrache
cos teus ollos,
rexistráchelas en vano:
o tesouro que atopache
foi de piollos!
.
CLÓDIO GONZÁLEZ PÉREZ (Publicado em A Peneira – Ano I 1984)