
O propriamente linguístico da língua é de carácter sincrónico. O “sincrónico”, isto é, o simultâneo no tempo, opôn-se ao “diacrónico”, o sucessivo no tempo. Os signos som arbitrários, e o único que conta, linguisticamente falando, é o feixe de oposiçóns em que cada signo coexiste com os demais. Em cada caso, o corte “sincrónico” é o mais relevante de um ponto de vista linguístico, tal como acontece no xadrez, em que é sempre inteiramente indiferente o processo polo qual se chegou ao estado actual do xogo, de maneira que “quem seguíu a partida non tem vantaxem sobre o curioso que vem ver o estado do xogo no momento crítico: para descreber essa posiçón é completamente inútil recordar o que acabou de acontecer dez segundos antes.” Todas estas consideraçóns tornavam factível a tentativa de construir um “modelo” que funcionasse como um sistema em que os elementos se definissem inteiramente entre si, um modelo que, portanto, deberia ser capaz de nos informar sobre o que, no caso de modificar um elemento, debería ocorrer com todos os restantes. Seria absurdo pretender que dessa forma teríamos dito tudo o que há para dizer sobre os fenómenos linguísticos; mas, sem dúvida, teríamos isolado “algo” da língua, precisamente aquilo que poderíamos considerar, de futuro, a sua “estructura”. Ora, para além da linguaxem, será impossíbel encontrar algum outro fenómeno “social” susceptíbel do mesmo tratamento? Mas a pergunta também podería ser: para além da língua, non haverá, no âmbito dos fenómenos sociais, muitas outras cousas que sexam ou funcionem como unha linguaxem? Non encontraremos um fenómeno parecido onde quer que se possa falar em xeral de comunicaçón? Lévi-Strauss conseguiu aplicar esta perspectiva estructuralista, com bastante êxito, ao estudo das relaçóns de parentesco. Ensaiou-o também no estudo da mitoloxía e das costûmes, e mostrou que todo o universo da cultura se erguía sobre determinaçóns estructurais que poderiam perfeitamente ser inconscientes, do mesmo modo que as regras gramaticais operam sem que o falante tenha de pensar nelas nem sequer conhecê-las. Em todo o caso, o estructuralismo transformou-se nunha corrente que entrou em conflícto frontal com as filosofias da história e com as filosofias humanistas, e unha delas, talvez a mais importânte nesse momento, era, precisamente, o marxismo.
CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA