Arquivos diarios: 29/04/2021

ROUSSEAU (A METAFÍSICA DA MÚSICA)

Bom leitor de Rousseau, para Arthur Schopenhauer a música era a linguaxem universal da vontade, isto é, do que há do outro lado do véu de Maya, porque para ela “só existem as paixóns, os movimentos da vontade e, tal como Deus, só vê os coraçóns”, como escrebe no capítulo designado “Metafísica da Música” de O Mundo como Vontade e Representaçón. Rousseau também discernía unha ligaçón directa entre a música e as emoçóns e, inclusive, transportaba essa relaçón para as línguas, o que o fará tomar partido pola música coral italiana em detrimento da francesa, ao entender que o italiano é unha linguaxem mais apta para comunicar as paixóns e o seu carácter melódico precisa de menos artifícios harmónicos. Embora non pareça, esta opinión tomaba partido de forma simbólica polo povo e contra o absoluctismo monárquico. Segundo Monique e Bernard Cottret, no seu magnífico “Jean-Jacques Rousseau no seu Tempo”, a música seria por acréscimo “o laboratório secreto dos pensamentos de Jean-Jacques, onde experimentava e elaboraba as suas intuiçóns”. A melodia era para ele sobretudo unha qualidade da linguaxem. As suas frases proporcionam a ilustraçón mais perfeita de um sentido musical, por estar a sua escrita mais atenta à melodia do que à harmonia concertante, implicando um desafio para os seus traductores para qualquer língua. Esse é um dos elementos que conferem à sua escrita unha extraordinária força retórica que enfeitiça irremediabelmente os leitores. Kant, por exemplo, anotou mentalmente que debía reler Rousseau unha e outra vez, até non se sentir perturbado pola eloquência e poder examiná-lo acima de tudo com a razón. É isto que nos leva a citá-lo literalmente com frequência, para non desvirtuar o seu pensamento ao despoxá-lo de unha componente tán essêncial como é o peculiar e melódico estilo literário com que no-lo transmite.

ROBERTO R. ARAMAYO

CANET E OS REIS DO MAMBO

Manolo Trigueros era o xefe de compras e encargado do comedor do Hotel San Carlos, durante a temporada de vrán. No inverno vivía dos aforros acumulados e de trabalhos de “extra” em filmes nos quais também participabam Luci, a sua mulher, e Neska, a sua cadela. Neska era unha cadela super-intelixente, domesticada polo próprio Manolo. E, me atrevería a afirmar que igual de bonita, polo menos, que Luci. Eu quería-as às duas sem distinçón. E as duas queríam-me a mim, ainda que Luci evitaba as efusóns de afecto, pois Manolo, quando se passaba de copas, colhía uns ciúmes universais e furiosos. Neska era menos prudente, mas isso a Manolo non lhe importaba. Acredito que os golpes no quadrilátero das doze cordas, o tinham deixado ao meu amigo um pouco “lé-lé”, circunstância somente apreçábel quando bebia em excésso. Os turistas tinham-lhe um respeito imponente e o dono do Hotel unha confiânça cega; pesse às bebedeiras. E, tendo em conta que, às vezes se embebedabam xuntos, muito mais. Eu, Sebastián Villegas Zapata, ademais de respeito, tinha-lhe cariño. E gratitude. Da mán, pois, de Manolo Trigueros cheguei a Canet e pronto comecei a sentirme o rei do mambo; ganhaba bom dinheiro sem necessidade de ir para a Alemanha. Em Canet, em cousas da fornicaçón e dos ganhos, o mais palêrma fazía relóxios de madeira. Por primeira vez durante muitos séculos, num lugar do mundo, tinha-se abolido a divisón do trabalho que, como se sabe, foi a fonte de muitíssimos males. Em Canet, um “albañil” fazía de “camarero” e um “camarero” de intérprete, e unha criáda oficiába de relaçóns públicas nos ratos libres. Ó princípio só había um home que “chapurreaba” o alemán, um que deixou o seu emprego no banco e fixo-se “guía turístico diplomado”, tal como rezaba nas suas tarxetas: “Quim Cuixart, guía turístico e intérprete diplomado”. Isso deu-lhe muito poder nunha sociedade endogámica até entón e surpreendida de golpe polos câmbios morais e económicos. Era um poder indiscutíbel, que se manifestaba em várias direcçóns, converxentes todas num mesmo ponto: “a ganância”. Durante um tempo tudo passou por Quim Cuixart e pelo seu alemán macarrónico. A sua sabeduria descansaba na ignorância dos demais; o alemán, naqueles anos, era unha palanca idiomática que podía mover o mundo. A Quim Cuixart acudía todo aquel que quería organizar féstas e excursóns e adquirir informaçón sobre onde beber melhor e mais barato. Também se encargaba das “capeas”, sucésso imprescindíbel dentro das programaçóns turísticas; como non sabia nada de “toros”, tivo que recorrer a mím, que, por entón, e ignoro por quê razóns, xá tinha fama de experto. A minha azacaneada existência tinha-me permitido admirar em Puerto de Santa María a Rafael Ortega, o melhor toureiro da segunda metade do século, a Joaquín Bernardo nas Arenas de Barcelona, a Antoñete e a António Bienvenida em Las Ventas, e a Ordóñez non recordo onde. Barcelona tinha nos anos cinquenta e sessenta duas prazas de touros e, taurinamente, vivía da resaca chamaquista; Chamaco era um “novillero” tremendista que passou por alí como um tornado. Os domingos levávamos aos turístas à corrida, e algúns saíam vomitando e outros queríam escreber-se nunha escola de “togegos”. Cuixart, tomou boa nota, de tudo isto e combertíu as “capeas” em clásses prácticas, o qual lhe permitíu subir os preços. O professor era eu, e quem se quedaba com quase todos os marcos era él; Mas, isso non toca agora, e xá o contarei um pouco mais adiante, no capítulo de capeas e sangrías.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO