ARISTÓTELES (CORPUS ARISTOTELICUM)

De acordo com o que nos diz Dióxenes Laércio em Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, Aristóteles escrebeu quatrocentas e quarenta e cinco mil duzentas e setenta linhas, distribuídas por inúmeros tratados. No entanto, o que nos chegou é apenas unha escassa quinta parte dessa colossal obra. Entre os fragmentos que se conservaram, incluem-se amostras de quase todos os seus textos. Apesar de que actualmente também se costûma classificar por etapas cronolóxicas, para mostrar a evoluçón do seu pensamento defendida por alguns especialistas dos séculos XIX e XX, a classificaçón mais habitual divide as suas obras de acordo com os seus destinatários, o que determinava tanto o estilo como os temas. De acordo com essa classificaçón, os escritos dividem-se em dous grandes blocos: Os esotéricos ou pedagóxicos eram dirixidos aos “iniciados”, isto é, aos alunos. Eram, na sua maioria, notas de aulas e apontamentos que Aristóteles utilizaba para as suas liçóns e que foi revendo e completando com o tempo. Tratabam em profundidade os temas mais complexos e de maior interesse para quem se consagraba ao estudo, como a física, a metafísica, a lóxica, as ciências, bem como a ética ou a política, com unha abordaxem muito rigorosa. Eram libros de texto, escritos polo próprio mestre. A imensa maioria das obras que se conserva de Aristóteles é deste tipo. Os exotéricos, também chamados populares, eram, por outro lado, textos destinados à divulgaçón. O seu público-alvo, cidadáns com um certo interesse polo conhecimento, mas sem a formaçón avançada em filosofia que possuía o grupo selecto de discípulos, era muito mais vasto do que o dos textos destinados às liçóns no Liceu. Por essa razón, a linguaxem era muito mais acessíbel e os temas tinham um interesse mais xeral, como a retórica, a arte ou alguns elementos de política. Das obras “para o grande público” só se conservam alguns títulos, fragmentos e referências de outros autores que permitiram reconstruir, até certo ponto, algunhas delas. Esta classificaçón em escritos “esotéricos” e “exotéricos” debe-se ao peripatético Andronico de Rodes, que, no século I a. C., compilou e catalogou o que até esse momento era apenas unha colecçón de escritos (em rolos de papiro) sem ordem concreta algunha, para realizar o que se considera ser a primeira ediçón crítica das obras de Aristóteles. A classificaçón por matérias, a ordem dessa classificaçón e o título de muitas das obras, como a Metafísica (polo facto de aparecer “além (depois) da física”) propostos por Andronico mantiverom-se practicamente intactos até aos nossos dias. É o que se conhece como o “Corpus Aristotelicum”.

P. RUIZ TRUJILLO

Deixar un comentario