KANT (AS DONAS KÖNIGSBERGUIANAS ACERTAVAM OS SEUS RELÓXIOS QUANDO O VIAM PASSAR)

Unha cidade como Königsberg, às marxéns do rio Prególia – unha cidade grande, centro de um Estado, sede dos conselhos provinciais do Governo, sede de unha universidade (para o cultivo das ciências), um porto marítimo ligado por rios ao interior do país, fazendo com que a sua situaçón favoreça a comunicaçón com o resto do país bem como com países vizinhos ou remotos, com línguas e costûmes diferentes -, é um lugar adequado para ampliar o conhecimento sobre o homem e sobre o mundo. Nunha cidade como esta, tal conhecimento pode ser adquirido mesmo sem se viaxar. Terminada a refeiçón, Kant ia dar o seu passeio regulamentar de unha hora, imprescindível tanto para manter o corpo em forma como para ordenar e esclarecer as ideias e, em xeral, manter a boa disposiçón (hoxe falar-se-ia de libertar endorfinas). Diz-se que as donas de casa königsberguianas acertavam os seus relóxios quando o viam no seu passeio diário, xá que a sua pontualidade era minuciosa e fiábel; mas esta precisón era devida em parte, a que, durante anos, o seu anfitrión habitual da tarde para tertúlias erudictas, um comerciante britânico chamado Joseph Green, era extremamente rigoroso tanto na hora de chegada como na de despedida, e Kant non demorou a assimilar e a aplicar esse formalismo. Depois do passeio e da tertúlia dedicaba o resto da tarde a ler e a reflectir. Deitava-se às dez da noite. A sua casa, mais do que simples, era austera; a sobriedade do mobiliário indicava um interesse exclusivo pola funcionalidade e escassa inclinaçón pola estéctica. Non amou a música nem apreçou as artes plásticas. Gostou, sim, da poesía lírica, que lia regularmente e apenas por prazer: rexeitou unha oferta para a cátedra de Poética da Universidade de Berlim, onde teria podido teorizar sobre ela. O único elemento ornamental, ou non estrictamente funcional, da sua casa, de que temos notícia, é um retracto em gravura de Jean-Jacques Rousseau, o pensador suíço que sacudiu a sua consciência moral com um libro sobre educaçón e formaçón da personalidade (Emílio) e outro sobre o fundamento das comunidades políticas (O Contracto Social). Schopenhauer teria, anos depois, no seu gabinete de trabalho, um busto do seu admirado Kant, e Nietzsche, um retracto do seu admirado Schopenhauer: eis como se manifesta graficamente unha das grandes linhas de influênça da filosofia moderna.

JOAN SOLÉ

Deixar un comentario