Arquivos diarios: 19/02/2021

HABERMAS (A ESFERA PÚBLICA)

Idealmente, a esfera pública constitui-se como um reino de liberdade. Sob esse foco, tudo se manifesta como é, tudo se torna vissíbel, nada é secreto. As luzes da razón iluminam o palco. O bem comum, a cousa pública, o obxecto de debate, é acessíbel a todos, ao conxunto da cidadania. O público, rexido pola transparência e pola prestaçón de contas, opón-se ao privado e ao particular. A esfera pública burguesa pode ser captada primordialmente como a esfera em que as pessoas privadas, particulares, se reúnem na qualidade de público que practica o xulgamento crítico para tractar dos assuntos comuns, fazendo uso da liberdade de opinión e da razón pública nos salóns ou noutros recintos dedicados ao encontro e debate. A argumentaçón através de sucessivas controvérsias, alimentadas por argumentaçóns cada vez mais rigorosas, irá cimentando unha opinión pública qualificada e decantando, também, determinados consensos políticos. O modelo de esfera pública burguesa contrapón-se ao conceito de “publicidade representativa”, que no texto designa os que representam unha autoridade – os monarcas, os nobres, o papa, o clero – valendo-se da teatralidade e da pompa ritual como formas de visibilidade perante um público que non delibera, antes assiste à representaçón, digamo-lo coloquialmente, de um modo “embasbacado”. Embora Habermas non o explicite, é inevitábel recordar os discursos de Hitler, ou de outros “Führers”, acolhidos com fanatismo polos seus seguidores. No Velho Rexime, o público compunha-se de súbditos de indivíduos tutelados polo rei ou pola Igrexa. Non tinham a opçón de lexislarem para si mesmos, isto é, non tinham deixado para trás a culpábel menoridade, denunciada por Immanuel Kant para assumirem a emancipaçón que esixe a cidadania e a democracia. Pensar por si mesmo e deixar para trás toda a tutela ou, por outras palabras, possuir unha autonomia pessoal, é um requisito fundamental para entrar na esfera pública discursiva. A publicidade representativa corresponde, pois, ao Velho Rexime. Mas este mesmo conceito pré-moderno irá ser recuperado por Habermas para se referir à perda da crítica severa e deliberativa no actual sistema político, em que a propaganda eleitoral, o cesarísmo dos líderes e as políticas de imaxem dos partidos optam polos métodos de “marketing”. Estes métodos, que actualmente denominaríamos populistas, xuntamente com os efeitos anestésicos e limitadores da demagoxia, anulam as possibilidades do debate público participativo, isto é, de unha autêntica deliberaçón política da cidadania. O importante aqui é que Habermas reaxe contra a ciência política empírica, elaborada sobre tudo nos Estados Unidos nos anos 50, em que a política começa a ser tratada como um mero mercado eleitoral. Em 1960, 88,8 por cento dos norte-americanos xá tinha televisor. O primeiro debate presidencial transmitido pola televisón realizou-se entre Nixon e Kennedy em Chicago, no ano 1960, e tivo um grande impacto. Um dacto curioso: os que virom o debate por televisón considerarom que Kennedy tinha vencido, enquanto os que ouvirom o debate pola rádio, acharom que o vencedor fora Nixon. A imaxem vencia o argumento. Os inquéritos eleitorais, a que agora estamos tán habituados, eram o producto-estrela desta tendência a que agora chamamos sondaxens. A preferência dos votantes era tratada como se fosse um qualquer producto ou mercadoria.

MARÍA JOSÉ GUERRA PALMERO