WITTGENSTEIN (LIBRE DA BURGUESIA ACADÉMICA)

De entre os pacientes interlocutores que Wittgenstein encontrou em Cambridge, há que destacar o filósofo George Edward Moore. Tal como Russel, apesar do obstinado carácter de Wittgenstein, Moore em breve reconheceu nele um xénio. Mas este professor também foi albo de dura crítica por parte de tán surpreendente alumno. Em certa ocasión, recriminou-o por centrar as aulas em ideias alheias e non desenvolver o seu próprio pensamento. Mais fundamental foi a sua relaçón com David Pinsent, um alumno de matemática com quem Wittgenstein viveu unha amizade com unha dimensón sentimental que afectou a âmbos. Além de poder discutir com ele o seu trabalho de lóxica, Wittgenstein encontrou em Pinsent alguém com quem partilhar a sua paixón pola música. Assistiram a numerosos concertos e até fizeram música xuntos (aparentemente, Wittgenstein assobiava cançóns de Schubert enquanto Pinsent o acompanhava ao piano). Pinsent acompanhá-lo-ia na sua primeira viáxe à Noruega em Septembro de 1913, onde Wittgenstein se dedicou a trabalhar no que mais tarde se transformaria no “Tractatus”. Decorrido o mês que ali passarom xuntos, Wittgenstein decidiu recluir-se durante dous anos algures na Noruega profunda, afastado de Cambridge (e de Pinsent, que non tornaria a ver), para poder desenvolver as suas investigaçóns lóxicas até às últimas consequências. Assim o fez, embora por menos tempo, dado que a Grande Guerra rebentou, surpreendendo-o enquanto visitaba a família durante o verán. Toda a vida estivo a ir e a vir de Cambridge. É óbvio que necessitaba do ar que lá se respiraba para dar os passos fundamentais no seu trabalho, quer fosse a discutir com professores e colegas, ou mais tarde, quando ele mesmo começou a dar aulas, a pensar em voz alta á frente dos seus alumnos. Mas logo sentía a necessidade de fuxir de lá para respirar mais profundamente um ar mais limpo, libre da burguesia académica, dos seus hábitos sociais e dos seus convencionalismos.

CARLA CARMONA

Deixar un comentario