Arquivos diarios: 05/02/2021

POPPER (RACIONALISMO CRÍTICO A IDEIA DE FALSIFICABILIDADE)

A ideia de falsificabilidade (ou falsificaçón) das hipóteses científicas, e concomitantemente da falsificabilidade como metodoloxia universal da verdadeira ciência, representa a contribuiçón mais orixinal e influente de Popper para a filosofia da ciência. Ninguém antes de Popper, nem os filósofos nem sequer os próprios cientistas, defendera que o obxectivo do conhecimento xenuíno é, non tanto saber o que é, como averiguar o que non é. Foi esta a ideia que o tornou famoso, tanto entre os seus contemporâneos como posteriormente. À primeira vista, a falsificabilidade parece totalmente contraintuitiva, ou, pior ainda, unha piada de mau gosto. Dir-se-ia que todos deviam concordar que a meta do esforço cognoscitivo humano, e em especial da ciência, é adquirir conhecimentos definitivamente sólidos sobre a natureza. Assim, em qualquer xornal diário ou revista para o grande público costumamos ler frases como: “Os cientistas demonstrarom de vez o que é o fenómeno tal.” Segundo Popper, polo contrário, esperar tais demonstraçóns definitivas da parte dos cientistas é um erro metodolóxico fundamental e, além disso, unha pura ilusón. Non há, non pode haber, demonstraçóns ou constataçóns definitivas na ciência, polo menos nas ciências empíricas (a matemática pura é um assunto diferente, mas xá advertimos que Popper non tem grande cousa a dizer sobre a disciplina). Nunca poderemos saber se aquilo que “xulgamos” saber é um conhecimento xenuíno, polo menos num sentido positivo, e polo menos no âmbito das ciências. Precisemos um pouco mais a ideia da “falsificabilidade”. Ela non se refere a conhecimentos particulares que podemos adquirir na nossa vida quotidiana, nem sequer a constataçóns pontuais que um cientista possa fazer no seu laboratório. Assim, por exemplo, posso verificar positiva e definitivamente que neste momento o Xoán está em casa, bastando tocar à campainha e vendo que é o próprio Xoán que me abre a porta. Ou um cientista no seu laboratório pode, num determinado momento e num determinado lugar, aquecer um arame e com isso verificar definitiva e positivamente que, nesse momento e nesse lugar, o arame aumenta de comprimento. As proposiçóns “O Xoán está agora em casa” ou “Este arame aquecido neste momento aumentou de comprimento” expressam constataçóns positivas e definitivas. O problema assenta em que proposiçóns como as exemplificadas acerca do Xoán ou do arame aquecido por si só ainda non constituem nenhum conhecimento xenuinamente científico. Assim, para Popper, tal como para Aristóteles mais de 2000 anos antes ( e para a grande maioria dos filósofos e cientistas), a ciência, a verdadeira ciência, é o “conhecimento do universal”. Dados como o Xoán estar agora em casa, o arame que aqueci aqui e agora ter esticado, neste momento estar a chover, Roma ser a capital de Itália e tantos outros factos singulares podem ser mais ou menos importantes para a nossa vida quotidiana, mas non constituem ciência. A ciência xenuína non é um mero arquivo de dados. O verdadeiro conhecimento científico consiste no que as hipóteses xerais e as teorias científicas nos proporcionam, e estas non se esgotam nunha série de proposiçóns particulares. Xá na Antiguidade clássica, mas sobre tudo com a chegada da ciência moderna, no século XVII, se deu por adquirido que o obxecto da verdadeira ciência é proporcionar um conhecimento universal da natureza, incluindo cousas ou acontecimentos que non som acessíveis aqui e agora. O problema, segundo Popper, e contrariamente a toda a tradiçón científica e filosófica anterior, é que este obxectivo (este sonho, poderíamos dizer) é inalcançável. O cientista e o filósofo debem aceitar humilde e resignadamente que isto é assim, apesar de, avisa Popper, non deverem, por isso, limitar-se a compilar datos particulares, mas sim continuar a esforçar-se por formular hipóteses e teorias xerais, apesar de saberem que provavelmente acabaram por se revelar falsas.

C. ULISES MOULINES