Arquivos diarios: 20/09/2020

RORTY (A SOCIEDADE DO CONTROLO)

Em 1912, Russell voltava à carga com um ataque semelhante nunha passaxem de “O valor da Filosofia”, o capítulo final de “Os Problemas da Filosofia” (que, em 2004, o próprio Rorty citará em “Grandiosidade, profundidade e finitude”), onde afirmava, novamente, que ao tornar o homem na medida de todas as cousas, o pragmatismo non só defendia algo falso como despoxaba “a contemplaçón filosófica de tudo aquilo que lhe confere verdadeiro valor (…). Um intelecto libre seria capaz de ver com “olhos” de Deus, à marxem do aqui e agora, imune às esperanças e aos medos (…), sossegada, desapaixonadamente, com o único e exclusivo desexo do conhecimento, isto é, de um conhecimento tán impessoal, tán puramente contemplativo, como ao homem lhe é dado alcançar”. O que chama a atençón é que em 1951, quarenta anos depois, precisamente quando Rorty começava a ler os pragmáticos, Russell continuava a afirmar o mesmo, só que entón o foco principal das suas críticas era Dewey, com quem tinha mantido unha discussón mais técnica em 1941 sobre o conceito de verdade como a aceitabilidade xustificada. No capítulo “Ciência e valores” de “O Impacto da Ciência sobre a Sociedade” (The Impact of Science on Society, 1951), Russell reciclou os seus argumentos de 1907 e proclamou sem rodeios que Dewey era um filósofo da sociedade do controlo. Dado que a utilidade prima sobre a verdade – afirmou sem mais – um pragmatista estaria de acordo em apoiar unha sociedade que retocasse os factos do passado segundo a sua própria conveniência, como em 1984 de Orwell. A provocaçón de Russell é um excelente exemplo de algo que obcecou Rorty com o passar dos anos: como é possíbel manter longos debates apoiados em premissas que xá se possuíam. Dewey e Russell non eram inimigos no campo político, embora non enfatizassem o mesmo. Dewey era socialista e Russell liberal. Dewey afirmaba mais os valores comunitários, e Russell, os individualistas. Também non tinham a mesma concepçón do Estado. Mas essas diferenças poderiam explicar a enorme distância entre um e outro no momento de discutir temas perenes da filosofia? Porque é que Russell o caricaturaba com raiva em vez de explicar as diferenças entre o hegelianismo de Dewey e o marxismo que o próprio Dewey criticaba abertamente? Porque é que non recordou que foi Dewey quem denunciou em 1939 o hábito norte-americano de atribuir a outras sociedades males que ela também promovia no seu próprio seio, como o autoritarismo, a disciplina, a uniformidade e a submissón aos líderes? Porque é que Russell pintaba Dewey como parte dos males da sociedade norte-americana e non como alguém que lutou para os evitar? E xá que estamos a discutir, porque pensaba Russel que a sua própria ideia de que o conhecimento é poder, mas poder neutral, é unha teoria sem consequências perigosas? Porquê dizer que o facto de a razón non nos poder explicar porque preferimos o bem ao mal é unha doutrina melhor do que a doutrina de que podemos xustificar as nossas preferências morais?

RAMÓN DEL CASTILLO