
Luís XIV, o Rei Sol, morre em 1715, despois de reinar durante setenta e dous anos. Pouco tempo antes, tinham morrido, num curto período, o filho, o neto e o bisneto mais velho; por isso, quem herda o trono é o segundo bisneto. Como este tem apenas cinco anos, é Filipe de Orleáns, um sobrinho do monarca falecido, que assume a rexência, recebendo unhas finanças catastróficas e um povo depauperado polos impostos, um déficit abismal e com o orçamento dos próximos dous anos xá gasto. O economista escoçês John Law, inventor do papel-moeda na Europa, impóm o seu sistema para poupar milhóns na dívida ao Estado. Trata-se de substituir a moeda em dinheiro vivo por papel-moeda garantido polos bens imóveis e lucros de algunha empressa comercial. A banca xeral acabará por ser a da Companhia das Índias. Mas a febre especulativa espalha-se por todo o lado, quando meia naçón encontra a pedra filosofal naquelas montanhas de papel. Voltaire difundirá um poema a insinuar as relaçóns incestuosas do Rexente com a filha, valendo-lhe um novo desterro em Sully-sur-Loire, onde inicia unha aventura amorosa com unha xovem actriz chamada Suzanne de Livry. Dous novos poemas a difamar o governo, dos quais um nem era seu, atiram-no de novo para a Bastilha em 1717, onde permanece quase um ano. É aí que cria o seu poema épico, Henríada, sobre a subida ao trono de Henrique IV, rei de Navarra e primeiro Bourbon de França, que reinou entre 1589 e 1610, depois de se converter do protestantismo ao catolicismo. A personaxem serve-lhe para relatar a factídica noite de Sán Bartolomeu e as guerras de relixión. Diderot disse que a Henríada bem se podia comparar com a Ilíada, a Odisseia ou a Eneida, destacando que é o mais filosófico de todos os poemas épicos no seu conxunto. Hoxe, este libro é practicamente ilexível para um leitor moderno, que non sabe transitar por unha labiríntica rectórica nem está familiarizado com os subentendidos da epopeia culta. Está por descobrir o vehículo mais conveniente às suas alegaçóns relixioso-políticas: unha prosa simples e funcional, extremamente irónica. A Henríada foi mandada imprimir polo rei, para a educaçón do Delfim, exactamente em 1790, e em 1818 foi depositado um exemplar no interior do cavalo da estátua equêstre de Henrique IV, na Pont Neuf de París.
ROBERTO R. ARAMAYO