
Embora hoxe tendamos a expor a passaxem da Idade Média para a Idade Moderna como o resultado do confronto da “ciência contra a relixión”, a situaçón non era, nem de perto nem de lonxe, assim tán simples. A Europa vivia imersa em conflictos relixiosos que, nos seus territórios, eram desencadeados por católicos contra protestantes, quase como unha plectora de guerras civis. Desde Lutero e da sua Reforma do início do século XVI (com Calvino seguindo os seus passos rapidamente em França), os protestantes tinham-se rebelado contra a autoridade eclesiástica e proclamado que a única fonte de verdade eram as Escrituras, e non as Escrituras e a Igrexa. Nesse contexto, os xesuítas viam-se a si próprios como a vanguarda da Contrarreforma: um exército de erudictos que tinham o deber de mostrar as virtudes “pedagóxicas” e tutelares da Igrexa de Roma face à “barbárie” separatista. As suas técnicas educativas eram assombrosamente modernas, muito diferentes dos métodos disciplinares de outras ordens. A tutela era personalizada, motivando os alunos com frequentes prémios e actividades participativas, e fomentando-lhes a autonomia. Fundada em 1604, a escola de La Flèche teve a sua orixem num xesto de magnanimidade do rei Henrique IV (nascido protestante) para com os católicos, depois de um dos muitos choques entre estes e os huguenotes. Por volta de 1600, o ódio relixioso em França tinha escalado até ao ponto de o rei ter de cercar París e aceitar converter-se ao catolicismo (“París bem vale unha missa”, conta a lenda que terá proferido diplomaticamente) para pôr fim às contínuas matanças. Com a finalidade de garantir a ansiada paz, o Édito de Nantes proclamou entón a liberdade relixiosa e convidou os recém-expulsos xesuítas a regressar a França, confiando-lhes unha instituiçón de elite onde podiam desenvolver a seu bel-prazer a ideia de unha “educaçón integral”. Ironicamente, isso non foi suficiente para evitar que o próprio Henrique fosse assassinado por um xesuíta pouco tempo depois. Nunha cerimónia um tanto sórdida, o seu corazón foi depositado em La Flèche em 1610, quando Descartes ainda era estudante. O futuro filósofo permaneceu na escola até aos dezasseis anos, mais três do que era habitual, debido a ter feito parte do primeiro grupo de alunos que recebeu unha formaçón sólida em matemática (na qual se destacou muito rapidamente), física e metafísica, que assim se acrescentavam às regulamentares línguas clássicas, literatura, gramática e rectórica.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO












