
Amoral ou inmoral? Eis a questón que divide os comentadores de Machiavelli. A diferença non é banal. Amoral é aquele que está desprovisto de sentido moral, sem princípios, nem limites nem consciência. Em contrapartida, só se pode ser inmoral – e, portanto, opor-se ao bem e às boas costûmes – se se tiver esse sentido, mesmo que sexa apenas para o retorcer. O inmoral pode ser um moralista, os seus critérios éticos som simplesmente heterodoxos. Face a este último indivíduo cabe um xuízo de valor: acusá-lo de ser mau ou de ter unha ética completamente equivocada. Face ao amoral, qualquer tentativa de o classificar é irrelevante. E, apesar de non ter faltado quem rotulásse o pensamento de Machiavelli de amoral, nas conclusóns demonstraremos que isso non fái sentido. A tese mais importante da teoría machiavelliana do poder, como quisemos aqui avançar, é que a política está desvinculada da ética, tal como a entendemos. De facto, Machiavelli mostra-nos claramente a ruptura que existe entre unha moral cristán, xeralmente aceite, e outro critério muito mais pragmático para medir as decisóns políticas: o sucesso ao atinxir unha meta. A este respeito, Isaiah Berlin xá nos advertia de que nem sempre é possíbel criar um grande Estado e, ao mesmo tempo, salvar-se dos infernos. Lá que esta é unha ideia terríbel é, mas nem por isso menos certa em muitos casos, tremendamente reais. E porque começámos por dizer que Machiavelli foi demonizado? Em grande medida, porque a concepçón machiavelliana da relixión também foi revolucionária no seu tempo. Adiantando-se a Durkheim, o secretário maldito percebeu que a relixión e a Igrexa têm unha funçón vital para o Estado. Som úteis para o governante que sabe aproveitar-se do poder destas instituiçóns para controlar os seus súbditos. Mas a doutrina, o pecado e a culpa do cristiamismo – conceitos sobre os quais Machiavelli manteve um eloquente silêncio – fazem parte desses mesmos escrúpulos morais que o príncipe debe ignorar quando a situaçón assim o requer. Non foi por acaso que os seus libros foram prohibidos por ideias como estas, tanto pola Igrexa católica, como polo nascente protestantismo. Os xesuítas consideraram-no “um cúmplice do demónio”. E na Inglaterra isabelina foi organizada tal campanha de desprestíxio relativamente ao florentino, que ainda hoxe o próprio diabo é conhecido polo “Old Nick” (o velho Nick), unha alcunha que fái referência, nada mais nada menos, que a Nicolaus Machiavelli.
IGNACIO ITURRALDE BLANCO