PLOTINO (A IMINÊNCIA DO FIM DO MUNDO)

Neste contexto, e para entender até que ponto o ascetismo plotiniano non é simplesmente unha mania, mas um sintoma do seu tempo, pode ser muito útil completar o quadro da sua personalidade e quam significativa é a sua orixem com os avatares históricos que o rodearam. A Plotino calhou-lhe viver unha época que quase poderíamos qualificar de apocalíptica. Se algunha vez existiu a consciência de que o fim do mundo desabava sobre unha grande civilizaçón, foi provavelmente o século III da nossa era aos olhos de um habitante do mundo greco-romano. Tanto assim é que o período do Império Romano que vai de 235 a 268 é conhecido como “a grande anarquia”, embora sexa verdade que a desastrosa herança provinha xá do século anterior, com o reinado de Cómodo (180-192) e a monarquia militar dos Severinos (193-235). Ambos os governos tinham causado danos irreparáveis na aparatosa maquinária político-militar de Roma. Como consequência, o panorama político a que Plotino assiste ao longo da sua vida é desanimador. Nas fronteiras, cada vez é mais difícil conter xermanos e persas, e começa a tornar-se visíbel que, mais tarde ou mais cedo, os bárbaros penetrarám em tropel polas costas norte e leste do Império, respectivamente. No interior, a situaçón é igualmente ruinosa: um Estado na bancarrota paga a sua péssima xestón asfixiando os cidadáns com impostos enquanto os candidatos ao trono imperial enfrentam sanguinárias conspiraçóns, o que se traduz em imparábeis sucessóns de assassinatos de senadores que, por sua vez, motivam revoltas e sediçóns nas lexións. Como se isso fosse pouco, surtos consecutivos de peste assolam Roma e as suas províncias, agudizando a ostensiva míngua da povoaçón. Finalmente, unha terra de cultivo esgotada provoca fames e agrava a crise económica. Perante este aziago panorama, non é de estranhar que muitos cidadáns com um mínimo de desafogo económico renunciassem à política para se refuxiarem em ocupaçóns de tipo contemplativo, como o culto relixioso ou o estudo da natureza dos seres divinos e da vida depois da morte. Este é precisamente o caso de Plotino, mas também o de muitas escolas filosóficas da época cuxa actividade xá versava quase inteiramente sobre questóns relixiosas e teolóxicas (isto é, acerca do vínculo causal entre Deus, o mundo e os seres humanos).

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

Deixar un comentario