LITERATURA CLÁSSICA GREGA (HESÍODO)

“Quem poderia falar o bastante alto sobre a aprendizaxe da arte de escreber?”, pergunta o historiador Diodoro. “Por este só meio os mortos falam aos vivos, e através da palabra escrita os que están muito separados no espaço comunicam-se com aqueles que están lonxe como se foram vecinhos”. O quarto de milénio entre 730 a. C. e 480 a. C. na Grécia foi um período no qual a alfabetizaçón vem a ter efeitos a largo prazo na literatura, facendo possíbel unha rede infinitamente complexa de relaçóns entre autores alonxados uns dos outros no tempo, o espaço ou ambos, e permitindo o desarrolho de unha única cultura literária unificada, à qual as diferenças locais só aportarom riqueza. Pois non é coincidência que, à medida que se estendeu a alfabetizaçón, se deu unha consciência crescente de identidade nacional, o helenismo universal de todos os que falavam e escrebíam a fala comúm. Este acontecimento capital, a reinvençón da escritura, foi em si mesma, mais ainda, só um elemento entre muitos dentro do grande relanzamento da Grecia, que vêm do redescubrimento de um mundo mais extenso tras séculos de ailhamento – séculos que, seguirom ao colapso da cultura micénica escrita entre 1200 e 1100 a. C., tinham esquecido todas as belas artes e delicadas técnicas da Idade do Bronce, reducíndo-se tudo o que quedara ó recordo das grandes façanhas e dos grandes heróis, entronizados nas formas tradicionais da poesía oral e cantados aos precários estabelecimentos de refuxiados da franxa costeira da Asia Menor-. Tem sentido começar um estudo do período alfabetizado da Grécia por Hesíodo, non porque haxa a menor certeza de que fora um poeta alfabetizado – de feito há muito que dizer em quanto a que trabalhara na tradiçón da poesía oral formulária que estaba estreitamente emparentada com a de Homero -, senón porque fixo algo novo e individual que sinalaba o caminho que habia de tomar a poesía grega posterior. Pois mentras Homero mantém a sua própria personalidade enteiramente separada da sua poesía e non proporciona clave algunha de ningúm acontecimento dactábel com o qual se puidéra relacioná-lo. Hesíodo é o primeiro poeta europeo que se apresenta dentro da sua obra como um individuo com um papel característico que representar. E em “Os Trabalhos e os Dias” dá o importante passo de abandonar a narrativa tradicional com o seu fundo de temas e escenas estabelecidos, em benefício de um poema com argumento, talvez utilizando modelos da cultura do Oriente Próximo como inspiraçón (ainda que non podemos assegurar que os poetas gregos non tiveram empreendido xá a composiçón de literatura erudicta deste tipo). Ó combinar a forma e o estilo tradicionais com um “tôn de voz” altamente individual e ó extender o alcance das funçóns do poeta, Hesíodo estabeleceu o modelo do que chamamos equívocamente poesía grega “arcaica”, a literatura de um período de expansón territorial por meio da colonizaçón, de rápido câmbio social e de sofisticados experimentos artísticos.

P. E. Easterling e B. M. W. Knox (eds.)

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