Arquivos diarios: 26/06/2020

LEIBNIZ (DA DIPLOMACIA À VERDADEIRA POLÍTICA)

O verdadeiro motivo da viaxe de Leibniz a França, que termina em París em Março de 1672, é unha missón diplomática muito concreta. Perante a ocupaçón francesa da Lorena, em Septembro de 1670, e da ameaça da Holanda, Boineburg, que também tinha motivos pessoais para querer procurar o favor do rei françês, tinha encarregado Leibniz de apresentar pessoalmente na Corte francesa um memorando que convencesse Luís XIV a renunciar a declarar guerra à Holanda (a Flandres espanhola), em troca de unha espécie de cruzada contra o reino musulmano do Exípto. Leibniz trabalhou mais de um ano em segredo a escreber alguns rascunhos e outros tantos resumos do proxecto. O plano de conquista do Exípto era um proxecto que vinha de lonxe, pois xá no início do século XIV o veneziano Marino Canto tinha suxerido ao Papa empreender unha cruzada contra os infiéis para afastar os conflictos internos do solo europeu, mas só Napoleón acabará por materializá-lo (1798), embora nem todos os estudiosos de Leibniz defendam que o imperador françês conhecia o escrito leibniziano antes de levar a cabo a sua campanha. Apesar de tudo, a orixinalidade do plano de Leibniz consistia em demonstrar à França que com a conquista do Exípto conseguiria o seu verdadeiro obxectivo, a destruiçón da Holanda, mas em vez de atacá-la directamente, iniciando unha guerra dispendiosa e de resultados incertos, debia arruinar o país vizinho, paralisando o seu comércio, que era a sua principal fonte de riqueza; ao conquistar o Exípto, passaria a controlar a única via de comércio entre a Ásia e a África, que era fundamental para o empório económico holandês, sem esquecer a possibilidade da abertura de um canal que facilitaria o comércio da Ásia com a Europa; embora o sonho de abrir unha passaxem desde o mar Vermelho até ao mar Mediterrâneo xá vinha da época faraónica, na qual se chegou a abrir unha primeira passaxem entre o rio Nilo e o mar Vermelho (“canal dos faraóns”), só em meados do século XIX é que tal empresa foi levada a cabo pola man de Ferdinand de Lesseps. O resultado foi o Canal do Suez, inaugurado em 1869. Leibniz propunha unha estratéxia militar e comercial bastante inovadora para a época, apoiada, além disso, por múltiplos argumentos metafísicos e teolóxicos; mas o ponto fraco da sua proposta – como o próprio Leibniz reconhece – está no facto de que para concretizar a sua empresa era preciso unha marinha forte, e Luís XIV non a tinha. Além de contribuir para outro obxectivo político, tal como obrigar a Turquia a deslocar a sua força militar do cenário europeu para o africano, o proxecto tinha sobretudo unha virtualidade filosófico-política: Leibniz concebia a acçón europeia sobre outros continentes como unha forma da progresso e de contribuiçón para um maior bem-estar xeral. Num capítulo posterior voltaremos à questón da luta entre o eurocentrismo e o cosmopolitismo na obra leibniziana.

CONCHA ROLDÁN

LITERATURA CLÁSSICA GREGA (HESÍODO)

“Quem poderia falar o bastante alto sobre a aprendizaxe da arte de escreber?”, pergunta o historiador Diodoro. “Por este só meio os mortos falam aos vivos, e através da palabra escrita os que están muito separados no espaço comunicam-se com aqueles que están lonxe como se foram vecinhos”. O quarto de milénio entre 730 a. C. e 480 a. C. na Grécia foi um período no qual a alfabetizaçón vem a ter efeitos a largo prazo na literatura, facendo possíbel unha rede infinitamente complexa de relaçóns entre autores alonxados uns dos outros no tempo, o espaço ou ambos, e permitindo o desarrolho de unha única cultura literária unificada, à qual as diferenças locais só aportarom riqueza. Pois non é coincidência que, à medida que se estendeu a alfabetizaçón, se deu unha consciência crescente de identidade nacional, o helenismo universal de todos os que falavam e escrebíam a fala comúm. Este acontecimento capital, a reinvençón da escritura, foi em si mesma, mais ainda, só um elemento entre muitos dentro do grande relanzamento da Grecia, que vêm do redescubrimento de um mundo mais extenso tras séculos de ailhamento – séculos que, seguirom ao colapso da cultura micénica escrita entre 1200 e 1100 a. C., tinham esquecido todas as belas artes e delicadas técnicas da Idade do Bronce, reducíndo-se tudo o que quedara ó recordo das grandes façanhas e dos grandes heróis, entronizados nas formas tradicionais da poesía oral e cantados aos precários estabelecimentos de refuxiados da franxa costeira da Asia Menor-. Tem sentido começar um estudo do período alfabetizado da Grécia por Hesíodo, non porque haxa a menor certeza de que fora um poeta alfabetizado – de feito há muito que dizer em quanto a que trabalhara na tradiçón da poesía oral formulária que estaba estreitamente emparentada com a de Homero -, senón porque fixo algo novo e individual que sinalaba o caminho que habia de tomar a poesía grega posterior. Pois mentras Homero mantém a sua própria personalidade enteiramente separada da sua poesía e non proporciona clave algunha de ningúm acontecimento dactábel com o qual se puidéra relacioná-lo. Hesíodo é o primeiro poeta europeo que se apresenta dentro da sua obra como um individuo com um papel característico que representar. E em “Os Trabalhos e os Dias” dá o importante passo de abandonar a narrativa tradicional com o seu fundo de temas e escenas estabelecidos, em benefício de um poema com argumento, talvez utilizando modelos da cultura do Oriente Próximo como inspiraçón (ainda que non podemos assegurar que os poetas gregos non tiveram empreendido xá a composiçón de literatura erudicta deste tipo). Ó combinar a forma e o estilo tradicionais com um “tôn de voz” altamente individual e ó extender o alcance das funçóns do poeta, Hesíodo estabeleceu o modelo do que chamamos equívocamente poesía grega “arcaica”, a literatura de um período de expansón territorial por meio da colonizaçón, de rápido câmbio social e de sofisticados experimentos artísticos.

P. E. Easterling e B. M. W. Knox (eds.)