
Na realidade, as duas cousas som, polo menos, parte da verdade. Porque há que saber que tipo de brilho, de glória e prestíxio têm os óculos da opinión que determinam a “actitude natural”, sobre tudo quando se reconhece a evidência da “intuiçón” que leva ao campo da actitude filosófica. Se aquela arquítese, a partir da qual eu antes interpretaba tudo, non era a verdade em si, mas apenas o “terreno firme” que eu tinha escolhido sem saber, para suportar qualquer sismo bem assente nele, com que prestíxio se me apresentou revestida para que a aceitasse por completo? Non parece – polo menos, parece-o, sem dúvida – que non sou eu o único no mundo precisamente a acreditar nela e a determinar a sua vida a partir dela, porque interpreto tudo à sua luz, através dela? A resposta clássica, de Heráclito até ao presente, é que este prestíxio na realidade “é o medo” que nos inspira a sermos orixinais. Todo o mundo pensa e vive, ou pensamos que sim, como se pensa e como se vive. Como podem non ter razón? Mudar tán duramente de actitude mete medo, salvo se estiver cheio de amor polas pessoas, isto é, pola verdade que non magoa (mas a ignorância magoa certamente a longo prazo). Husserl gostaba de se referir às suas próprias orixens. Ele tinha sido um matemático, até mesmo um professor muito brilhante de matemática na universidade. Desde Pitágoras, a matemática ensinou ao ser humano unha das formas mais contundentes de distinguir a mera opinión da “verdade demonstrada”, isto é, da “ciência”. É bem possíbel que a opinión se deba ao medo; mas, em qualquer caso, deve-se sempre é evidente, a algunha preguiça. Por exemplo, mesmo um matemático pode permanecer, apesar das aparências, na opinión, como o seu exemplo pessoal mostrou ao xovem Husserl. O estudante de matemática nem sempre esixe que lhe demonstrem tudo exaustivamente e até onde for possíbel. Bem polo contrário, pode mostrar tendência para se adaptar a usar as fórmulas que lhe oferecem para resolver os problemas sem mais perguntas. Non se lembra o leitor do impacto máxico que se sofre quando nos ensinam a resolver equaçóns de segundo gráu através de unha fórmula aterradora, que o professor assegura ser infalíbel? Ou non era a introduçón à trigonometria um acontecimento esotérico capaz de fazer solicitar ao aprendiz imediatamente um lugar em algum rito de iniciaçón, um lugar em algunha “lóxia”? Husserl, professor de análise, usava, como é natural, os números imaxinários, mas sentia falta da plenitude da “intuiçón” sobre o porquê de funcionarem tán esplendidamente na resoluçón de problemas. A conclusón que tirou foi que a ciência, incluindo a mais exacta das ciências, enquanto proclama que se cinxe ao seu ideal de cientificidade absolucta (tán parecido ao ideal filosófico da responsabilidade absolucta), enquanto se gaba de non conter mais que demontraçóns (e axiomas e regras de inferência, e talvez mais uns quantos postulados…), tende mais para a “técnica” do que para a autêntica “ciência”. Quase como um segredo de polichinelo, tenta ser útil e resolver problemas, quer sexa ela mesma a criá-los em algo parecido a um xogo grandioso, quer nos sexam propostos pola investigaçón da natureza (a física, a química, a bioloxía). A técnica tem fins prácticos, pragmáticos, úteis ou utilíssimos; a ciência em si mesma, non. O seu único fim é a “teoría”: a averiguaçón “intuitiva” primeiro e “demonstractiva” depois, do que naturalmente é verdade nunha ordem de cousas ou, melhor, em todas as ordens de todas as cousas.
MIGUEL GARCÍA-BARÓ