Arquivos diarios: 09/06/2020

A REVOLTA LUTERANA

A Reforma protestante iniciada polo monxe alemán Martinho Lutero (1483-1546) orixinou o fim da hexemonia católica, mantida ao longo da Idade Média, e o cisma na cristandade. A sua non foi a única voz crítica que se levantou contra a xerarquía eclesiástica, mas ele foi o homem certo no momento oportuno. O seu discurso recolheu as tensóns acumuladas durante séculos e fê-las rebentar, aproveitando unha conxunçón de factores favorábeis. Num primeiro momento, o protesto de Lutero non se eleva por completo contra o catolicismo: tudo começou com a sua denúncia da venda de indulxências, práctica através da qual aqueles que podiam comprabam o perdón dos seus pecados. O detonador do protesto luterano foi a visita do frade dominicano Johan Tetzel à Alemanha, enviado como representante da Igrexa, com a intençón de vender indulxências papais para sufragar a reconstruçón da Basílica de San Pedro, em Roma. Esta feira da redençón indignou Lutero, que expressou o seu desagrado por tais prácticas eclesiásticas, através do seu texto das noventa e cinco Teses, publicado em 1517, onde denunciaba, entre outras cousas, a venda de indulxências e absolviçóns, xá que, para ele, apenas Deus podia conceder o perdón. As protestas de Lutero non foram ouvidos pelo clero, mas tiveram repercusón entre os fiéis. A sua postura foi-se radicalizando até opor-se abertamente à instituiçón eclesiástica e às suas obstentaçóns. Os excessos da Igrexa manifestaram que a reforma non podia ser apenas eclesiástica (organizativa), devia também ser teolóxica (de conteúdos). Tal como assinala Hans Küng, apesar do detonador do protestantismo ter sido a venda de indulxências, na realidade a crise tinha vindo a ser xerada ao longo de anos e respondia a um processo acumulativo de motivos plurais. O poder temporal do papa desmoronaba-se com o auxe dos novos estados nacionais (França, Espanha e Inglaterra), ao passo que a Igrexa non tinha sabido transformar-se de acordo com o avançar dos tempos, xá que a sua reaçón non tinha sido efectiva e as tentativas de reforma interna, impulsionadas em vários concílios, non tinham funcionado. O afán centralista e a tendência absoluctísta da Cúria incomodarom as diversas rexións europeias, que tinham de aceitar que os seus assuntos tivessem de passar por Roma em lugar de se resolverem nas suas próprias terras. Este cúmulo de circunstâncias afectou a Igrexa alemán de que Lutero fazia parte. Houbo unha componente política no seu desafio que non debemos desprezar. Os abusos de poder, o negócio das indulxências com que os ricos pagabam para expiar os seus pecados, o auxe da economia monetária, as diferenças entre unha elite eclesiástica formada por nobres relativamente a unhas bases empobrecidas, o celibato como obrigaçón (sem que se mencionasse tal cousa na Bíblia), o culto doentio às relíquias santas, unha liturxia sobrecarregada e a crescente influência de superstiçóns variadas, foram outros elementos que conduziram à revolta luterana.

SERGI AGUILAR