Citemos, por exemplo, Curley: “O estilo de apresentaçón axiomático de Espinosa non proporciona, na verdade, a clareza que este pretendia. É habitual que as definiçóns pareçam obscuras, e é frequente que os axiomas non sexam evidentes, que as demonstraçóns sexam com frequência pouco convincentes”. De seguida, acrescenta: “E, no entanto, custa muito abstrair-se da sensaçón de que aqui há algunha cousa pola qual vale a pena fazer um esforço para tentar compreender, algo que, se estiver certo, tem unha enorme importância, e algo que, muito possivelmente, está certo”. Esta é a sensaçón de todos aqueles que leram a “Ética”. É extremamente difícil, non atinxe nem de lonxe a perfeiçón formal a que aspira com o método xeométrico, e o leitor tem de preencher activamente muitas dessas lacunas. Ainda assim, vale a pena o esforço. Paradoxo do ateu ébrio de Deus: Unha das palabras que mais aparece na Ética é Deus. O poeta alemán Novalis escreveu que Espinosa estaba “ébrio de Deus”. Mas o filósofo holandês é considerado por muitos um pensador ateu (“sem Deus”). Como é evidente, nas diversas apreciaçóns existem abordaxens diferentes da concepçón de Deus.
Alemán, Mateo (Sevilla, 1547-1615). Novelista. Filho de um médico xudeo adscrípto à prisón de Sevilla. Estudou medicina em Salamanca e Alcalá. Foi encarcerado por dívidas em 1580, 1594 e 1601. Viaxou a Nueva España em 1608, com o seu protector o arzobispo García Guerra, cuxa biografía publicou em 1613, baixo o título de “Sucesos de Fray García Guerra, Arzobispo de México”, que contem interesantes informaçóns sobre a vida da Colónia. Outras obras menores som a biografía “San Antonio de Padua” (1603) e “Ortografía castellana” (1609). É mais conhecido como o autor do “Guzmán de Alfarache”, popular novela picaresca, que publicou em duas partes: a primeira em Madrid (1599) e a segunda em Lisboa. Com ela contribuíu a difundir a figura do pícaro na literatura europeia. É unha dígna sucesora do “Lazarillo de Tormes”, a pesar de que nela aparece xá um fundo moralista, alheio ós melhores acertos do xénero.
Aleluias, versos que se imprimem baixo algum grabado ou ilustraçón. Num princípio forom de temática relixiosa, mas pronto se secularizarom. Proliferarom desde finais do século XV até ó século XIX. A sua importância, como vehículo de informaçón foi visceral, para entender o alcance da cultura popular em etapas nas que o libro era património das elítes.
Alexandrino, verso composto por dous hemistiquios de sete sílabas cada um. Non debe ser confundido com o alexandrino françês, que tem doze sílabas, nem com o português, que tem treze. O alexandrino debe o seu nome a Alexandro o Grande, pois as suas façanhas épicas e as suas lendas forom celebradas neste metro, no “Libro de Alexandre”, no “Libro de Apolonio” e o “Rimado de Palacio” do canceler López de Ayala, forom escritos também em alexandrinos. Um dos primeiros cultivadores de este metro foi Gonzalo de Berceo. Rubén Darío modificou lixeiramente a estructura do verso, acentuando as sílabas terceira e sexta de cada hemistiquio, como na sua famosa “Sonatina”: “La princesa está triste… ¿Qué tendrá la princesa? / los suspiros se escapan de su boca de fresa, / que ha perdido la risa, que ha perdido el color…”.
Aleixandre y Merlo, Vicente (Sevilla, 1898). Estudou em Málaga e sacou a carreira de adbogacía em Madrid. A sua delicada saúde afastou-o das clásses. A partir de 1925 dedicou-se plenamente à poesía. Os seus primeiros versos aparecerón na Revista de Occidente, que dirixía José Ortega y Gasset. Formou parte da xeraçón do 27. No seu primeiro libro, “Ámbito” (1928), apercebe-se a influênça de Jorge Guillén e a de Salinas, os quais também figuram no movimento do 27. Aleixandre utilizou o surrealismo em “Espadas como labios” de 1932, em “Pasión de la tierra” (1935), “La destrucción o el amor” (1935, Premio Nacional de Literatura) e “Poemas paradisíacos” (1942). A crítica considera “Sombra del paraíso” (1944) como a sua melhor obra. Foi eleito membro da Real Academia Española em 1949. Escrebeu também “Mundo a solas” (1950), “Nacimiento último” (1953), “Historia del corazón” (1954); um libro de lembranças sobre personalidades literárias titulado “Los encuentros” (1958) e, em adiçón às suas “obras completas” (1960), “En un vasto domínio” (1962) e “Retratos con hombre” (1965). Finalmente, depois da segunda ediçón das suas “Obras completas”, publicadas em 1968, viron a luz “Poemas de la consumación (1968), “Antología del mar y de la noche” (1971), “Poesía superrealista” (1971), “Diálogos del conocimiento” (1975). A última ediçón completa da sua obra recolhe-se em “Antología total” (1975). Ao igual que outros poetas surrealistas, a leitura de Aleixandre é difícil ó princípio, mas é um poeta preocupado polos problemas fundamentais da existência e do home mesmo e exercéu com a sua obra unha importante influença na poesía espanhola deste século. Em 1977, foi-lhe concedido o Premio Nobel. As suas “Poesías completas” forom publicadas em 1975.
Alegría, Fernando (Santiago de Chile, 1918). Novelista, poeta, crítico literário. O seu poema vanguardista “Instrucciones para desnudar a la raza humana” foi traducido a várias falas e foi ilustrado polo célebre pintor chileno Matta. Estudou nos Estados Unidos, onde posteriormente impartíu cursos sobre literatura, especialmente na Universidade de California. Ganhou o prémio literário Farrar e Reinhart pola sua novela “Lautaro: joven libertador de Arauco” (1943). Anteriormente tinha publicado “Recabarren” (1938), biografía do fundador da Federación Obrera Chilena; socialista e depois comunista, que se suicidou em 1925. Publicou também unha novela curta, “Leyenda de la ciudad perdida” (1941); unha novela política sobre a corrupçón política do Chile: “Camaleón” (1950); unha série de contos políticos, “El poeta que se volvió gusano” (1956) e “Caballo de copas” (1957), novela picaresca situada em San Francisco. Aparte de numerosos artígos sobre literatura chilena, Alegría publicou “Ideas estéticas en la poesía contemporánea” (1939); “Ensayos sobre cinco temas de Thomas Mann”; “Walt Whitman en Hispanoamérica” e “La poesía chilena: origenes y desarrollo del siglo XVI al XIX”. Nos últimos anos escrebeu “Literatura y revolución” (1971) e a novela “Amerika, Amerikka, Amerikkka” (1970). Publicou ademais “El paso de los gansos” (1975).
Alegría, Ciro (Huamachuco, provincia de Péru, 1909-1967). Novelista. Foi educado em Trujillo; sendo discípulo de César Vallejo. Como consequência da sua militância no partido Aprista negou-se-lhe a possibilidade de terminar os seus estudos universitários e foi arrestado várias vezes. Finalmente, foi exilado em Chile a partir de 1934. A sua triloxía sobre a opresón dos indios continua, a muito alto nível, a obra de Clorinda Matto de Turner. “La serpiente de oro” (1935, Premio Nacimiento) foi traducida a variadas falas. A sua primeira novela da triloxía, trata de um poboado indio ubicado nas marxêns do rio Marañón e foi escrita quando Alegría trabalhaba como xornalista em Chile. Enfermou de tuberculose em 1936 e durante a convalescência escrebeu “Los perros hambrientos” (1938). A sua melhor novela é “El mundo es ancho y ajeno” (1939). Escrebeu também “Duelo de cabalheros” (1963) e “Lázaro” (1973). Alegría foi professor da Universidade de Puerto Rico. A importância de Ciro Alegría é dupla: por um lado, foi um grande artísta, polo outro, foi um pensador que acreditou e sostívo que os indios peruanos son capazes de decidir o seu próprio destino, presente e futuro. Os seus libros acompanham a tradiçón de Enrique López Albújar e prefiguram ao grande novelista peruano José María Arguedas.
Aldrete ou Alderete, Bernardo José de (Málaga, 1565-1641). Antiquario. Foi dignidade da Catedral de Córdoba em 1614. distingue-se polo seu elegante estilo, vertido em estudios linguísticos e sobre antigüidades: “Del origen y principio de la lengua castellana o romance que hoy se usa en España” (Roma, 1606) e “Varias antigüedades de España, África y otras provincias” (Amberes, 1614).
Aldecoa, Ignácio (Victoria, 1925-1969). Novelista e contista está considerado por alguns críticos como o escritor mais importante da segunda xeraçón da post-guerra, a de 54, da mesma maneira que se considera a Cela o melhor da primeira. Casou com a novelista Josefina Rodríguez. Despois de escreber dous libros de poemas, “Todavía la vida” (1947) e “Libro de las algas” (1949), dedicou-se à novela. Afirmou da sua xeraçón literária: “Non escrebemos lbros sobre libros, non somos discípulos de ninguém e tampouco queremos influir em ninguém. Seguimos um caminho: a novela da realidade e o lirismo na Espanha de hoxe”. A sua primeira novela, “El fulgor y la sangre” (Barcelona, 1954), explora a realidade da Espanha a través dos recordos de cinco mulheres casadas com guardias civiles, que están atados ao seu quartel nalgum lugar de Castela pois “foron traídos ao mundo com o propósito de cumprir com o seu deber”. O autor dixo que estaba convencido de que había unha realidade espanhola à vez dura e terna que non tinha sido expressada na narrativa, deficiência que el tratou de encher mergulhando nos aspectos menos pintorescos e menos prazenteiros da vida espanhola que o turista, por exemplo, prefere non ver. As outras duas novelas da triloxía “La España inmóvil” tratan de ciganos: “Con el viento solano” (Barcelona, 1956), e do mundo taurino: unha novela escrita em 1958, que permanece inédicta, “Los pozos”. Escrebeu também “Gran Sol” (Barcelona, 1957) e “Parte de una historia” (Barcelona, 1967). Novelas curtas e contos, “Vísperas de silencio” (1955), “Espera de tercera clase” (1955), “Caballa de pica” (1961), “Arqueología” (1962), “Neutral córner” (1962), “Pájaros e espantapájaros” (1963) e “Los pájaros de Baden-Baden” (1965). Escrebeu dous libros de viáxes, “Cuaderno de Godo” (1961) e “El país vasco” (1962).
O verdadeiro motivo da viaxe de Leibniz a França, que termina em París em Março de 1672, é unha missón diplomática muito concreta. Perante a ocupaçón francesa da Lorena, em Septembro de 1670, e da ameaça da Holanda, Boineburg, que também tinha motivos pessoais para querer procurar o favor do rei françês, tinha encarregado Leibniz de apresentar pessoalmente na Corte francesa um memorando que convencesse Luís XIV a renunciar a declarar guerra à Holanda (a Flandres espanhola), em troca de unha espécie de cruzada contra o reino musulmano do Exípto. Leibniz trabalhou mais de um ano em segredo a escreber alguns rascunhos e outros tantos resumos do proxecto. O plano de conquista do Exípto era um proxecto que vinha de lonxe, pois xá no início do século XIV o veneziano Marino Canto tinha suxerido ao Papa empreender unha cruzada contra os infiéis para afastar os conflictos internos do solo europeu, mas só Napoleón acabará por materializá-lo (1798), embora nem todos os estudiosos de Leibniz defendam que o imperador françês conhecia o escrito leibniziano antes de levar a cabo a sua campanha. Apesar de tudo, a orixinalidade do plano de Leibniz consistia em demonstrar à França que com a conquista do Exípto conseguiria o seu verdadeiro obxectivo, a destruiçón da Holanda, mas em vez de atacá-la directamente, iniciando unha guerra dispendiosa e de resultados incertos, debia arruinar o país vizinho, paralisando o seu comércio, que era a sua principal fonte de riqueza; ao conquistar o Exípto, passaria a controlar a única via de comércio entre a Ásia e a África, que era fundamental para o empório económico holandês, sem esquecer a possibilidade da abertura de um canal que facilitaria o comércio da Ásia com a Europa; embora o sonho de abrir unha passaxem desde o mar Vermelho até ao mar Mediterrâneo xá vinha da época faraónica, na qual se chegou a abrir unha primeira passaxem entre o rio Nilo e o mar Vermelho (“canal dos faraóns”), só em meados do século XIX é que tal empresa foi levada a cabo pola man de Ferdinand de Lesseps. O resultado foi o Canal do Suez, inaugurado em 1869. Leibniz propunha unha estratéxia militar e comercial bastante inovadora para a época, apoiada, além disso, por múltiplos argumentos metafísicos e teolóxicos; mas o ponto fraco da sua proposta – como o próprio Leibniz reconhece – está no facto de que para concretizar a sua empresa era preciso unha marinha forte, e Luís XIV non a tinha. Além de contribuir para outro obxectivo político, tal como obrigar a Turquia a deslocar a sua força militar do cenário europeu para o africano, o proxecto tinha sobretudo unha virtualidade filosófico-política: Leibniz concebia a acçón europeia sobre outros continentes como unha forma da progresso e de contribuiçón para um maior bem-estar xeral. Num capítulo posterior voltaremos à questón da luta entre o eurocentrismo e o cosmopolitismo na obra leibniziana.
“Quem poderia falar o bastante alto sobre a aprendizaxe da arte de escreber?”, pergunta o historiador Diodoro. “Por este só meio os mortos falam aos vivos, e através da palabra escrita os que están muito separados no espaço comunicam-se com aqueles que están lonxe como se foram vecinhos”. O quarto de milénio entre 730 a. C. e 480 a. C. na Grécia foi um período no qual a alfabetizaçón vem a ter efeitos a largo prazo na literatura, facendo possíbel unha rede infinitamente complexa de relaçóns entre autores alonxados uns dos outros no tempo, o espaço ou ambos, e permitindo o desarrolho de unha única cultura literária unificada, à qual as diferenças locais só aportarom riqueza. Pois non é coincidência que, à medida que se estendeu a alfabetizaçón, se deu unha consciência crescente de identidade nacional, o helenismo universal de todos os que falavam e escrebíam a fala comúm. Este acontecimento capital, a reinvençón da escritura, foi em si mesma, mais ainda, só um elemento entre muitos dentro do grande relanzamento da Grecia, que vêm do redescubrimento de um mundo mais extenso tras séculos de ailhamento – séculos que, seguirom ao colapso da cultura micénica escrita entre 1200 e 1100 a. C., tinham esquecido todas as belas artes e delicadas técnicas da Idade do Bronce, reducíndo-se tudo o que quedara ó recordo das grandes façanhas e dos grandes heróis, entronizados nas formas tradicionais da poesía oral e cantados aos precários estabelecimentos de refuxiados da franxa costeira da Asia Menor-. Tem sentido começar um estudo do período alfabetizado da Grécia por Hesíodo, non porque haxa a menor certeza de que fora um poeta alfabetizado – de feito há muito que dizer em quanto a que trabalhara na tradiçón da poesía oral formulária que estaba estreitamente emparentada com a de Homero -, senón porque fixo algo novo e individual que sinalaba o caminho que habia de tomar a poesía grega posterior. Pois mentras Homero mantém a sua própria personalidade enteiramente separada da sua poesía e non proporciona clave algunha de ningúm acontecimento dactábel com o qual se puidéra relacioná-lo. Hesíodo é o primeiro poeta europeo que se apresenta dentro da sua obra como um individuo com um papel característico que representar. E em “Os Trabalhos e os Dias” dá o importante passo de abandonar a narrativa tradicional com o seu fundo de temas e escenas estabelecidos, em benefício de um poema com argumento, talvez utilizando modelos da cultura do Oriente Próximo como inspiraçón (ainda que non podemos assegurar que os poetas gregos non tiveram empreendido xá a composiçón de literatura erudicta deste tipo). Ó combinar a forma e o estilo tradicionais com um “tôn de voz” altamente individual e ó extender o alcance das funçóns do poeta, Hesíodo estabeleceu o modelo do que chamamos equívocamente poesía grega “arcaica”, a literatura de um período de expansón territorial por meio da colonizaçón, de rápido câmbio social e de sofisticados experimentos artísticos.
Polo menos, há que diferenciar, com efeito, num acto de diálogo, “o que se diz” e o próprio “dizer”. Husserl tinha distinguido muito bem, na pré-história da hermenêutica, os actos de dar “sentido” às palabras e aos actos de dar “notícia” de nós mesmos, que están inevitábel e até essencialmente vinculados àqueles. O que eu comunico é unha “significaçón” determinada, verdadeira ou falsa, que talvez faça parte do corpo de unha ciência, ou sexa, pretende um máximo de obxectividade e impessoalidade. Mas o que eu “notifico” ao meu ouvinte é bem diferente: para começar, notifico-o de que sou unha pessoa que desexa comunicar com ele, levando a cabo certos actos de pronunciar palabras, dando-lhes sentido; mas também o notifico de que estou a levar a cabo (ou que sou capaz de reiterar) a evidência que apoia a verdade comunicada. E o meu movimento corporal notifica, além disso, unha série de informaçóns, algunhas desexadas e muitas non desexadas. O sotaque da minha voz indica a naçón de que procedo; a leveza ou o carácter pesado do meu discurso, o meu estado afectivo; o movimento rectórico das minhas máns e da minha cabeça, a urxência ou o desinteresse por ser compreendido; talvez o brilho dos meus olhos expresse, além disso, o carinho ou o aborrecimento que o meu audictório me inspira. Na medida em que o “dito” encerra termos que, hoxe, costumamos chamar “índices” (deíticos, pronomes, advérbios de lugar e tempo, nomes próprios, descripçóns definidas, etc… ; Husserl chamava-lhes, ainda, “expressóns de sentido essencialmente ocasional”), a sua compreensón xá esixe um cúmulo de conhecimentos de factos que devem ser actualizados de algunha forma na ocasión presente; por exemplo, unha liçón desconcerta os ouvintes quando emprega nomes próprios que, para eles, non remetem para ninguém determinado. Sem a xenerosidade de pôr máns à obra nesta actualizaçón, quem recebe a mensaxem só se limitará a anotá-la para esperar a melhor ocasión de decifrá-la ou para usá-la incompreendida, por exemplo, num exame. De qualquer forma, o receptor tem de cumprir unha regra de conducta consistente em que debe abrir-se à necessidade de contextualizar o dito tanto nos seus aspectos obxectivos (que lugar ocupa realmente no conxunto de unha ciência este teorema?), como subxectivos (o acervo dos “índices”). Neste sentido, ele, precisamente o receptor, apropria-se e responsabiliza-se polo “dito”, tanto se realmente o assimilar, se o apropriar, como se se limitar a guardá-lo na memória com o “sentido” que ele próprio lhe deu. É evidente que a contextualizaçón de carácter subxectivo, como acabo de a denominar, mobiliza os meus conhecimentos prévios e os resultados da minha experiência xeral da vida com mais intensidade, normalmente, do que a contextualizaçón a que chamei obxectiva.
Como se obrou o mistério seguinte: O Domingo 15 de Xunho de 1919, fún a Pontareas, e vinhem por Celeiros, acompanhado polo Senhor Traquinas, através do qual soubem que a proxima quinta feira habería ali fésta. O referido dia chegou, e eu estaba resolvido a non ir, mas polas 5,25 da tarde, apareceu o Senhor Jenaro convidando-me a que fora com el. Partimos pola Cabadinha até Guillade de Baixo, caminho de Celeiros, onde encontramos o Vidal, e ofereceu-me trabalho (como em 1913, vexa-se a páxina 58 e 62), consultei o oráculo e dixo que non fora, e assím o fixem. Galinha. O 23 de Junho de 1919, à noite, entrou unha galinha da Consuela pola minha casa. Eu, a escondim logo, e pola manham fún-a agouchar a Matamá, até às oito horas dentro dunha cesta. Logo, vinhem preparar-me à casa, e despois seguim para Trancoso, onde a vendim por 22 reais no Hotel do Françês (à Senhora Adelaira e à Senhora Flora). O Santo Cristo de Celeiros. O dia 28 de Xunho de 1919, vesperas do Santo Cristo da Victória, eu estivem na fésta, ó voltar, mesmo no pinheiral de Guillade, onde se cruzam os dous caminhos de carro, o que vai de Celeiros para Portela e o que vem de Oliveira cara a Guillade de Baixo, alí me fún meter na boca da Guardia Civil, e temendo um cacheo, quase à vista deles, atirei com o revolver para perto (vexa-se, que houbo algo sobrenatural, polo da galinha anteriormente referida, e que xá a Sibylla me avisára que ia suscitar contenda). Demanda, contra Calviño. O dia 28 de Xunho, apareceu a Guardia Civil com unha demanda contra Manuel Calviño, motivada por tê-lo apanhado com um revolver às quatro da manham, asegurando que vinha de unha fésta, e confesa e reconhece que a arma é sua, e que a tinha encontrado um mês antes a esta data. O que non aceita, è a multa aplicada por este xulgado e polo Senhor Xuíz Fiscal, com o qual non queda conforme a 7 de Xulho de mil novecentos e dezanove. Esta é unha emitaçón das palabras que quedarom escritas em Pontareas, segundo me recordam, pouco mais ou menos. Ainda um feito: o dia 24 de Outubro, sexta-feira de 1919, pola hora das três da tarde, apuntei unha escopeta à cara do Senhor Pedro Rey e Manuel Rey, por culpa da minha Santa Nái, que armou unha zaragata entre nós…
Na realidade, as duas cousas som, polo menos, parte da verdade. Porque há que saber que tipo de brilho, de glória e prestíxio têm os óculos da opinión que determinam a “actitude natural”, sobre tudo quando se reconhece a evidência da “intuiçón” que leva ao campo da actitude filosófica. Se aquela arquítese, a partir da qual eu antes interpretaba tudo, non era a verdade em si, mas apenas o “terreno firme” que eu tinha escolhido sem saber, para suportar qualquer sismo bem assente nele, com que prestíxio se me apresentou revestida para que a aceitasse por completo? Non parece – polo menos, parece-o, sem dúvida – que non sou eu o único no mundo precisamente a acreditar nela e a determinar a sua vida a partir dela, porque interpreto tudo à sua luz, através dela? A resposta clássica, de Heráclito até ao presente, é que este prestíxio na realidade “é o medo” que nos inspira a sermos orixinais. Todo o mundo pensa e vive, ou pensamos que sim, como se pensa e como se vive. Como podem non ter razón? Mudar tán duramente de actitude mete medo, salvo se estiver cheio de amor polas pessoas, isto é, pola verdade que non magoa (mas a ignorância magoa certamente a longo prazo). Husserl gostaba de se referir às suas próprias orixens. Ele tinha sido um matemático, até mesmo um professor muito brilhante de matemática na universidade. Desde Pitágoras, a matemática ensinou ao ser humano unha das formas mais contundentes de distinguir a mera opinión da “verdade demonstrada”, isto é, da “ciência”. É bem possíbel que a opinión se deba ao medo; mas, em qualquer caso, deve-se sempre é evidente, a algunha preguiça. Por exemplo, mesmo um matemático pode permanecer, apesar das aparências, na opinión, como o seu exemplo pessoal mostrou ao xovem Husserl. O estudante de matemática nem sempre esixe que lhe demonstrem tudo exaustivamente e até onde for possíbel. Bem polo contrário, pode mostrar tendência para se adaptar a usar as fórmulas que lhe oferecem para resolver os problemas sem mais perguntas. Non se lembra o leitor do impacto máxico que se sofre quando nos ensinam a resolver equaçóns de segundo gráu através de unha fórmula aterradora, que o professor assegura ser infalíbel? Ou non era a introduçón à trigonometria um acontecimento esotérico capaz de fazer solicitar ao aprendiz imediatamente um lugar em algum rito de iniciaçón, um lugar em algunha “lóxia”? Husserl, professor de análise, usava, como é natural, os números imaxinários, mas sentia falta da plenitude da “intuiçón” sobre o porquê de funcionarem tán esplendidamente na resoluçón de problemas. A conclusón que tirou foi que a ciência, incluindo a mais exacta das ciências, enquanto proclama que se cinxe ao seu ideal de cientificidade absolucta (tán parecido ao ideal filosófico da responsabilidade absolucta), enquanto se gaba de non conter mais que demontraçóns (e axiomas e regras de inferência, e talvez mais uns quantos postulados…), tende mais para a “técnica” do que para a autêntica “ciência”. Quase como um segredo de polichinelo, tenta ser útil e resolver problemas, quer sexa ela mesma a criá-los em algo parecido a um xogo grandioso, quer nos sexam propostos pola investigaçón da natureza (a física, a química, a bioloxía). A técnica tem fins prácticos, pragmáticos, úteis ou utilíssimos; a ciência em si mesma, non. O seu único fim é a “teoría”: a averiguaçón “intuitiva” primeiro e “demonstractiva” depois, do que naturalmente é verdade nunha ordem de cousas ou, melhor, em todas as ordens de todas as cousas.
Nesta breve história, verificou-se a importância do contributo da imprensa, rádio e televisón para a divulgaçón e sucesso do fado. Nos anos 90, o mundo muda por completo a sua forma de comunicar com a propagaçón da internet. O fado e os seus intervenientes passaram a encontrar aqui unha nova ferramenta preciosa que lhes permite comunicar em simultâneo com todo o mundo, passando a estar disponíbel na rede unha vasta informaçón acessíbel a todos à distância de um clique. O fado, para além de fazer parte do habitual circuito de emigraçón, passa a perfilar internacionalmente nos festivais de “world music” e em salas de prestíxio, assumindo-se como unha música portuguesa globalizada, conquistando novos públicos. À semelhanza dos estilos conxéneres de outros países, o fado evoluiu e assumiu novas formas. Existe o tango novo o flamenco novo, xá para non falar no Brasil onde a bossa é sempre nova. Apesar da resistência de alguns puristas em balizar o fado, é inevitábel que sexa influênciado e também ele influêncie outros xéneros. Em 1991, Mísia edita o seu primeiro disco pola EMI-VC e viria a marcar um ponto de viraxem nas ediçóns fadistas até entón, pola inovaçón e ousadía. Inspirada nas suas viaxens, cria ela própria um fado espectáculo. Mísia, que recentemente afirmou nunha entrevista “O fado para mim sempre foi novo”, trouxe ao fado alguns poetas pola primeira vez como António Lobo Antunes. É editada por várias editoras em França, onde constrói unha sólida carreira, sustentando um percurso efectivamente internacional, foi a primeira fadista a pisar algunhas salas de referência por todo o mundo.