
Todavía, a frugalidade de Sócrates non nos debe levar ao engano. Polo que sabemos dele, estaba muito lonxe de ser um de tantos santos ascépticos e mal humorados que ao longo da história se dedicaram a fustigar os seus conxéneres, condenando os prazeres e o usufruto da vida (verdade sexa dita, essa descripçón encaixaba muito melhor no seu discípulo Platón). Á partida porque, como o próprio Platón nos conta no Banquete, Sócrates non recusaba a boa mesa, o bom vinho ou a melhor cama. Simplesmente antepunha os valores éticos ao mero prazer hedonista e non era escravo das necessidades materiais: Sócrates non odeia o corpo, simplesmente lhe antepón os valores do espírito. Também estaba muito lonxe de mostrar a arrogância de non poucos censores ou luminárias, pois non tinha qualquer reserva em educar e conversar com um escravo como o fazia com um xovem aristocrata. Durante a xuventude, Sócrates tinha-se familiarizado com as teorias filosóficas da época (Empédocles, Anaxágoras, Dióxenes de Apolónia…), com que ficou rapidamente decepcionado pola falta de acordo e pola atençón que davam de forma quase exclusiva à explicaçón do mundo material, esquecendo as questóns éticas, políticas e espirituais. Non lhe merecia melhor opinión a “moda” filosófica que dominaria o cenário ateniense durante a sua maturidade, a sofística. Decidiu, entón, emprehender um caminho intelectual próprio e levar a cabo unha autêntica revoluçón filosófica, tanto no fundo como na forma. Boa proba disso é que, apesar da disparidade de abordaxens e pensamentos, todas as doutrinas que o precederam passaram à história sob a epígrafe comum de “filosofia pré-socrática”. Foi unha resposta do oráculo de Delfos que ateou definitivamente o pavio da actividade filosófica de Sócrates. Segundo nos conta o próprio Sócrates (ou sexa Platón, pola boca de Sócrates na Apoloxia), em certa ocasión o seu amigo Querefonte dirixiu-se ao santuário de Apolo, em Delfos, para saber quem era o home mais sábio da terra e obteve da pítia a seguinte resposta: “Sócrates é o mais sábio de todos os homes”. Assim que a notícia chegou a Sócrates, este ficou enormemente surprehendido, pois, ao contrário dos poderosos estadistas, dos reputados xenerais, dos artistas afamados e inclusive dos hábeis artesáns, Sócrates non se vangloriaba nem consideraba possuir nenhum conhecimento particular. Por isso, para comprobar o que tinha querido dizer o deus, abordou um político cuxa sabedoria todos tinham em alta consideraçón, mas non tanta como a que ele sentia por si próprio. Sócrates submeteu-o a unha das suas habituais sessóns de perguntas e respostas para pôr à proba os supostos conhecimentos do seu interlocutor, que demonstraram fundar-se em crênças superficiais ou contradictórias. Sócrates ficou decepcionado com a entrevista, que non lhe tinha valido sabedoria algunha, como ele teria esperado, mas simplesmente a inimizade do hipotéctico sábio, cuxa ignorância o filósofo tinha revelado. Após a primeira experiência, Sócrates repetiu as pesquisas com outros cidadáns considerados sábios; em todas elas chegou ao mesmo resultado e acabou granxeando, após todas elas, a aversón dos interlocutores, cuxa pretensa sabedoria fora posta à proba (aversón que, como se verá, contribuiu em grande medida para a sua condenaçón à morte).
E. A. DAL MASCHIO