KANT (O PENSAMENTO INDEPENDENTE E CRIATIVO)

Quando, por fim, em 1770, aos quarenta e seis anos, lhe chegou a cátedra de Metafísica e Lóxica, pôde, entón, concentrar-se na tarefa filosófica: durante a década seguinte ensaiaria e poría à proba na sala de aula as ideias que depois comporiam a Crítica da Razón Pura, para entusiasmo dos estudantes, que abarrotavam a sala e chegavam às seis da manham, unha hora antes do início da licçón, para encontrar sítio libre. A riqueza dos conceitos, a clareza e a exaustividade da exposiçón, bem como a solidez metodolóxica, fixeram de Kant um orador célebre muito antes de publicar as suas obras. As descripçóns de vários alumnos transmitem-nos um Kant que non se limitaba a leccionar rotineiramente os conteúdos programáticos, nem se contentaba em adorná-los com comentários erudictos ou simpáticos e pequenas histórias. Polo contrário, mostraba nas aulas como se constrói o conhecimento a partir de dentro, organicamente, desenvolvendo ideias, ramificando opçóns, atando as pontas soltas: mostraba, em suma, que o pensamento é algo vivo e em construçón, non um conxunto de sistemas fechados que tem de se memorizar e repetir; non ensinaba filosofía, ensinaba a filosofar. Como se vê, dedicava-se com o máximo interesse a incentivar o pensamento independente e criativo nos seus alumnos, para que, como ele dizia, se mantivessem sobre os seus pés.

JOAN SOLÉ

Deixar un comentario