Arquivos diarios: 15/02/2020

LITERATURA GREGA (6)

¿Como sería o mundo se a Ilíada e a Odiseia tiveram desaparecido por completo, ou se só se conservaram fragmentáriamente? A pergunta non admite apenas que se prantêxe. Incluso da traxédia grega só se conserva unha parte. ¿Por quê somos entón tán afortunados no caso de Homero, que viveu e trabalhou uns trescentos anos antes que os grandes tráxicos, muito antes da época das bibliotecas e do comêrcio desarrolhado do libro, probabelmente ainda antes de que a própria escritura se aplicara sériamente em Grecia à composiçón e rexistro das obras literárias? A razón principal é que Homero foi desde o princípio o poeta mais admirado da Antiguidade helénica ou helenizada, e que se mantivo nessa posiçón quase até ó seu final. Parecía encarnar o espírito de unha idade heroica, e apesar disto nunca resultou antiquado como Esquilo ou moralmente duvidoso como Eurípides. A aprendizaxe de memória da sua poesía era unha parte esencial da educaçón ordinária, e isto, mais que ningunha outra cousa, foi o que salvou àquela da fragmentaçón e da decadência nos séculos seguintes à sua morte. Unha vez confiado à escritura, o texto adqueríu gradualmente unha forma estandard. As versóns escritas eram bastante descabezadas ó princípio, mas pouco a pouco os erudictos e bibliotecários as reduzirom à ordem em Atenas, Alexandría e Pérgamo, desde o século V até ó II a. C. Até centos de anos mais tarde, como o mostram as ruínas dos estabelecimentos grecorromanos que adornam o Nilo, nos escarpados desertos onde os libros de papiro lograrom sobreviver, ainda se liam profusamente a Ilíada e a Odiseia, ainda mais populares que as mais incultas e modernas obras de Menandro. Muitos dos fragmentos de papiros homéricos procedem de cópias escolares, mas outros muitos som de rolos primorosamente escritos que constituíam a preciosa possesón de homes cultos. Seiscentos ou setecentos anos antes, mais perto do momento em que forom compostos os poemas, as cousas eram muito parecidas. Incluso os filósofos Platón e Aristóteles desgranabam citas homéricas nas suas conferências e tratados, perpectuando, (e, no caso de Platón, também criticando) a ideia tradicional de que de Homero manaba a sabeduria e a experiência em matérias tán diversas como a medicina, os assuntos militáres e a moralidade do pobo. Ainda non sendo sempre muito exactas a suas citas, isto non porque os poemas épicos estiveram antiquados ou porque non houbera textos razoabelmente asequíveis. Mais bem, eram demasiado asequíveis para o seu próprio benefício; recordába-se de memória grande parte do texto e o que os citaba non se preocupaba de despregar os delicados volûmes de papiro para buscar unha referência ou um contexto exacto. Este carácter oral de Homero é de primeira importância non só como factor de transmisón e conservaçón da sua obra, senón também para determinar a sua verdadeira qualidade. Porque sobre a Ilíada e a Odiseia é imperativo entender que forom compostas completa ou substancialmente sem axuda da escritura, por um poeta ou poetas que eram analfabetos de feito e para públicos que non sabíam ler (ó menos com fins literários). Isto é o que se pode deducir das probas internas a partir do estilo dos poemas, e em particular a partir da sua dependência, em grande medida, de frases ou fórmulas estandarizadas que podem adaptar-se conxuntamente para cubrir muitas das acçóns e acontecimentos comuns da experiência heroica. Tanto o âmplo âmbito desta cobertura como a sua surprehendente economía (xá que existía usualmente unha só expresón para nomear unha só ideia dentro dos límites de unha proporçón dada do hexámetro) som proba de que Homero utilizou unha dicçón “tradicional”, evolucionada ó largo de variadas xeraçóns por unha continuidade de cantores.

P. E. EASTERLING E B. M. W. KNOX (EDS.)