NIETZSCHE (O LOUCO)

Estamos agora em condiçóns de fazer unha ideia da profundidade que tem o conto de “O louco”. Aqueles que se encontram na praça exemplificam unha actitude passiva e conservadora típica da modernidade. Riem-se do louco porque non entendem que o anúncio da morte de Deus é muito mais do que unha simples declaraçón de ateísmo. Reconhecem que Deus morreu, mas ao mesmo tempo querem manter os priviléxios de um mundo rexido por unha visón metafísica. Sem se aperceberem, substituíram a fé relixiosa pola confiança no progresso económico e científico. Para eles, “qualquer sentido é melhor que sentido nenhum”. Son, pois, uns “nihilistas incompletos”. Embora a morte de Deus sexa um facto consumado, os homes da praça comportam-se como se non tivesse sucedido. Acreditam que o home que anda com unha linterna em plena luz do dia está “louco” precisamente porque lhes comunica unha notícia para a qual ainda non están preparados. Unha notícia que pón em perigo a paz medíocre do seu presente. Por isso, o louco – como Zaratustra, como Nietzsche – é um “filósofo do manhám”. A sua mensaxem “ainda está a caminho e non chegou aos ouvidos dos homes”. Consciente da sua solidón, afirma: “Cheguei demasiado cedo, ainda non é o meu tempo”. O ateísmo de Nietzsche non é unha postura fácil. É um ateísmo da vontade: non acreditar em Deus implica “querer” non acreditar em Deus. Um ateísmo que se propón lutar sem quartel contra qualquer vestíxio de metafísica e nihilismo presente nas nossas consciências. O aforismo intitulado “Novos combates” de A Gaia Ciência dá-nos unha ideia da magnitude da tarefa: “Deus morreu: mas da maneira como é a espécie humana, talvez durante milénios ainda haxa cavernas nas quais se mostre a sua sombra. E nós – também nós temos ainda que vencer a sua sombra!”. Este é, claramente, o ensinamento que tenta transmitir-nos o relato nietzschiano do louco. A sombra de Deus é mais comprida do que pensamos ser. E só quando conseguirmos vencer semelhante sombra, a “grandeza” da morte de Deus deixará de ser “demasiado grande” para nós. Chegado este ponto, os ateus (pós-)modernos som obrigados a interrogar-se: estamos xá à altura desse “enorme acontecimento” que é a morte de Deus? A pergunta é crucial. Enquanto acreditarmos que o nihilismo é um fenómeno superficial, enquanto non assumirmos que se trata de um mal que penetra em todos os âmbitos da vida, estaremos condenados a ser nihilistas. Cairemos, assim, presos num paradoxo: non seremos unicamente os assassinos de Deus, mas também as suas víctimas.

TONI LLÁCER

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