Arquivos diarios: 11/02/2020

NIETZSCHE (O LOUCO)

Estamos agora em condiçóns de fazer unha ideia da profundidade que tem o conto de “O louco”. Aqueles que se encontram na praça exemplificam unha actitude passiva e conservadora típica da modernidade. Riem-se do louco porque non entendem que o anúncio da morte de Deus é muito mais do que unha simples declaraçón de ateísmo. Reconhecem que Deus morreu, mas ao mesmo tempo querem manter os priviléxios de um mundo rexido por unha visón metafísica. Sem se aperceberem, substituíram a fé relixiosa pola confiança no progresso económico e científico. Para eles, “qualquer sentido é melhor que sentido nenhum”. Son, pois, uns “nihilistas incompletos”. Embora a morte de Deus sexa um facto consumado, os homes da praça comportam-se como se non tivesse sucedido. Acreditam que o home que anda com unha linterna em plena luz do dia está “louco” precisamente porque lhes comunica unha notícia para a qual ainda non están preparados. Unha notícia que pón em perigo a paz medíocre do seu presente. Por isso, o louco – como Zaratustra, como Nietzsche – é um “filósofo do manhám”. A sua mensaxem “ainda está a caminho e non chegou aos ouvidos dos homes”. Consciente da sua solidón, afirma: “Cheguei demasiado cedo, ainda non é o meu tempo”. O ateísmo de Nietzsche non é unha postura fácil. É um ateísmo da vontade: non acreditar em Deus implica “querer” non acreditar em Deus. Um ateísmo que se propón lutar sem quartel contra qualquer vestíxio de metafísica e nihilismo presente nas nossas consciências. O aforismo intitulado “Novos combates” de A Gaia Ciência dá-nos unha ideia da magnitude da tarefa: “Deus morreu: mas da maneira como é a espécie humana, talvez durante milénios ainda haxa cavernas nas quais se mostre a sua sombra. E nós – também nós temos ainda que vencer a sua sombra!”. Este é, claramente, o ensinamento que tenta transmitir-nos o relato nietzschiano do louco. A sombra de Deus é mais comprida do que pensamos ser. E só quando conseguirmos vencer semelhante sombra, a “grandeza” da morte de Deus deixará de ser “demasiado grande” para nós. Chegado este ponto, os ateus (pós-)modernos som obrigados a interrogar-se: estamos xá à altura desse “enorme acontecimento” que é a morte de Deus? A pergunta é crucial. Enquanto acreditarmos que o nihilismo é um fenómeno superficial, enquanto non assumirmos que se trata de um mal que penetra em todos os âmbitos da vida, estaremos condenados a ser nihilistas. Cairemos, assim, presos num paradoxo: non seremos unicamente os assassinos de Deus, mas também as suas víctimas.

TONI LLÁCER

LITERATURA CASTELÁN (6)

A única xésta castelán conservada quase íntegramente é, como veremos, o “Poema de Mio Cid”, de meiados do século XII, mas isto non quer dizer que non existiram antes del outros muitos cantares da mesma índole, e que este represente o começo da épica medieval. O problema foi largamente discutido e deu orixem a duas posiçóns fundamentais que se contraponhem radicalmente. O françês Bédier sostivo a que se denomina teoría “individualista”; para el, os grandes poemas que se conservam som os primeiros existentes – a “Chanson de Roland”, em França; o “Poema de Mio Cid”, em Espanha -, e ambos som obra de poetas individuais. A teoría de Bédier afirma, em síntese, que as cançóns de xésta non forom escritas até vários séculos despois dos sucéssos e sem relaçón directa com eles; forom, em consequência, criaçón de poetas cultos, de carácter clerical, que tomarom os dactos para as suas obras de fontes escritas, conservadas nalgunha abadía ou mosteiro. Frente a esta opinión, o grande mêstre Menêndez Pidal defendeu o que el chama a “teoría tradicionalista”. “Pensa o tradicionalismo – dí- que as orixens das literaturas românicas som muito anteriores aos textos hoxe subsistentes, e que estes non poidam ser explicados sem ter em conta unha larga tradiçón de textos perdidos, nos quais lentamente, se foi modelando a forma e o fundo dos diversos “xéneros literários”. Se o Roland ou o Mio Cid se contasem realmente entre as primeiras obras escritas em françês ou em castelán, sería um milágre literário absoluctamente incomprehenssíbel; tiverom que preceder-lhe muitos séculos de trabalho para que a vulgaridade de um e outro idioma nascente, e a dos seus falantes, fosse elevada à necessária dignidade artística. Nos textos conservados o xénio épico aparece constituído com caracteres formais e ideolóxicos totalmente estranhos às obras latinas antigas e alto-medievais que se pretende tenham sido inspiradoras únicas”. Rasgo fundamental desta poesía heroica é o seu carácter anónimo: “As literaturas românces nascem ignorándo-se a sí mesmas, desconhecendo por completo o valor e a consideraçón debidas à criaçón artística, e grande anacronismo comete a teoría individualista ó exaltar esse valor, essa consideraçón, nos tempos remotos, comparando-a ao que hoxe sucede. O autor de cada obra primitiva non suspeita a permanência da produçón artística, acude simplesmente à necessidade recreativa de um momento efímero, confundíndo-se com a colectividade à qual serve, abismándo-se nos gostos e nas ideias déla, e muito asombrado quedaría se lhe dixéram que o seu nome de baptismo debía ir unido a aquela obra; el recebe da comunidade um legado cultural anónimo, xá na forma imprecisa, xá reducido a verso, e versifica de novo ou reescrebe a obra anterior, sentindo-se tán anónimo como os outros. Esta anonímia é lei xeral em toda a época dos orixens literários, observândo-se sempre nos primeiros textos conservados; só mais tarde começam a aparecer algunhas obras que levam nome de autor, com as quais começa a época da arte pessoal, mentras a anonímia continua abundante, ainda que decrescendo, ó largo de toda a Idade Média”.

J. L. ALBORG