SOBRE O ENTE E A ESSÊNCIA

Din que neste caso a palabra “é” tem suposiçón de essência, non de existência, e que é mera cópula; e que, em consequência, aquela proposiçón é eterna e que assím se toma sempre nas ciências, e que incluso antes da criaçón do home essa proposiçón era verdadeira e que na mente divina estabam as essências todas das cousas. Partindo de aí escrebem maravilhas sobre o Ente e a Essência. ¿ Haberá algo mais vacío de sentido? De tal maneira desviam as palabras da sua significaçón própria e as corrompem, que a sua maneira de falar resulta totalmente diferente da dos seus pais, ainda que sendo a mesma. E quando acodes a eles para aprender algo, mudam de tal modo o significado das palabras anteriormente empregadas por tí, que xá non designam as mesmas cousas, as naturais, senon as que eles inventam para que tú, ávido de saber e totalmente ignorante de estas cousas novas, os escuites, admires, venéres e reverencies, como agudíssimos observadores da natureza, quando disputam e disertam subtilmente sobre essas cousas, tal como se lhes aparecerom nos seus insómnios, ainda que as exponham com surprehendente habilidade. Asombra tanta barbárie. ¿Há algo mais sinxélo, mais claro, de uso mais frequênte que a palabra “é”? ¡Quanta polémica, non obstante, sobre ela! Os nenos som mais doctos que os filósofos. Quando lhes perguntas se o seu pai “está” em casa, respondem que está, se está; quando lhes perguntas se é “mau”, negam que o sexa. O filósofo, em cambio, afirma que é um animal, um home inexistênte.

FRANCISCO SÁNCHEZ (QUE NADA SE SABE)

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