Arquivos diarios: 24/11/2019

O CONCEITO DE PASSADO (F35)

Esta ideia tem implicaçóns importantes para o nosso conceito de “passado”. Na teoria newtoniana, supôn-se que o passado existe como unha série bem definida de acontecimentos. Se vemos que o xarrón comprado em Italia, está no chán feito anácos e o nosso bêbê encima dele, mirando com cara compunxida, poderemos imaxinar a série de acontecimentos que concluírom nesta desgráça: os pequenos dedos deixando resbalar o obxecto, o floreiro caíndo e estilhazando-se em mil fragmentos ó chocar contra o chán. De feito, conhecidos os dactos completos sobre o presente, as léis de Newton permitem calcular unha descripçón completa do passado. Isto é consistente com a nossa compreensón intuitiva de que, alegre ou triste, o mundo tem um passado bem definido. Podería ser que ninguém estivera observando, mas o passado existiría com tanta certeza como se tivéramos estado sacando unha série de fotografias dél. Mas, em câmbio, non se pode dicer que um fulhereno quântico tenha tomado um caminho bem determinado desde a fonte à pantalha. Podemos determinar a posiçón de um fulhereno observândo-o, mas entre duas observaçóns consecutivas qualquer toma todos os caminhos. A física quântica nos confirma que por muito completa que sexa a nossa observaçón do presente, o passado (non observado) e o futuro som indefinidos e só existem como um espectro de possibilidades. Segundo a física quântica, o universo non tem um só passado ou unha única história.

STEPHEN HAWKING E LEONARD MLODINOW

KANT (PRIVATDOZENT)

À marxem dos estudos formais e da boa literatura, gostaba de xogar às cartas e de bilhar, que lhe traziam também rendimentos atípicos. Kant também foi xovem: non um home arrebatado, claro, nem arrastado pelo “Sturm und Drang” (“tempestade e ímpeto”) que caracterizaria o romantismo alemán posterior, mas foi xovém. Gostaba de ir a festas e non o repugnaba um bom vinho, ao ponto de, em certa ocasión, lhe ter custado encontrar o caminho de regresso a casa. Tinha um saudável sentido do humor, que um biógrafo alemán caracteriza como inglês (à falta de conhecer se existe e, em caso afirmativo, em que consiste, um sentido de humor alemán, ou prussiano). Teve companheiros e amigos com quem gostaba de falar longa e profusamente acerca de questóns prácticas, teóricas e morais e, desde cedo, manifestou um carácter sociável e amante do trato humano que se manteria ao longo dos anos. O xovem Kant, além de ser responsábel e estudioso, era também unha pessoa amável e atenta. A morte do pai, em 1746, atrasou a licenciatura de Kant, que, nos oito anos seguintes, ganhou a vida como preceptor privado em diversas casas endinheiradas dos arredores de Königsberg, nas quais deixou unha agradabilíssima recordaçón como pessoa e como educador; com muitos dos seus membros manteve unha relaçón amistosa durante toda a vida, ao ponto de alguns dos seus antigos pupilos se aloxarem na casa do mestre quando iam cursar os seus estudos superiores em Königsberg. Em 1755, aos trinta e um anos, obteve um título a que hoxe chamaríamos doutoramento e com ele o cargo académico de “privatdozent”, que, se, por um lado, non lhe trazia um salário da universidade, por outro, habilitava-o para dar aulas oficiais aos estudantes e a receber dinheiro directamente das suas famílias. Nos quinze anos seguintes, solicitou por duas vezes, em vám, unha cátedra da universidade, que lhe foi negada por motivos económico-administractivos ou por questiúnculas internas entre os que estavam encarregados de outorgá-la. Nesse período, publicou trabalhos de física e matemática que lhe deram renome; e, antes de rexeitar, como filósofo célebre, ofertas de universidades prestixiadas (por exemplo, a de Berlim), fez ouvidos de mercador, como mero aspirante e simples académico, às propostas de outras instituiçóns, tal era o seu apego à sua cidade natal. Nesses quinze anos prévios à cátedra, ensinou de tudo um pouco para ganhar a vida: lóxica, metafísica, matemática, ética, física, antropoloxia, xeografia física, ciências naturais, direito natural, pedagoxia; chegou a dar vinte horas de aulas por semana para poder xuntar um salário, ao qual, durante os últimos quatro anos, acresceram uns rendimentos como axudante de bibliotecário.

JOAN SOLÉ