Arquivos diarios: 17/11/2019

NIETZSCHE (A POLTRONA DO PRESENTE)

O núcleo metafísico que latexa sob a racionalidade iluminada e científica, manifesta-se de forma especialmente nítida na concepçón moderna da história, concepçón que acredita que a história humana possui um motor interno, unha lei própria: o progresso. A humanidade move-se sempre por unha linha ascendente, aperfeiçoa-se sem cessar, “progride”. Cada época non só “sucede” à precedente, como a supera. (Non nos parece, por acaso, que os seres humanos de hoxe vivem “melhor” do que os da Antiguidade, os da Idade Média ou os do século passado?) Karl Marx e Charles Darwin, ambos contemporâneos de Nietzsche, exemplificam perfeitamente esta visón da história. Segundo a teoria marxista, as sociedades humanas avançam graças ao motor da luta de classes: do feudalismo passamos ao capitalismo, e daqui avançaremos para o comunismo, etc… Por seu lado, a teoria darwinista amplia o esquema do progresso ao resto das criaturas da Terra: todos os seres vivos evoluem em virtude da lei da seleçón natural. Nietzsche é, de forma xeral, alérxico a semelhante tipo de pensamentos teleolóxicos. “Telos” em grego significa “finalidade”; unha forma de pensar é “teleolóxica” se considerar que as cousas têm por si mesmas um propósito ou se orientam para um fim.) Como vimos no capítulo anterior, xá no seu primeiro libro Nietzsche criticou a ideia de progresso. Por um lado, ao afirmar que a cultura moderna é pura “décadence” em comparaçón com a antiga cultura tráxica, refutou a noçón de progresso cultural; por outro lado, ao atacar o optimismo racionalista de raiz socrática, destruíu a base do progresso científico. Para Nietzsche, o marxísmo, o darwinismo ou o cientificismo non son mais do que três maneiras de ordenar o xigantesco caos da história do nosso planeta. Três mitos que nos axudam a mitigar o vazio existencial que a morte de Deus nos deixa. Embora tais concepçóns possam parecer progressistas, Nietzsche considera que se limitam a alimentar o niilismo em que estamos instalados e, com isso, impedir que possamos sair dele. Enquanto confiarmos no progresso, enquanto continuarmos a incutir um sentido externo e transcendente aos assuntos humanos, continuaremos acomodados na poltrona do nosso presente.

TONI LLÁCER