
Quando se penetra no nosso país, desde Portugal, a fermosura da paisaxém non permite pensar em cousa algunha. Mas antes de vadear o Minho, polos encantados lugares nos que as àguas pertencem a dous reinos diferentes, é impossíbel escapar à diversidade de reflexóns que surxem na nossa alma. Céu e Terra afirman a unha voz que os que alí viven som nossos irmáns; que a bandeira azul e branca dos Braganças, cobre a povos de sangre galega. A sua fala é tán nossa como os seus mares. As nossas montanhas salvam todo limíte, e com os seus brazos de granito unem, como noutros tempos, ós que tenhem unha mesma orixém, unha mesma história. Às veces arraigada em terra de ambas naçóns a arbore, dá sombra a xentes que sendo unas, se tenhem por diversas. Nos separam mais duramente do resto da peninsula as àsperas alturas do Manzanal, e a estepa de Terra de Campos o limíte mais acusado do território galego, que non é o caso do Minho e das cordilheiras de Penagache e Esculqueira. Desde que as àguas do nosso grande río correm unidas ó mar, o ar, a estaçón, o home e as ondas som iguais em ambas ribeiras. Caminha e A Guarda, pontos avanzados, se miram nas mesmas àguas. Os raios do Sol as firem por igual: as cançóns que resoam no ar tenhem unha só cadência; os páxaros aquáticos pousam o seu voo indistintamente em ambas marxens, que agora se chamam fronteiras. As pequenas ilhas, que cobertas de verdura parecem flotar indecisas sobre as àguas irmandadas, pertença de uns e de outros; os barcos que cruzam as ondas irritadas parecen feitos para viaxar e combater xuntos baixo um mesmo pabilhom. ¿Por qué están separados? Só o céu o sabe; ainda que é certo que aquelas xentes, filhas de um mesmo pai, alimentam entre sí rencores como os de Caín e Abel. Se duvidamos de que som unos, nos-lo diría a fereza com que se combatem, o mútuo despreço que se profésam, o duro dos ódios que a cada momento se levantam no seu corazón com redobrado ímpetu e furor. Héis aquí, que despois de saúdar a fronteira galega e de ver desde terra portuguesa passar diante da nossa vista, como encantado panorama, A Guarda com o seu promontório, as aldeias que povoam o val do Rosal e os diversos eidos que branqueiam ó largo da costa, nos momentos de estreitamento do rio, divisam-se claramente as diferentes povoaçóns da Galleira, xá se ouvem as cantigas da Terra, (…) O que entra ó nosso país por tán encantadores lugares, elhe impossíbel negar que poucos paisaxens podem comparar-se com estes que se presentam diante dos nossos olhos. De um lado a ribeira portuguesa coberta de frondosa vexetaçóm, aparecendo a pequena colina amuralhada de Valença. Do outro Tui, que desde a altura extende as suas ruas em declíve, ó longo das barreiras, entre hortas e xardíns, como quem vai buscando as àguas e as sombras do seu rio bem amado. Ó que tenha gozado dos agrestes e solitários desfiladeiros de Pedrafita e Nogais, encantadas Tebaidas onde se perdem e apagam os ruídos do mundo, a visón de Tui e dos seus poéticos arredores o surprêndem e maravilham, presentándo-se à sua vista como habitada pelos deuses. A fábula que fai deter alí ao filho de Diomedes, no é mais sorrinte que aquel Céu e aquela terra fermossíssima. A adelfa, que medra apenas nos desolados cauces dos quais é o único adorno, torna-se aquí unha árbore que se cubre de eternas flores purpúreas. A camélia fai-se tamém árbore; a laranxeira, coberta de frutos dourados, chega à altura dos castanheiros que medram ó seu redor. O dia, no que estas comarcas sexam mais frequêntadas, Tui será unha estaçón priviléxiada. Quando os vapores remontem o rio e rompam aquelas àguas apacíbeis e como dormidas, verá-se que non há nada mais fermoso que estas correntes e as suas frondosas marxens. Desde Tui a Salvaterra, perto de nove léguas, a paisaxém é das que quedam grabadas na alma e para sempre o seu imperecedeiro recordo. (…) Hái-nos que estám xá acostumados à fermosura sem limítes destes campos galegos, non se passa por estes lugares encantados, sem admiraçón e asombro. É impossíbel que em parte algunha da terra se encontre lugar mais apacíbel, mais fresco, mais cheio de luz. O tíbio do ar, o suave dos matices, o brando dos rumores, a luz, as folhas, os céus, a sossegada corrente, tudo encanta e embelesa. ¡Oh dulcíssimas soidades, eternalmente xovens e fermosas, digno límite de este país galego, tán pródigo em semelhantes espectáculos, se surpreendesteis a um corazón habituado à vossa beleza, qué farás, dí-nos, aos que acostumados às austeridades e à gravidade da estepa, lonxe das cousas risonhas, cruzam por primeira vez estes caminhos e contemplam estas ribeiras cobertas de folhas e de verdura, povoadas de rumores, que semelham as antigas melodias, deixam no corazón os seus monotonos e indescifrábeis encantamentos! As almas doentias, as que presa de inextinxíbeis inquietudes buscam o retiro solitário, as ondas silenciosas, as calzadas umbrías; os que amam a natural eloquência dos seres inanimados, atopariam facilmente nestes sítios quanto deba enchê-los de calma bemfeitora tán necesária. (…) A sua melancolía fere; a sua beleza enxendra pensamentos risonhos; (…); as horas passam caladas e lentas como as àguas do rio; as paixóns perdem a sua impetuosidade; as afeiçóns ganham em intensidade e duraçón; o home, em fím, parece reflexar em sí mesmo algo da beleza e da tranquilidade dos paisaxes que o rodeiam.
MANUEL MURGUÍA