Arquivos mensuais: Novembro 2019

OS SOFISTAS (O HOME COMO MEDIDA)

Autênticas bestas negras para Arístocles (Platón), os sofistas foram um grupo de filósofos e educadores que dominarom a cena intelectual de Atenas no final do século V a. C. De facto, a palabra “sofista” non possuía entón a conotaçón pexorativa com que hoxe a empregamos, e que devemos em boa medida à mala imaxe que deles transmitiu Platón para a posterioridade. Sofista significaba pura e simplesmente “professor” e, por esse termo, era designada unha série de educadores que ganhavam a vida instruindo os xovens a troco de unha paga. Dous eram os elementos da sofística que despertavam o receio, senon mesmo o ódio, entre unha grande parte da populaçón grega. O primeiro residia no facto de, ao contrário dos sábios d’outrora, os sofistas non reunirem em torno de si um grupo de discípulos pelo mero prazer de difundir as suas ideias, antes faziam-se pagar e viviam disso: eram profissionais do ensino. Isto que hoxe provavelmente non nos parece particularmente grave era visto como um autêntico escândalo pelos integrantes (entre eles Platón) dos sectores mais snobes e aristocráticos das pólis gregas. Em suma, e sem que as cousas tenham mudado nem um pouco, os que desprezavam o “vil metal” e o interesse crematístico eram precisamente aqueles que o tinham garantido e non tinham necessidade de ganhá-lo. Em segundo lugar, e também substancialmente diferente dos modelos da sabedoría do passado, a educaçón subministrada pelos sofistas non tinha um obxectivo teórico de alcançar e descobrir a verdade. Pelo contrário, a sua finalidade era eminentemente práctica: adquirir as técnicas necessárias para impor o próprio argumento. Com efeito, na democracia ateniense, rexida por um sistema de participaçón directa dos cidadáns nos assuntos da pólis e com abundantes litíxios e xulgamentos, a capacidade para dominar com habilidade a arte da palabra era um requisito imprescindíbel para o sucesso na política. No calor desta circunstância nasceram e multiplicarom-se os sofistas, como mestres na arte da rectórica e da oratória cuxa principal preocupaçón foi, por conseguinte, desenvolver e transmitir as técnicas necessárias para defender e convencer a audiência de um raciocínio, independentemente de este ser verdadeiro ou falso, moral ou imoral. A ênfase no aspecto práctico da discussón conduziu-os com frequência a posiçóns relativistas ou escépticas: non existia unha verdade com letras maiúsculas, tudo dependia dos pontos de vista, dos usos e costûmes, da forza dos argumentos. Para Protágoras “o home é a medida de todas as cousas, das que som enquanto som e das que non som enquanto non som”, e para Górxias nada existia, se existisse seria incognoscível, e se existisse e fosse cognoscível seria incomunicábel. É comprehensíbel que semelhantes pensamentos, nas máns de algúns dos seus membros menos dignos, os tornassem merecedores da péssima fama que adquiriram entre muitos gregos.

E. A. DAL MASCHIO

LITERATURA CASTELÁN (3)

As mais antigas manifestaçóns conhecidas da literatura castelán correspondem à poesía épica; mais concretamente à epopeia. Os ainda mais recentes descubrimentos de pequenas formas líricas, chamadas “jarchas” (que estudaremos no capítulo seguinte) anticiparía em mais de um século os limites cronolóxicos desta literatura e esixiría comezar a sua história pola poesía lírica como mais antiga. Optamos, non obstante, por seguir a mais estendida costûme de estudar a épica em primeiro lugar: de um lado, porque as citadas jarchas mais que poesía castelán propriamente ditas som fragmentos muito breves de romance mozárabe, adheridos a composiçóns líricas arábigas e hebreias; e ademais, porque sendo escasa também a diferença cronolóxica, o valor intrínseco do “Poema de Mío Cid”, primeira obra épica conservada, excede até tal ponto as jarchas líricas, que bem merece ser o pórtico desta história literária. Digamos de passada que a prioridade de apariçón entre a épica e a lírica constituie um problema de soluçón quase impossibel. Deixando aparte o dacto concreto e real de que pertenzam a um ou outro xénero os primeiros monumentos conservados – feito que pode variar de unha a outra literatura -, é muito difícil precisar qual dos dous xéneros poéticos está mais entranhabelmente arraigado nos lontanares psicolóxicos dos povos, e qual nasce primeiro, polo tanto: se o desexo de conhecer, de informar, de comunicar os feitos de interês comúm, que están na raíz mesma da épica, ou a necessidade de exteriorizar os sentimentos próprios, estimulados pelas paixóns individuais ou pelos acontecimentos colectivos. A pergunta quase é ociosa; o mais probabel é que épica e lírica nasceram ó mesmo tempo, e que nem sequer se distinguiram nos seus começos, ó menos non na medida na que o tempo e a sua própria evoluçón as haberíam de diferenciar.

J. L. ALBORG

SÓCRATES (NA ÁGORA DE ATENAS)

Para além de exemplos de coraxem e dignidade, nas informaçóns sobre Sócrates também há lugar para aspectos mais divertidos e prosaicos da vida do grande filósofo. Estaba casado oficialmente com Xantipa, paradigma da mulher irascíbel e resmungona, se nos ativermos àquilo que dela se conta: Sócrates “dizia que conviver com unha mulher agressiva é como os cavaleiros com os cavalos impectuosos: “tal como eles”, dizia, “ao domarem os que assím són, conseguem facilmente controlar os outros, também eu, depois de ter vivido com Xantipa, consigo adaptar-me às outras pessoas”. Parece que com frequência o repreendia em público, chegando inclusive a agredir o filósofo. Nunca puidem deixar de imaxiná-la como unha corpulenta mulher da banda desenhada que, ataviada com um avental e de rolo da massa em punho, tira o marido do bar aos empurróns, gritando “lá estás tu a perder o tempo com os teus amiguinhos”, só que, em vez de ir ao bar, Xantipa ia buscar Sócrates à ágora. Na defesa da pobre mulher, cabería dizer que non devería ser fácil conviver com um marido sem ofício nem rendimento, que se dedicaba a passear-se pola ágora, conversando com o primeiro transeunte que passasse (e soltando constantemente a famosa frase “com tudo isto, quería decir o qué?), enquanto ela tratava da casa e dos três filhos (um natural e dous posteriores). Com efeito, além de Xantipa, nái de Lâmprocles, diz-nos Aristóteles que Sócrates também se casou com Mirto, de quem teve outros dous filhos, Sofronisco e Menéxeno. Parece que o aspecto físico de Sócrates non estaba à altura da sua estatura intelectual, pois era pouco agraciado, se usarmos um respeitoso eufemismo, ou claramente muito feio: baixo, com um naríz achatado e unha barriga proeminente, era “o mais feio de todos os Silenos que apareciam nos dramas satíricos”. Como se fosse pouco, fazia acompanhar os seus escassos atractivos físicos de unha indumentária afim ao seu proverbial desprezo polos bens materiais, andando sempre vestido com roupa velha e puída e com os pés descalzos, sem se importar com o frio ou com o calor. Sempre que passeava pola próspera e rica Atenas e observava a quantidade de bens e luxos que nela se vendiam, congratulava-se dizendo a si próprio: “De quantas cousas non tenho necessidade!”.

E. A. DAL MASCHIO

DE MANÓBRAS

Adquerim a certeza inapelábel, de que, se eu non era mais tonto, era porque non ensaiaba. Passei totalmente de Alicia, e puxem-me a cavilar, sobretudo na maneira de desertar. Xá que non vislumbrába a forma de poder facê-lo com garantias. Ós alevíns de xenerais, dei-lhes as clásses todas equivocadas, e em Xunho cateárom todos. O notário foi polo dereito, e os seus alumnos aprobarom todos, com o qual fiquei em entredito. Mas, como ningúm dos pupilos tomaba apontamentos, e eu os convencéra que era melhor exercitar a memória, que foram reclamar ó “Maestro Armero”. Non podiam probar nada! Xá levábamos várias horas de trasego, envalentonados pola arma e o uniforme, quando Pedro se puxo farruco com um taberneiro, que non queria dar de beber. Este, afirmaba que estábamos manchando o uniforme com a nossa borracheira, o qual, aparte do fervor patriótico do droguísta, era verdade. Gásus, a que se armou! Eu, que non estaba nuito mais enteiro, ainda que sim um pouco menos agressivo, tivem que conter por duas vezes o cabo Pedro: a primeira começou por pôr-se grosseiro com duas moças, às que inclúso chegou a apalpar-lhes o cú. O noivo estaba presente, e non passou unha desgraça, porque o notário se atravessou no meio, apaciguando os animos exaltados. Ambrósio Urquijo Sacristán, a partir desse momento, separou-se de nós e voltou para o vagón; mas Pedro dixo que o chefe era el, e non lhe deu a chave. Pouco despois, aproveitando que passaba um cura, soltou unha blasfémia infernal. O cura voltou-se, mansamente airado, fixo o sinal da cruz e musitou unha xaculatória de desagráviu. Non fixo mais, mas Pedro arrancou-se tambaleante, e menos mal que eu me interpuxem no seu caminho a tempo. Cheirábamos a vinho que apestábamos, o vinho que por natureza e crianza cheira bem, e até resulta aromático, misturado com os xugos àcidos do estômago, resulta unha peste. O cantineiro non era tán manso como o cura e, ademais, eu estaba cansado de fazer de barricada; ameaçou chamar a polícia militar, e com esta intençón se aproximou do telephone. O cabo, encarou o mosquetón, pegou o ferrolho e eu pensei que ali ibamos a fenecer todos. Passou-me a borracheira de golpe, e puidem calmá-lo, xogando-me um tiro a queima roupa. Pedím disculpas ao taberneiro, e a empuxóns, saquei o Pedro da cantina. Comigo, pesse ao seu vinho tán ágrio e belicoso, o cabo non se atrevía. Era consciente de que podia ser tán atravessado ou mais do que el. A noite tinha refrescado, e o frescor caminho da estaçón, acabou por devolver-me unha mortal lucidêz. Non me fiaba que o cantineiro, unha vez só, non tivera chamado à polícia e, nestes momentos, pensei outra vez em desertar. À merda com Pedro, à merda com as muniçóns e à merda com tudo. Os feitos, de descubrir-se, eram o suficientemente gráves como para colocar-nos ante um Conselho de Guerra. E eu non estaba disposto a enfrentar-me a este risco. Total, estaba a quarenta quilómetros da minha localidade; era questón de chegar, confessar à minha nái o que acontecera, colher o pouco dinheiro que houbera na casa e marchar para Alemanha. Mas, se chego de súbito, armado e prófugo, à minha nái dá-lhe um atáque. O Pedro, o cabo com mala bebida, nem o fresco da noite o tinha despexado. Assím que carguei com ele e, na proxima fonte que encontrei, metim-lhe a cabeza até que fixo gorgoritos de afogado. O cabo Pedro, o do mal vinho, esquentaba como um condenado e quería montar o mosquetón. Mas, eu xá tinha os ferrolhos no bolso, e non podia. A trancas e barrancas, cruzando raíles e tropezando com o balastro, chegamos à zona militar, ou sexa ao arsenal abandonado. Apoiado contra o vagón, dormitaba o notário, Pedro acomodou-se num leito de palha que lhe preparamos, e ó pouco xá roncaba como unha locomotora. Estába-se bem alí, naquel vagón. E se ninguém aparecia antes das oito, hora à que o enganchariam ó mercadorias, era como se non tivéra passado nada.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO

RUSSELL (UM EU MÚLTIPLO)

Esperançado com a xovem revoluçón, em 1920 visitou a Rússia com unha delegaçón para analisar as consequências daquele processo e reuniu-se com Vladimir Lenine. Na sua “Autobiografía” descreve a decepçón produzida pola conversa e, em xeral, polo rexíme bolchevique, que considerou autoritário e cruel. Apresentou esta experiência em “Práctica e Teoria do Bolchevismo (The Practice and Theory of Bolshevism), o que nos tempos da Guerra Fria lhe granxeou a simpatia dos conservadores. Nesse ano de 1920, era parceiro de Dora Black, com quem visitou Pequim para dar conferências de filosofia durante um ano. No seu regresso, em 1921, Dora engravidou e Russel decidiu, por fim, divorciar-se de Alys. Dora Black, feminista e socialista que Russell conhecera nas campanhas contra a guerra, também visitará a Rússia bolchevique e, ao contrário de Russel, era a favor da revoluçón. Os dous tiverom três filhos – John, Katharine e Harriet -, o que os incentivou a fundar unha escola em que as ideias inovadoras de ambos sobre educaçón fossem postas em práctica. A escola de Beacon Hill funcionou até 1943, mas, em 1932, Russel abandonou a experiência na sequência da dissoluçón do seu casamento. Nesta época, Russell sustentava a família com as suas conferências e libros de divulgaçón sobre diversos temas, como física, educaçón ou moral. Com a perda dos rendimentos estábeis do trabalho académico, teve de viver como “freelancer” até 1944, ano em que foi readmitido em Cambridge. Apesar das suas orixens aristocráticas non tinha grandes recursos, antes polo contrário: a pequena herança da avó foi gasta na publicaçón de “Principia Mathematica”; em 1931, com a morte do irmán, Frank, Russell herdou non só o título de conde como dívidas permanentes, pois durante toda a sua vida teve de pagar unha pensón à segunda mulher de Frank, por obrigaçón legal, e igualmente de sustentar a família que tinha com Dora, além de se encarregar das suas novas relaçóns. Estas obrigaçóns permanentes explicam a intensa actividade editorial de Russell, que, embora por vezes tenha perdido em profundidade e intensidade filosófica, resultou em obras-primas da divulgaçón filosófica pola sua clareza e estilo. Voltaria a casa em 1936, dessa vez com Patricia Spence (chamada “Peter” nos seus textos), estudante de Oxford, antiga ama dos seus filhos e funcionária da escola de Beacon Hill, que, como foi dito acima, Russell abrira xuntamente com Dora. Com Patricia teve um novo filho, Conrad, que se tornaria historiador e figura de destaque do Partido Liberal.

FERNANDO BRONCANO

CANCIONEIRO D’AJUDA

. XXXVIII.

No mundo non me sei parella

mentre me for como me vay. ca ia moi

ro por vos e ay mia sennor branca e

vermella. queredes que vus retraya.

quando vus eu vj en saya. mao dia

me levatey. que vus enton non vj

fea.

E mia señor des aquel. dia. y.

me foy ami muy mal.

e vus filla de don paay.

moniz eben vus semella.

daver eu por vos guaruaya.

pois eu mia señor dalfaya.

nunca de vos ouve ne ey.

valia dua correa.

CANCIONEIRO D’AJUDA (XXXVIII)

PRINCIPAIS TRADUCTORES DO ÁRABE PARA O LATIM (2)

Gerardo de Cremona (1114 – 1187). Este estudoso italiano foi o mais fecundo dos traductores do século XII, embora pouco se saiba da sua vida. Graças ao colofón de unha traduçón sua de Galeno, redixido pelos seus discípulos após o seu falecimento, sabemos que a sua paixón pola ciência o levou a Toledo e quantas traduçóns realizou. No total, traduziu três tratados de dialéctica, dezassete de xeometría, doze de astronomía, onze de filosofía, vinte e um de medicina, três de alquimia e quatro de xeomância. A ele devemos a recuperaçón da astronomía grega na Europa medieval, assim como a transmissón ao Ocidente latino das obras mêstras da medicina Árabe. Destaquemos as suas traduçóns de Ptolomeu (Almagesto), Avicena (Cânone de Medicina), al-Razi (Enciclopédia Médica), Abulcasis (Cirurxía), Hipócrates e Galeno, al-Khwarizmi e o Aristóteles Árabe (Física, Meteorolóxicos e Sobre o Céu e o Mundo).

Miguel Escoto (perto do 1175 – 1235). É um dos grandes traductores e o principal de Averróis. Nasceu na Escócia e formou-se em Toledo, desenvolvendo a maior parte do seu trabalho sob a proteçón do imperador Frederico II na Sicília, onde faleceu. Além da Zooloxía (Historia Animalium) de Aristóteles e de unha obra astronómica de al-Bitruyi, traduziu os seguintes escritos de Averróis vinculados ao Corpus Aristotélico: Grande Comentário sobre a Alma, Grande Comentário à Física, Grande Comentário sobre o Céu, Comentário Médio acerca da Xeraçón e da Corrupçón e Compêndio dos Breves Tratados Naturalistas.

Hermán, o Alemán (t 1271). De orixem xermánico, foi bispo de Astorga (León) desde 1266 até ao seu falecimento. Com a axuda de moçárabes traduziu de Averróis os Comentários Médios à “Ética a Nicómaco”, à “Poética” e à “Rectórica”, que tiveram unha grande influência no mundo latino pola sua novidade.

ANDRÉS MARTÍNEZ LORCA

O CALDO VERDE

É um prato para ésta altura do ano, quando as berzas están verdes e tenrrinhas das abundantes chuvas deste Novembro do 2019:

Para um litro e meio de àuga, esprugamos 600 gramos de patacas, unha cebola e dous dentes de alho. Despois de meia hora ó lume com 1,5 dl de aceite, trituramos tudo em purê. Seguidamente, cortamos em xuliana muito fina uns seiscentos gramos de berzas galegas, unhas rodelas de chourizo de carne e unha rabanada de broa de milho. Colocamos o purê ó lume, e quando comezar a ferver deitamos a couve fiada dentro, até que perca o sabor a crú, logo apagar o fogo e deitar porriba um chorro de azeite crú.

LÉRIA CULTURAL

LITERATURA CLÁSSICA LATINA (2)

“Graecia capta ferum victorem cepit”, “Grecia cautiva cautivou o seu fero vencedor”. A história da literatura romana efectivamente comeza com Ennio. Nas suas comêdias, Plauto tinha reproducido os seus modelos gregos em metros nos que a influência do seu latim materno é aparente. Ó naturalizar o hexámetro grego como metro da épica nacional, “os Annais”, Ennio estabeleceu um princípio que despois nunca mais se modificou. A dependência literária de modelos gregos era parte de unha aceitaçón xeneralizada, universal e inquestionada, da cultura contemporânea grega por parte dos romanos do século II a. C. De esta maneira, a nascente tradiçón literária romana encontrou-se, quase da noite para a manhám, herdeira non só dos caudais da literatura grega mesma, senon de um corpus abundante e altamente desarrolhado de teoría e práctica crítica, gramatical e reitórica. A asimilaçón de esta enorme quantidade de alimento intelectual foi unha prodixiosa tarefa nunca inteiramente completada. Tomemos dous exemplos dos extremos da época abarcada: parece duvidoso que incluso o conhecimento de primeira mán de Cicerón da poesía e da filosofía gregas tán considerábel como parecen suxerir as suas alusóns, tomadas no seu valor aparente; e Claudiano era evidentemente excepcional entre os seus contemporâneos pola sua erudiçón em ambas falas. Pode questionar-se se algunha vez existíu unha cultura literária grecorromana verdadeiramente unificada; se assím foi, a sua vida sería curta e precária. Juvenal e Luciano (especialmente no seu “De mercede conductis”) ilustram a mútua antipatía entre gregos e romanos e, mais especialmente, a natureza unilateral do intercambio cultural. Amiano Marcelino e Claudiano, cuxa fala materna era o grego, mas que escreberom em latim, som bastante atípicos. O que pode afirmar-se com seguridade é que os poetas latinos a partir de Catulo e Lucrécio supunham nos seus leitores unha familiaridade ou um conhecimento em todo o caso, de unha ampla esfera da poesía grega. A educaçón também subscrebía, na teoría, um ideal similar. Por outra parte, a crítica e esexése da literatura latina realizaba-se através “da aplicaçón e o abuso dos métodos alexandrinos”. Neste sentido, o consumidor literário romano pode dicer-se que era prisioneiro da cultura grega.

E. J. KENNEY W. v. CLAUSEN (eds.)

PRINCIPAIS TRADUCTORES DO ÁRABE PARA O LATIM (1)

Mosé Sefardita, xudeo converso com o nome de Pedro Afonso ( perto do 1062-1130), conhecido sobretudo polo seu libro de literatura didáctica Disciplina Clericalis, mas cuxo mérito científico está no facto de ter traduzido as tabelas astronómicas de al-Khwarizmi; o seu trabalho docente foi igualmente relevante.

Adelardo de Bath (t1152). Primeiro arabista britânico e discípulo de Pedro Afonso, traduziu para latim os Elementos de Euclides e escreveu um diálogo intitulado Questóns Naturais, no qual contrapón a inovadora ciência árabe ao antiquado ensino latino.

Hugo de Sanctalla (brilhou por volta de 1130). Explorou a fundo unha riquíssima biblioteca andaluza procedente de Saragoça a pedido do bispo Miguel de Tarazona, muito interessado na astroloxía e na astronomia. Traduziu o comentário de Ibn al-Mutanna às tabelas de al-Khwarizmi, um volume de astroloxía, um libro de previsóns meteorolóxicas inspirado em teorías indianas e um tratado anónimo de xeomância.

Robert de Ketton (afirmou-se por volta de meados do século XII). Traduziu unha obra astrolóxica de al-Kindi e um tratado de alquimia. Foi o primeiro traductor latino do Corán.

Hermán, o Dálmata (t1143). Fez parte do grupo de traductores de temas científicos e relixiosos criado por Pedro, o Venerável, abade de Cluny. Devemos-lhe a traduçón de duas importantes obras de ciência: o Planisfério de Ptolomeu, com os comentários de Maslama de Madrid, e a Introduçón à Astronomia do astrónomo persa Albumasar.

Domingo Gundisalvo (afirmou-se entre 1178-1190). Cónego de Segóvia e protexido do arcebispo de Toledo, interessou-se especialmente por temas especulativos, sobre os quais chegou a escrever alguns tratados. Traduziu obras dos filósofos e teólogos orientais al-Farabi (Classificaçón das Ciências), Avicena (Sobre a Alma e Metafísica) e al-Ghazâli (Intençóns dos Filósofos).

ANDRÉS MARTÍNEZ LORCA

O CONCEITO DE PASSADO (F35)

Esta ideia tem implicaçóns importantes para o nosso conceito de “passado”. Na teoria newtoniana, supôn-se que o passado existe como unha série bem definida de acontecimentos. Se vemos que o xarrón comprado em Italia, está no chán feito anácos e o nosso bêbê encima dele, mirando com cara compunxida, poderemos imaxinar a série de acontecimentos que concluírom nesta desgráça: os pequenos dedos deixando resbalar o obxecto, o floreiro caíndo e estilhazando-se em mil fragmentos ó chocar contra o chán. De feito, conhecidos os dactos completos sobre o presente, as léis de Newton permitem calcular unha descripçón completa do passado. Isto é consistente com a nossa compreensón intuitiva de que, alegre ou triste, o mundo tem um passado bem definido. Podería ser que ninguém estivera observando, mas o passado existiría com tanta certeza como se tivéramos estado sacando unha série de fotografias dél. Mas, em câmbio, non se pode dicer que um fulhereno quântico tenha tomado um caminho bem determinado desde a fonte à pantalha. Podemos determinar a posiçón de um fulhereno observândo-o, mas entre duas observaçóns consecutivas qualquer toma todos os caminhos. A física quântica nos confirma que por muito completa que sexa a nossa observaçón do presente, o passado (non observado) e o futuro som indefinidos e só existem como um espectro de possibilidades. Segundo a física quântica, o universo non tem um só passado ou unha única história.

STEPHEN HAWKING E LEONARD MLODINOW

KANT (PRIVATDOZENT)

À marxem dos estudos formais e da boa literatura, gostaba de xogar às cartas e de bilhar, que lhe traziam também rendimentos atípicos. Kant também foi xovem: non um home arrebatado, claro, nem arrastado pelo “Sturm und Drang” (“tempestade e ímpeto”) que caracterizaria o romantismo alemán posterior, mas foi xovém. Gostaba de ir a festas e non o repugnaba um bom vinho, ao ponto de, em certa ocasión, lhe ter custado encontrar o caminho de regresso a casa. Tinha um saudável sentido do humor, que um biógrafo alemán caracteriza como inglês (à falta de conhecer se existe e, em caso afirmativo, em que consiste, um sentido de humor alemán, ou prussiano). Teve companheiros e amigos com quem gostaba de falar longa e profusamente acerca de questóns prácticas, teóricas e morais e, desde cedo, manifestou um carácter sociável e amante do trato humano que se manteria ao longo dos anos. O xovem Kant, além de ser responsábel e estudioso, era também unha pessoa amável e atenta. A morte do pai, em 1746, atrasou a licenciatura de Kant, que, nos oito anos seguintes, ganhou a vida como preceptor privado em diversas casas endinheiradas dos arredores de Königsberg, nas quais deixou unha agradabilíssima recordaçón como pessoa e como educador; com muitos dos seus membros manteve unha relaçón amistosa durante toda a vida, ao ponto de alguns dos seus antigos pupilos se aloxarem na casa do mestre quando iam cursar os seus estudos superiores em Königsberg. Em 1755, aos trinta e um anos, obteve um título a que hoxe chamaríamos doutoramento e com ele o cargo académico de “privatdozent”, que, se, por um lado, non lhe trazia um salário da universidade, por outro, habilitava-o para dar aulas oficiais aos estudantes e a receber dinheiro directamente das suas famílias. Nos quinze anos seguintes, solicitou por duas vezes, em vám, unha cátedra da universidade, que lhe foi negada por motivos económico-administractivos ou por questiúnculas internas entre os que estavam encarregados de outorgá-la. Nesse período, publicou trabalhos de física e matemática que lhe deram renome; e, antes de rexeitar, como filósofo célebre, ofertas de universidades prestixiadas (por exemplo, a de Berlim), fez ouvidos de mercador, como mero aspirante e simples académico, às propostas de outras instituiçóns, tal era o seu apego à sua cidade natal. Nesses quinze anos prévios à cátedra, ensinou de tudo um pouco para ganhar a vida: lóxica, metafísica, matemática, ética, física, antropoloxia, xeografia física, ciências naturais, direito natural, pedagoxia; chegou a dar vinte horas de aulas por semana para poder xuntar um salário, ao qual, durante os últimos quatro anos, acresceram uns rendimentos como axudante de bibliotecário.

JOAN SOLÉ

“COIMBRA TEM MAIS ENCANTO NA HORA DA DESPEDIDA…”

Nos anos 50, o Fado de Coimbra goza igual popularidade que o Fado de Lisboa, com inspiraçón nos cantores clássicos como Augusto Hilário, António Menano ou Edmundo Bettencourt, iniciando-se um movimento que levou os novos cantores a adoptar a balada, a trova, o folclore e a cantar grandes poetas, comtemporâneos e clássicos, como forma de resistência à dictadura. Fernando Machado Soares esteve na transiçón do fado para este movimento que viria a ser encabeçado por José Afonso e Adriano Correia de Oliveira. Machado Soares é autor e intérprete de um dos temas mais conhecidos da música portuguesa a “Balada da Despedida” que toda a xente conhece ao primeiro verso “Coimbra tem mais encanto na hora da despedida…” Destacava-se também Luiz Goes, na sua adolescência chegou a ser acompanhado por Artur Paredes e foi colega de liceu e amigo de José Afonso e António Portugal, tendo gravado vários álbuns em conxunto com ambos. Com um interessante percurso, também internacional, edita em 1957 Serenata de Coimbra, com o Coimbra Quintet do qual também faziam parte António Portugal, Jorge Godinho, Manuel Pepe e Levy Batista, tendo sido um dos mais vendidos discos da música portuguesa. É também de salientar a importância do Orfeao Académico de Coimbra, fundado por Joao Arroyo em 1880, é o coro mais antigo de Portugal em actividade e um dos mais antigos da Europa, tendo realizado espectáculos por todo o mundo, onde foi reconhecido com inúmeras condecoraçóns. No grupo de fado de Coimbra, passaram vários nomes como Luiz Goes, José Afonso, Fernando Machado Soares, Sutil Roque e Fernando Rolim, citando apenas alguns. A cançón mais famosa sobre Coimbra non é um fado mas sim unha balada e chama-se precisamente “Coimbra” de José Galhardo e Raul Ferrao, que obteve um estrondoso êxito internacional ficando conhecida como “Avril au Portugal” ou “April in Portugal” e foi interpretada por Alberto Ribeiro, Amália Rodrigues, Yvette Giraud, Paul Mauriat, Júlio Iglésias, Louis Armstrong, Jane Morgan e muitos outros.

FADO PORTUGAL

FILOSOFIA HELENÍSTICA (323 A.C. A 31 A.C.)

O carácter constructivo da Stoa e do Xardim, torna-se evidente quando as comparamos com as duas linhas de conducta que aparecerom nesse mesmo período convulso e incerto e às quais será um esaxero considerar escolas filosóficas: a dos cínicos e a dos escépticos. Nenhum destes dous grupos chegou a construir um sistema ideolóxico que pudesse dar unha explicaçón do mundo ou sobre a vida humana, nem que pudesse constituir o fundamento ético de unha vida feliz. Aquilo que caracteriza as duas posturas é a sua natureza reactiva: com as suas actitudes agressivas (a nível intelectual e físico, por parte dos cínicos, apenas intelectual por parte dos escépticos), expressaram a sua vehemente repulsa polo saber e polos valores morais herdados da tradiçón grega. Recusavam-se a respeitar as leis, os princípios, as estructuras e os deuses legados dos gregos anteriores, encarregando-se de o demonstrar da maneira mais evidente possíbel. Eram subversivos, transgressores e corrosivos, e, através do seu carácter reactivo, faziam com que os estoicos e os epicuristas parecessem dogmáticos e até um pouco conservadores, semelhantes aos que frequentavam a Academia e o Liceu, quando comparados com os da Stoa e os do Xardím. A última corrente filosófica proveniente do período helenístico veio marcar um contraste com as restantes e abrir caminho ao poderoso movimento espiritual que iría marcar o Ocidente durante os séculos vindouros. O neoplatonismo, surxido na fase mais tardia do helenismo e caracterizado por um espírito ecléctico e sincrético, acrescentando as ideias de Pitágoras e da espiritualidade oriental à linha platónica dominante, fundiu os princípios filosóficos com os relixiosos e reflectía um tipo de sensibilidade que xá non era a greco-romana dos últimos três séculos e dos dous primeiros da nossa era, mas unha outra, sedenta de transcendência. O neoplatonismo, que primeiro lutou contra o cristianismo e acabou a influenciar o pensamento de vários Padres da Igrexa e da escolástica, pertence xá a outra época do espírito. Nesta breve revisón das filosofias helenísticas debe ser enfactizado que o adxectivo “helenístico” non corresponde apenas aos critérios cronolóxicos mencionados, que incluiriam unicamente os filósofos situados entre 323 a. C. e 31 a. C., mas obedece principalmente ao conteúdo de algunhas doutrinas surxídas nestes três séculos. Non son consideradas helenísticas as filosofias da Academia e do Liceu, apesar de, como acabámos de ver, terem coincidido no tempo e no espaço com as outras, que, por sua vez, correspondiam ao adxectivo. Sexto Empírico, o principal porta-voz do escépticismo, viveu durante o século II da nossa era, apesar de ainda ser estudado como filósofo helenístico, assim como os estoicos Séneca, Epicteto e Marco Aurélio, que viveram nos séculos I e II d. C. Concluímos, portanto, que a especificidade do helenísmo dentro da filosofía foi non só a maneira como se interessou por certos temas mas igualmente a maneira como os abordou, tendo surxido esta, em grande parte, como fructo de circunstâncias históricas muito concretas.

J. A. CARDONA

GALLEIRA (3)

Tais som os lugares, tais som também as xentes que os habitam. Dixo-se que os antigos povos “seguían o país”, é dicer, que nas suas emigraçóns, se detinham voluntáriamente naqueles campos e comarcas que mais se pareciam às que acababam de deixar. Consistia isto, em que o home é o que se dí um animal de costûmes, que perde a desgosto a sua antiga pátria e non se presta a aceitar a nova sem vacilaçón. Acostumados os povos emigrantes à natureza do chán que abandonarom, amando-o como cousa própria, o seducíam desde logo todos aqueles outros paraxes que, recordando-lhe os campos paternos, se lhe presentabam dobremente propícios às suas inclinaçóns e necessidades. Recordaría-lhe ou non ós nossos proxenitores as primitivas rexións e as vivendas que tinham deixado, o certo foi que por aquí atoparom uns campos e montanhas sempre verdes, xá que non tán a propósito para o pastoreio, fáceis ó menos para o cultivo de todo xénero de cereais e das prantas mais diversas. Nossos rios, nossos mares, as montanhas sempre verdes, nas que branquexam as neves, os vales que abrigam, as altas mesetas, a costa variáda e dilatada, a terra e o céu, as àugas, os horizontes, nosso mundo, nunha palabra, debeu encantar os primeiros celtas, como hoxe aos seus descendentes, os quais onde queira que vaiam, parece que levam dentro, nos seus olhos e no seu corazón, impressa a imaxe da Galleira. Tanto así é que, a saudade dos nossos tem o seu “ranz de las vacas”, nas muinheiras e cançóns, gratas à alma e ó ouvido dos filhos da Galiza, e cuxo animado compás parece feito para festexar as alegrías campestres. Aquí encontrarom os primeiros celtas, como despois o nosso bardo Amairgen na Irlanda, mar fértil em peixes, terra fértil, sobre as àguas as aves, nas concavidades do mar os grandes crustáceos. Descreber por enteiro e baixo todos os seus aspectos um tán dilatado pais e tán cheio de accidentes, sería cair de propósito na monotonía da palabra e dos quadros. Mais do domínio e ministério da poesía que da história, debe deixar-se que agora o poeta cante as nossas noites, ora dê a conhecer a paisáxe de que gozamos a cada momento e estaçón. Recreando o espírito o mesmo alí onde verdexa o milho, que nas chairas nas que os centeios se movem e ondulam como mar amarilhento; ora nos desfiladeiros nos que os carbalhos e os pinheiros, o loureiro e a laranxeira sombreiam e fán agradábeis, como na deserta meseta, na que pasta o cabalo selvaxe e se recorta a larga linha do horizonte das àguas dos lagos e dos olmos que médram nas solitárias marxens. ¿Como contar os mistérios que enxendram os neboeiros da montanha, os quais baixando as ribanceiras, se envolvem nas correntes para deixar-se ferir polos primeiros raios de sol? ¿Que dicer dessas agrestes soidades em que o desmedrado carneiro vai despuntando os florídos brotes e busca goloso o pé dos xuncais, as àugas da fonte oculta e as ternas herbas que o manantial cría e alimenta? ¿Que, em fim, contar das abruptas alturas coroadas polas ruínas do castelo feudal, ou as do mosteiro, como estandarte doutros tempos, e como el abandonados? Aquí como na Ática, a andurinha de mar e a de terra voam a um tempo sobre as sementeiras e sobre as ondas, e seguem o surco do arado como a estela da nave. ¡Ah! os encantos desta terra som indecíbeis e o galego faría perfeitamente cantando como o normando aquela doce cançón que haberá de equivaler no seu dia à de “Je reverrai ma Normandie!”

MANUEL MURGUÍA