Arquivos mensuais: Outubro 2019

EU PRECISO DE TE VER (FADO)

Eu preciso de te ver,

ausente amor sem razao,

para defenestrar as sombras,

do quarto da solidao.

.

Eu preciso de te ver,

pra matar esta saudade,

que começa a vestir,

o tempo da minha idade.

.

Eu preciso de te ver,

pra matar esta saudade.

.

Eu preciso de te ver,

para fuxir deste destino,

que guardo dentro de mim,

como as gaivotas do rio.

.

Eu preciso de te ver,

para fuxir deste destino,

como ganhei a coragem,

da areia do beira-espuma.

Eu preciso de te ver,

só unha vez, só mais uma.

.

Fadista: FILIPA MALTIEIRO (VASCO LIMA COUTO/FONTES ROCHA/FADO ISABEL)

ZENÓN DE ELEA

Na linha de saída da história da filosofía, sem que se chegue a saber se está dentro ou fora, encontramos os fios quebrados do pensamento de Zenón de Elea, “inventor da dialéctica”, “favorito do mestre Parménides”, “rival invencíbel na arte da dupla fala”. Mais unha personaxem que sería secundarizada e afastada das rotas “oficiais” do pensamento, non fosse Platón e Aristóteles, a partir do interior dessas mesmas rotas, empenharem-se em recordar a inadvertida mas capital importância das suas aporias ou raciocínios paradoxais. Do pensamento de Zenón conservamos pouco: alguns argumentos soltos sobre o Uno e o múltiplo, um xogo de quatro argumentos em torno do movimento ( a dicotomia, Aquiles, a flecha e o estádio) e um trio de aporias breves (a do lugar, o grán de milho-painço e os muitos finitos e infinitos). Pelo que podemos deduzir, o procedimento de Zenón consistia em tomar unha disputa e abrir duas linhas ou “cornos argumentativos” destinados a provar o absurdo das duas teses em confronto. Parece ser assim que funcionam dous dos seus paradoxos mais conhecidos o de Aquiles, que questiona que o tempo sexa um contínuo (“o mais lento nunca será alcançado na corrida polo mais rápido. Porque é necessário que aquele que persegue alcance primeiro o ponto do qual partiu aquele que foxe, de maneira que o mais lento estará sempre necessariamente um pouco mais adiante do que o mais veloz”) e o do arqueiro, dirixído contra a tese de que o tempo é composto por instantes mínimos (“se unha cousa está parada quando ocupa algo igual a si mesma e se o móvel está sempre no momento actual, entón a flecha que se move está quieta (…) em todos os instantes do tempo”). Por fim, combinavam-se nunha terceira fórmula que resumia o absurdo, neste caso a do estádio (“duas filas de massas iguais movem-se em sentido contrário no estádio ao longo de outra massa igual, unha desde o fim do Estádio, a outra desde o meio, a igual velocidade; a consequência é (…) que a metade do tempo é igual ao dobro”). A sua postura, no entanto, non é a de um vulgar relativista. Ao arruinar o espaço da argumentaçón, parecia apontar para um tipo de verdade mais profunda que se perdeu na noite dos tempos, se é que algunha vez foi mais do que um vestíxio. A figura de Zenón non deixou de ser comentada polos filósofos de todas as épocas. Unha das interpretaçóns recentes mais profundas e rigorosas devemo-la ao italiano Giorgio Colli (também restaurador das obras completas de Nietzsche). Vexa-se, por exemplo, a sua obra Zenón de Elea.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

LITERATURA CLÁSSICA LATINA (1)

Durante meio milénio, o libro impreso foi o principal instrumento de comunicaçón de ideias no mundo occidental. Agora, com o desarrolho do cinema, da rádio e da televisón, xunto com outros meios alternativos de recuperar e comunicar informaçón, o velho império da palabra escrita está ameazado e sofreu xá certa erosón. Non obstânte, para o home occidental contemporâneo permanece todavía firme no centro da sua cultura científica e literária, na medida em que o conheceu ó longo dos séculos. Esta forma resulta tán familiar, que requere um esforço considerábel da imaxinaçón compreender as diferênças essenciais entre o libro tal como é agora e como era na Antiguidade Clássica. Nas páxinas seguintes intentaremos esbozar as condiçóns em que os libros se escrebían, se copiabam, circulabam, se conservabam, e estudabam e usabam durante o período que comprende este artígo. Neste sentido, esperamos que o leitor moderno, que inevitabelmente se acerca a este tema com conceitos prévios sobre o aspecto que um “libro” tería e como se lería, poida receber axuda para formar-se unha ideia das diferenças fundamentais entre a cultura literária moderna e antíga, e partindo de ahí alcanzar unha apreciaçón mais clara dos libros e autores dos que vamos a tratar. Nalgúns aspectos, como veremos, a vida literária da Grecia e de Roma conservaba as características de unha cultura oral, feito reflexado em grande parte da literatura que chegou até nós. O leitor moderno, acostumado a receber a literatura máis polos olhos que polos ouvidos, a miúdo non pode ter presente que quase todos os libros tratados nesta história da literatura se escribirom para ser escuitados. Qualquer intento de discutir este tema há de começar com certo número de advertências que surxem da extensón e o carácter do testemunho disponíbel para nós. Em primeiro lugar, mentras que os restos dos libros gregos escritos na Antiguidade Clássica (sobre tudo do século I ó III despois de Crísto) son bastante abundantes, quedan poucos papiros latinos e algúns deles non son literários. Aínda que inevitábeis em algúns , as inferências do libro grego para o latino tenhem que fazer-se com sumo cuidado. Em segundo lugar, dentro do período de tempo que abarca a expresón “o mundo romano” – tomado aquí para abarcar o tempo que vai do século III a. C. até a princípios do século V d. C. – só se conhecem algunhas épocas, pessoas e tipos seleccionados de actividade literária que forom iluminados polos testemunhos que lograron pervivir. Esta limitaçón ha de aceitar-se resignadamente e resistir-nos à tentaçón de xeneralizar.

C. U.

ROUSSEAU (O PROGRESSO HUMANO)

A ideia de progresso para melhor consegue, entón, sobrepor-se às cosmovisóns mais pessimistas e qualquer retrocesso é assumido como algo necessário para tomar um renovado impulso. Naturalmente, esta visón do futuro está suxeita à lei pendular dos decursos históricos, que infelizmente agora ficou invertida, de tal forma que todos os relatos futuristas de ficçón científica, lonxe de imaxinarem um devir mais risonho, mostram apenas enormes desgraças e hecatombes cada vez mais sinistras. Caberia argumentar que isso também sucedia, por exemplo, há meio século, e que aí está para o demonstrar , sem ir mais longe, o impactante desenlace do filme “O Planeta dos Macacos” (1968), com aquela antolóxica cena final em que Charlton Heston de depara com as ruínas da estátua da Liberdade encalhadas nunha praia. Porém, a enorme diferença reside em que durante os anos sessenta do século XX, apesar dos pesares, da ameaça de unha guerra nuclear, do muro de Berlim e de quanto se quiser para aqui chamar, os pais pensavam que os seus filhos iam viver melhor do que eles próprios, convicçón que muito poucos se podem dar ao luxo de albergar nestes tempos em que as inxustiças se globalizaram.

ROBERTO R. ARAMAYO

LA POESÍA ES UN ARMA CARGADA DE FUTURO

Cuando ya nada se espera personalmente exaltante,

mas se palpita y se sigue más acá de la consciencia,

fieramente existiendo, ciegamente afirmando,

como un pulso que golpea las tinieblas,

.

cuando se miran de frente

los vertiginosos ojos claros de la muerte,

se dicen las verdades:

las bárbaras, terribles, amorosas crueldades.

.

Se dicen los poemas

que ensanchan los pulmones de cuantos, asfixiados,

piden ser, piden ritmo,

piden aquella ley para aquello que sienten excesivo.

.

Con la velocidad del instinto,

con el rayo del prodígio,

como mágica evidencia, lo real se nos convierte

en lo idéntico a sí mismo.

.

Poesía para el pobre, poesía necesaria

como el pan de cada día,

como el aire, que exigimos trece veces por minuto,

para ser y en tanto somos dar un sí que glorifica.

.

Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan

decir que somos quien somos,

nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno.

Estamos tocando el fondo.

.

Maldigo la poesía concebida como un lujo

cultural de los neutrales

que, lavándose las manos, se desentienden y evaden.

Maldigo la poesía de quien no toma partido hasta mancharse.

.

Hago mías las faltas. Siento en mí a cuantos sufren

y canto respirando.

Canto, y canto, y cantando más allá de mis penas

personales, me ensancho.

.

Quiero daros vida, provocar nuevos actos,

y calculo por eso con técnica, qué puedo.

Me siento un ingeniero del verso y un obrero

que trabaja con otros a España en sus aceros.

.

Tal es mi poesía: poesía herramienta

a la vez que latido de lo unánime y ciego.

Tal es, arma cargada de futuro expansivo

con que te apunto al pecho.

.

No es una poesía gota a gota pensada.

No es un bello producto. No es un fruto perfecto.

Es algo como el aire que todos respiramos

y es el canto que espacia cuando dentro llevamos.

.

Son palabras que todos repetimos sintiendo

como nuestras, y vuelan. Son más que lo mentado.

Son lo más necesario: lo que tiene nombre.

Son gritos en el cielo, y en la tierra, son actos.

.

GABRIEL CELAYA

PLOTINO (O DAIMON QUE NOS COUBE)

O seu desprezo pelo sensível deve-se, portanto, ao facto de corpos e sensaçóns serem concebidos como imaxes (pois remetem para outra coisa, a Forma, obrigando o pensamento a deslocar-se). Segundo Plotino, o pensamento debe, pelo contrário, dirixir-se ao que vale por sí mesmo, em direçón à unidade que o faz repousar e non se axitar num contínuo vaivém. O seu ideal de vida era o oposto a deixar “vestíxios”: pretendia desaparecer, tornar-se incorpóreo para ascender ao princípio único e solitário das cousas do qual brota toda a luz, onde xá non há nada múltiplo e do qual non há expressón material certeira. Por isso, usava o exemplo de forxar outro tipo de estátua, a estátua ideal de si próprio, que non fosse a cópia do eu físico, mas o modelo a partir do qual este tería vindo ao mundo. Unha escultura sem imaxem. Pode entender-se, de igual modo, a sua aversón às artes dos astrólogos e feiticeiros (muito populares no seu tempo) por considerar que actuavam unicamente sobre o corpo e temperamento, âmbito que desprezava, ao ponto de proclamar que essas prácticas non tinham qualquer efeito sobre ele. Porfírio, de resto bastante sensato e pouco dado a hipérboles, relata um episódio delirante no qual Olímpio de Alexandria, um filósofo particularmente invexoso, arremeteu contra Plotino com “malefícios astrais”, o que se voltou contra si próprio devido ao poder da alma de Plotino, que fazia com que os feitiços fizessem ricochete. Perante tal poder, Olímpio desistiu aterrorizado e deixou o exípcio em paz. Mais agradável é a história de um sacerdote exípcio que quixo impressionar Plotino invocando o seu “daimon” tutelar (unha espécie de anxo da guarda pagán em que os gregos acreditavam). Mas quem se manifestou non foi um “daimon”, mas sim um deus, perante o qual o sacerdote apenas pôde felicitar o seu compatriota: “Bem-aventurado és porque teis por “daimon” tutelar um deus, e non um de linhaxe inferior.” Na sequência deste incidente, Plotino escreveu o tratado “O Daimon que Nos Coube”, do qual se infere que, estando o nosso “daimon” imediatamnete acima do nível espiritual que mantemos activo, e tendo ele acedido ao domínio da faculdade intelectiva graças à filosofia, o seu “daimon” non podia ser outro que o próprio Uno-Deus.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

GALLEIRA

Por qualquer dos velhos caminhos que dán entrada ao viaxeiro na Galiza, encontra este logo e como se de improviso, todos os elementos constitutivos da paisaxe galega: montes e colinas, vales e desfiladeiros, árbores e fontes, pomares fructíferos, apacíbeis solidóns e azuladas e misteriosas lonxanías. Só se sente em falta o mar, cuxas ondas brilham alá em baixo, ó largo da dilatada costa, que recorta e limita o antigo reino. Os frescos desfiladeiros de Valcárcel – cheios de lembrâmças e poboados de ficçóns – abertos nas paredes de abruptas e altas montanhas, a pouco que se descenda pela estrada, aparecem cobertos por olmos cuxas folhas segundo a estaçón do ano, entôam um quadro sempre grato ós nossos olhos e ó nosso corazón, – de castanhos e nogueiras, cuxo verde intenso de tôns fortes e enteiros, tán do nosso agrado. Rolan as augas, non se deslizam; ouve-se o rumor da torrente, non o grato murmúrio das correntes apacíbeis. Agora que a vía férrea penetra no país por outros diferentes lugares, o espectáculo é também diverso. O Sol ou as chuvas, nos ofertam consoânte a ocasión, o verdadeiro aspecto do chán. Diría-se que entra aquí com a locomotora, algo das desolaçóns de Castela, e que lhe sán ó encontro os campos sempre verdes e os céus risonhos da Galiza. Cita misteriosa na qual se dán um beixo de paz os velhos enemigos! O Sil, que oferta a áuga, segundo o antigo adáxio, vem escuro como os rios que cruzam vastas lhanuras centrais de Espanha; E o Miño, transparente, á maneira dos que surcam os campos galegos. O céu e a terra tenhem o vigor e o colorido que lhes presta essa fermosíssima comarca berciana, na qual, homes, natureza, costûmes e fala, a voces dín que son nossos irmáns. Encontram-se ó paso, os agréstes e sombríos desfiladeiros, e, de quando em quando, um prado limpo, verde, sorrinte, coalhado de margaridas e ranúnculos, como um céu de estrelas, estende-se ao pé de unha pequena colina á qual o granito, azoutado por todos os ventos e todas as chuvas, dá o sua cor escura e a sua simbólica dureza. Domina xá o carbalho que cobre as alturas inacessíbeis. Aquí e alí, as casas agrupadas forman o pequeno burgo, e nos avisam claramente que ainda non penetrá-mos na Galiza, país onde cada um vive na sua casa e a rodea do seu campo. O Sil caminha por entre rochas desoladas abríndo passo até penetrar baixo a bóveda de Montefurado: bem pronto a chaira se mostra á vista, extensa e dilatada, ampla e povoada de árbores, surcada xá polos pequenos regueiros, circundada, como abastado anfiteatro, polas montanhas que a limitam ó lonxe. Heis aquí Monforte, com a sua colina e os restos da velha fortaleza senhorial, e em pé, ainda que abandonado pelos seus antigos hóspedes, o mosteiro. Templo e castelo, levantam-se na altura e senhoream ambos os vales, que se extendem ó largo. As agulhas da igrexa e as velhas torres do castelo desenham, no claro céu das pradeiras, a grís silueta que nel poderosa se destaca. No meio da sua solidón actual, únen-se alí os eternos rivais, baixo a bóveda que formam as nubes, que fuxem rápidas como o tempo que as impele. E nunca mais completo símbolo se presentou á consideraçón dos homes, nem a nada das nossas grandezas tivo voces mais eloquentes para delatar-se e dicer-nos que tudo é breve nesta vida pasaxeira. Xá desaparecerom ambos poderes! barreu-os a inconstância do tempo; monxes e senhores feudais passarom xá, e ó pé das temidas moradas, hoxe desertas e em ruína, extende-se a povoaçón, alégre, risonha, como quem goza ó fim das novas e felices auroras prometidas. Xá non temem que os chame a campana de San Vicente do Pino, nem que resoem os ecos da trombeta de guerra com a que o seu antigo senhor convocaba os vasalhos. Tudo desapareceu com os torreóns que continuam derrubando-se como cousa inútil e perecedoura. Só queda alí o inmaterial e eterno: (…) Só queda alí o poder de todos, que de todos recebe a vida e sançón, que a todos fái iguais. A campana do conselho, é a única que chama agora ós vecinhos para tratar do que atanhe ao procomúm. Quando o velho cardeal fundou o coléxio, que vem a ser naquel sítio outro símbolo, puxo-o na chán, como quem entende que os novos dias que amanhecíam para os povos, debía a ciência estar aberta a todos os ventos e a todas as teorías, ser libre e senhora de sí mesma. Fixo mais, entregou-o aos Xesuitas, os novos homes da igrexa, e deu dereito de cidadania ós estudos clássicos, com os quais entrou na Europa aquel poderoso sopro de liberdade, que fixo home ao home, e desatou as cadeias que ligabam a sua consciência. Esta proba viva do transitório das obras humanas e da diária evoluçón que rixe a vida do home e da sociedade, é patente em todos os lugares desta Galiza feudal por completo e por enteiro resignada ás suas lexendárias tribulaçóns.

MANUEL MURGUÍA

ESPINOSA (PARADOXO DA DOR E DA SERENIDADE)

Paradoxo da dor e da serenidade: A sua família sofreu unha excessiva mortandade que ceifou prematuramente a vida da nái, da madrasta e de vários irmáns de Baruch. Ainda assim, Espinosa construiu um pensamento da serenidade e da felicidade. Paradoxo da saúde fraca e da vitalidade: Durante a maior parte dos seus escassos 44 anos de vida teve unha saúde muito fráxil, que o obrigava a ser prudente nos hábitos alimentares e físicos. Contudo, a sua filosofia é unha afirmacón da vida, que nos leva a aprofundar o sentimento da própria existência e a “perseverar no seu ser”. Paradoxo da dificuldade atraente: A Ética é um dos libros de filosofia mais difíceis que algunha vez foram escritos. Até um leitor com formaçón filosófica se depara com enormes dificuldades de leitura e de compreensón. Os principais estudiosos e comentadores do libro dedicaram-lhe muitos anos de reflexón (com frequência um quarto de século ou mais, nunha exígua vida humana), antes de considerarem ter unha ideia precisa sobre a sua estructura e significados xerais, e que podiam expô-la. Dos libros filosóficos que se podem ler – também há alguns ilexíveis entre os famosos – talvez sexa o mais difícil, xuntamente com a kantiana “Crítica da Razón Pura”. Podemos citar aquí, por exemplo, Steven Nadler, autor de unha das melhores biografias de Espinosa e de unha boa introduçón ao seu pensamento: “A Ética é (…) um libro extraordinariamente difícil. Embora Espinosa aborde as questóns filosóficas de sempre, e estas sexam familiares a qualquer pessoa que tenha estudado noçóns elementares de filosofia, o libro pode parecer, à primeira vista, extremamente intimidador, (E lamento informar que, como a maior parte das grandes obras de filosofia, se vai tornando mais difícil a cada leitura posterior.) Para o leitor moderno, o seu modo de apresentaçón pode parecer opaco, o vocabulário, estranho, e os seus temas, extremamente complexos, até impenetráveis”. O aparelho expositivo espinosista intimida o leitor que chega à Ética pola primeira vez, tal como escreve Henri Bergson: “A formidável disposiçón de teoremas com a densa rede de definiçóns, corolários e escólios, e essa complicaçón de maquinária, essa capacidade de esmagar, que fái com que o principiante se afunde, na presença da Ética, na admiraçón e no terror como se se encontrasse perante um navio de guerra acouraçado”. E, ainda assim, unha pequena parte da Humanidade continua a entrar nas suas páxinas labirínticas, ávida de desentranhar o seu sentido mais profundo. Trata-se do desafio da dificuldade? Sem dúvida, debe existir um incentivo mais poderoso para alguém dedicar anos da própria vida a este desafio inclemente. E existe como um cume alto de acesso muito difícil, que proporciona a quem o alcança unha vista única, um panorama completo da existência. Quem sentir o desexo da ascensón vai precisar de um guia que lhe abra caminho na encosta íngreme. O presente libro, como as restantes introduçóns a Espinosa, debe desempenhar a humilde funçón de guia nesta aventura. Mas nenhum guia honesto desexa enganar alguém. Non fará passar unha colina pelo tecto do mundo. O leitor encontrará a vía de acesso menos inacessível, sim, mas é preciso subir de qualquer forma.

JOAN SOLÉ

ESCRITORES HISPANOS (PER ABBAT)

Foi probabelmente o copista do manuscrito Del Cid, do século XIV, que é o unico que queda. O Éxplicit da o nome do copista e a data, mes de Maio do ano 1345, data do calendário Juliano que corresponde a 1307 do Gregoriano. O seu nome menciona-se nas histórias da Literatura como Per Abbat, Pedro Abad e outros similares.

OXFORD

ESCRITORES HISPANOS (DIEGO JOSÉ ABAD)

Nasceu em Jiquilpán, México, no ano de 1729. Foi um Poeta, e um Xesuita. Escrebeu em latím várias obras, baixo o nome de Didacius Josephus Abadius. Entre as que destaca De Deo Deoque Homine Heroica, um poema dividido em duas partes: a primeira é unha suma teolóxica, e a segunda unha vida de Cristo. Tivo muita sorte, pois foi grandemente admirado na sua época. À primeira ediçón (Madrid, 1729) seguirom outras: Venécia 1773, Ferrara 1775 e Cesena 1780. Segundo Menéndez y Pelayo, este poema tem um sítio, ainda que modesto, no largo e brilhante catálogo de poemas cristáns escritos em latím. Despois de que os Xesuitas foram expulsos de México por ordem de Carlos III em 1767. Abad foi trasladado a Ferrara, Italia, e despois a Bolonha, cidade na que morreu, em 1779.

OXFORD

LEIBNIZ (VIAXANTE ENTRE CIÊNCIA E POLÍTICA)

Durante a sua estada em Frankfurt, o nosso autor aproveita para se relacionar com personalidades influentes que o possam axudar a abrir caminho entre a ciência e a política, pois sem o apoio dos governantes non podía pôr em práctica a reforma das ciências no que diz respeito a um melhor ensino destas que tinha em mente; a actividade de Leibniz encaminha-se para algo que hoxe chamaríamos “governaçón da ciência” e “política científica”. Com esta finalidade, no outono de 1667 visita em Mainz (Mogúncia) o conselheiro áulico Hermann Andreas Lasser, que o informa sobre o proxecto da Corte para iniciar unha nova ediçón do acervo xurídico. Para Leibniz, essa tarefa apresenta-se como clara porta de entrada e pôe-se a redixir à présa – diz tê-lo redixido nas hospedarias e sem axuda de outros textos – um escrito que xá tinha concebido em Leipzig sobre a reforma para a aprendizaxem e o ensino da xurisprudência: Nova Methodus discendae docendaque jurisprudentiae. Trata-se de unha obra que inclui tanto unha análise filosófica dos princípios do direito como a proposta de unha nova disciplina que axudaria os alunos a adquirirem unha base teórica através da competência práctica; da mesma forma, atreve-se a rexeitar a primeira regra de Descartes (aquilo que se entende clara e distintamente é verdadeiro) por induzir em erro. Leibniz foi apresentar pessoalmente o texto ao príncipe eleitor de Mogúncia, Xoán Filipe de Schönborn, a quem o tinha dedicado com a esperança de obter um cargo na Corte, e este, efectivamente, convidou-o para trabalhar com o conselheiro Hermann Andreas Lasser – em troca de um salário semanal – na reforma do código civil romano. O nosso xovem xurísta moraria na casa de Lasser em Mainz durante a realizaçón de um proxecto que o eleitor pagava com atraso e mal, mas graças ao qual pôde tornar mais próxima a sua relaçón com o barón Christian de Boineburg. Embora as circunstâncias do seu primeiro encontro ainda sexam desconhecidas, está documentado que Leibniz começou a desempenhar ocasionalmente tarefas de secretário, assistente, bibliotecário, advogado e conselheiro ao serviço do barón, e desenvolveu, além disso, unha amizade pessoal com aquele que seria seu mestre, protector e impulsionador do início da sua carreira diplomática. Neste período, Boineburg porá Leibniz em contacto com outros pensadores e cientistas importantes, entre os quais devemos destacar Heinrich Oldenburg, secretário da Royal Society de Londres, correspondente de Espinosa e que seria o intermediário na correspondência de Leibniz com os matemáticos ingleses; Leibniz manteria unha intensa troca de correspondência com Espinosa até à morte deste em 1677. Também non devemos esquecer a importância da vasta biblioteca do barón, que Leibniz se encarregou de catalogar. Mas o mais relevante desta etapa é, sem dúvida, a actividade diplomática, que permitirá ao nosso autor ter um papel activo na política do momento, por exemplo, na eleiçón do novo rei da Polónia após a abdicaçón de Xoán Casimiro. O conde Filipe Guilherme de Neuburgo, que tinha o apoio do eleitor de Mogúncia, solicitara a Boinegurg que se responsabilizasse por unha missón na Polónia em apoio à sua candidatura; assim, Leibniz dedicou o inverno de 1668 a elaborar um documento que teve como título “Modelo de Indicaçóns Políticas para a Eleiçón do Rei da Polónia” (Specimen demonstrationum politicarum pro rege Polonorum eligendo), no qual um nobre polaco fictício aplicava o método de demonstraçón matemático – introduzido na ciência por Galileu, Descartes, Hobbes e Bacon – ao problema político da eleiçón e acabava por resolvê-lo a favor do conde de Neuburgo. A obra foi publicada em Königsberg – e non em Vilna, tal como é indicado na capa – em junho de 1669, pois xá se tinha tomado a decisón; embora servisse como lista de argumentos para as infructuosas dilixências de Boineburg, o mais importante deste texto son, sem dúvida, as argumentaçóns ético-políticas que se fransformam num cálculo de probabilidades, aspecto que Leibniz desenvolverá posteriormente.

CONCHA ROLDÁN

INICIO À LITERATURA CLÁSSICA GREGA

Quando situamos o ponto de partida da literatura grega antiga, no período arcaico, sabemos que vamos de longada, até à sua incerta culminaçón, pois todos os afortunados que como nós disfrutam déstas cousas, nunca vislumbramos o seu fím, xá que é complicado de fixar. A produçón literária em grego mantivo-se ó longo de vários séculos, despois de que este mundo tivera deixado de existir no sentido de “Clássico”. De fora quedam, a literatura cristán, e as obras clássicas dos primeiros autores bizantinos, para concluir com o fím do período da civilizaçón grecorromana, no século terceiro despois de Cristo. O abarcado é bastante extenso, mais de mil anos de vida humana sobre esta Terra, e unha riqueza, tanto no material conservado, como de informaçón sobre o ainda maior “corpus” literário que desgraçadamente se perdeu polo caminho. Um dos rasgos característicos da literatura grega arcaica è, de que está sempre em contínuo crescimento, graças a novos descobrimentos que ván aparecendo, e que muitos textos ainda non están à disposiçón de todos. O transfundo dos acontecimentos históricos, e o desarrolho das ideias sobre um tempo tán grande e polifacéptico, tenhem que tratar-se dentro dos limítes de disponibilidade temporal dos leitores, para adentrar-se nos gostos e valores literários dos gregos, ó longo dos séculos. As ediçóns, recopilaçón de fragmentos, traduçóns e estudos críticos, están hoxe em dia bastante à mán dos nossos leitores, somente é necessário o mais fundamental de tudo, um amor gratificante pelo saber, e unha paciência infinita.

C. U.

O NATURALISMO

Em 1883 aparece um libro firmado por Dª Emilia Pardo Bazán e titulado “La Cuestión Palpitante”. Esta questón é o friunfo do Naturalismo em França, com Zola à cabeza, e a opinión sobre o contido do volume, que non era senón unha recopìlaçón de artigos publicados em “La Época”, foi em xeral negativa. Poucos tinham entendido que surxía a polémica pola preocupaçón intelectual de unha mulher aberta ó mundo criador, e um dos poucos foi o prologuista do libro, Leopoldo Alas, “Clarín”. O Naturalismo que resume e analiza dona Emilia tinha nascido como consequência literária da doutrina positivista, que explica o home através de unha série de condicionantes – a raza, o ambiente, o momento – e que tem a Taine e a Darwin, entre outros, como mentores. O Naturalismo, com o seu determinismo radical, com o seu fatalismo, o seu vacío existencial, a consideraçón do home como um animal, mais rexido por leis fixas, polo instinto cego, a concupiscência, etc, conduciu a unha criaçón literária protagonizada por enfermos físicos, sociais ou mentais – tuberculosos, alcohólicos, prostitutas, loucos – , que flotam num ambiênte de miséria e repugnância e é descripta com um léxico que busca narrar os acontecimentos mais desagradáveis com unha técnica detalhada e morbosa. Isto é o que víu, mais ou menos, dona Emilia no naturalismo, e ós excessos que comenta opóm-se no seu libro, ainda que tamém relata os rasgos positivos da produçón de Zola, acerca dos quais mostra a sua admiraçón pondo em práctica, incluso, non poucos dos seus princípios estécticos. Dona Emilia, non nos esqueçamos, era cristán e acreditava no libre albedrío, e non podia em consequência, mostrar-se de acordo com o fatalismo e o determinismo dos Naturalistas. A produçón novelística de dona Emilia tinha começado quatro anos antes da publicaçón de “La Cuestión Palpitante” com unha extensa obra titulada “Pascual López”, autobiografia de um estudante de medicina, á que seguirá dous anos depois “Un viaje de novios” e em 1883 “La tribuna”, para muitos críticos unha das suas melhores novelas. La Tribuna, tem como escenário Marineda (topónimo literário da Corunha) e é um dos primeiros e mais significativos quadros da vida da clásse urbana trabalhadora. As novelas da Pardo Bazán mais lidas – e também das mais estimadas polos críticos – talvez sexám “Los Pazos de Ulloa” e a sua segunda parte, “La Madre Naturaleza”, obras de amores incestuosos, famílias aristocráticas xá sem papel social que cumprir, violência, clérigos pouco exemplares, amancebamentos e barbárie. “A aldeia, quando se cria um nela e non sai dela xamais, envilece, empobrece e embrutece”, lemos nos Pazos de Ulloa e, efectivamente, dona Emilia, que tanto amaba a Galiza, presenta-nos nestas obras um quadro da vida rural galega centrado na degradacón de unha clásse dominante e de uns campesinos e uns criados que están muito lonxe dos idílicos montanheses de Pereda, como cercanos dos protagonistas das Comédias Bárbaras, a Sonata de Outono ou as Divinas Palabras valleinclanescas.

RBA EDITORES, S.A. – BARCELONA