
Na linha de saída da história da filosofía, sem que se chegue a saber se está dentro ou fora, encontramos os fios quebrados do pensamento de Zenón de Elea, “inventor da dialéctica”, “favorito do mestre Parménides”, “rival invencíbel na arte da dupla fala”. Mais unha personaxem que sería secundarizada e afastada das rotas “oficiais” do pensamento, non fosse Platón e Aristóteles, a partir do interior dessas mesmas rotas, empenharem-se em recordar a inadvertida mas capital importância das suas aporias ou raciocínios paradoxais. Do pensamento de Zenón conservamos pouco: alguns argumentos soltos sobre o Uno e o múltiplo, um xogo de quatro argumentos em torno do movimento ( a dicotomia, Aquiles, a flecha e o estádio) e um trio de aporias breves (a do lugar, o grán de milho-painço e os muitos finitos e infinitos). Pelo que podemos deduzir, o procedimento de Zenón consistia em tomar unha disputa e abrir duas linhas ou “cornos argumentativos” destinados a provar o absurdo das duas teses em confronto. Parece ser assim que funcionam dous dos seus paradoxos mais conhecidos o de Aquiles, que questiona que o tempo sexa um contínuo (“o mais lento nunca será alcançado na corrida polo mais rápido. Porque é necessário que aquele que persegue alcance primeiro o ponto do qual partiu aquele que foxe, de maneira que o mais lento estará sempre necessariamente um pouco mais adiante do que o mais veloz”) e o do arqueiro, dirixído contra a tese de que o tempo é composto por instantes mínimos (“se unha cousa está parada quando ocupa algo igual a si mesma e se o móvel está sempre no momento actual, entón a flecha que se move está quieta (…) em todos os instantes do tempo”). Por fim, combinavam-se nunha terceira fórmula que resumia o absurdo, neste caso a do estádio (“duas filas de massas iguais movem-se em sentido contrário no estádio ao longo de outra massa igual, unha desde o fim do Estádio, a outra desde o meio, a igual velocidade; a consequência é (…) que a metade do tempo é igual ao dobro”). A sua postura, no entanto, non é a de um vulgar relativista. Ao arruinar o espaço da argumentaçón, parecia apontar para um tipo de verdade mais profunda que se perdeu na noite dos tempos, se é que algunha vez foi mais do que um vestíxio. A figura de Zenón non deixou de ser comentada polos filósofos de todas as épocas. Unha das interpretaçóns recentes mais profundas e rigorosas devemo-la ao italiano Giorgio Colli (também restaurador das obras completas de Nietzsche). Vexa-se, por exemplo, a sua obra Zenón de Elea.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO