
Apesar de o seu carácter moderado ser proverbial, Locke foi um home comprometido social e políticamente: chegou a ser acusado de conspirar contra o rei e disse que tivo de abandonar o país até a situaçón amainar. Alguns, como os absolutistas (monárquicos), os cristáns papistas e os calvinistas extremos, tomavam-no por radical, mas foi antes um paladino do equilíbrio e do senso comúm. Dedicou-se a dar resposta ás esixências relativas ao governo político e à ciência que floresciam à sua volta, deu com unha nova concepçón da filosofía e elaborou unha teoría do conhecimento que teve unha grande influência nos pensadores seguintes. E conseguiu fazer isso através de unha prosa directa e moderada. Hoxe é considerado um dos fundadores do empirismo inglês e o pai do liberalismo político. O pensamento de Locke tem, basicamente duas vertentes. Por um lado, están as ideias epistemolóxicas reunidas no Ensaio sobre o Entendimento Humano, a sua obra mais conhecida, na qual oferece unha alternativa ao que anteriormente defendera Descartes, autor de referência naquela época. Por outro lado, está o Locke político, o do Segundo Tratado do Governo Civil, cuxas teses son unha crítica directa à tirania monárquica e cuxa noçón de Estado inspirou os ideários das Revoluçóns dos Estados Unidos e da França. O nosso propósito é expor ambos os aspectos, mantendo o espírito didáctico, que caracterizou Locke; non é por acaso que o seu Ensaio é considerado um dos primeiros libros de divulgaçón científica moderna. Apesar do seu interesse pela pedagoxía ficar um pouco encurralado polas facetas científico-epistemolóxicas e político-sociais que as suas duas grandes obras expressam, Alguns Pensamentos sobre a Educaçón também terá lugar no nosso relato, As suas reflexóns sobre aquela que considerava a melhor forma de ter e cultivar unha mente sán servir-nos-há para incidir de novo no seu envolvimento social. O discurso de Locke, tal como o de muitos outros, reforça e apoia um sistema político concreto. Mas o mais relevante é que, no caso de Locke, esse sistema orixinou algo de novo e trouxe consigo unha melhoría relativamente ao anterior para um maior número de pessoas. Além disso, a sua defesa política apoia-se num trabalho epistemolóxico prévio, onde denuncia os desvarios que invadem a filosofía após a embriaguez racionalista de Descartes. Face ao cartesianismo, Locke apresenta unha racionalidade mais contida que nega a existência de ideias inatas e nos deixa talvez sem a segurança que estas garantiam, mas estabelece um discurso que favorece unha política por e a partir da liberdade.
SERGI AGUILAR











