Arquivos diarios: 04/02/2019

WITTGENSTEIN (NON SEPARAR FILOSOFÍA E ÉTICA)

.

               Non é insignificante que Wittgenstein gostasse de se identificar com a pessoa que incendiou a Biblioteca de Alexandría.  A veemência serena com que arremeteu na sua segunda fase contra as suas primeiras ideias filosóficas faz lembrar alguém que quisesse acabar com os fantasmas mais malignos, queimando-os nunha pira perpéctua.  Esta faceta de pirómano também foi posta em práctica em relaçón à história da filosofía e às investigaçóns dos seus colegas de Cambridge e de outros locais.  Tinha de pôr termo ao que a filosofía tinha feito até entón: a metafísica, que tantos espectros aparentemente profundos tinha enxendrado.  Wittgenstein estaba disposto a ir com a sua tocha incendiária onde quer que fosse necessário e entendia essa tarefa como unha obrigaçón moral.  Non debía haber separaçón entre filosofía e ética, e enquanto a ética non tinha outra maneira de expressón válida excepto o próprio comportamento, também non había divisón possíbel entre filosofía e vida.  Sempre teve a certeza de que tería de encontrar unha soluçón comum para os quebra-cabeças filosóficos e para os seus problemas vitais.  Esse remédio milagroso estaba no trabalho sobre a própria pessoa, na própria maneira de olhar.  Só tinha de mudar de perspectiva para que os fantasmas lóxicos e existênciais se dissipassem.  A um pensador com estas características todas as etiquetas lhe ficam aquém.  Em filosofía costuma-se diferenciar duas formas diferentes de conceber a práxis filosófica, a analíctica e a continental: a primeira vinculada ao ambiente anglo-saxón e a segunda ao do continente europeu.  A filósofa italiana Franca D’Agostini definiu-as respectivamente como unha filosofía “científica” que encontra os seus fundamentos na lóxica e nas ciências naturais e exactas, e unha filosofía humanista que xira em torno do conceito de história e entende a lóxica como a arte da palabra e non como um cálculo.  Apesar de os analícticos terem tentado apropriar-se da filosofía de Wittgenstein, que floresceu em Cambridge impregnada de lóxica, unha boa parte das raízes da sua perspectiva é vienense e penetra em terrenos que, em princípio, parecem distantes da lóxica, como o da arte.  Desta forma, a filosofía pós-moderna nomeou Wittgenstein como um dos seus mais excelsos representantes.

 

carla carmona