Categorías
Arquivo
- Agricultura Alimentación Anonymous Arquitectura Astronomía Blogs para curiosear Bos desexos Cerebro Cine Darío e Breixo Economía Educación Frutais Futuro Historia Humor Indignados Libros Lingua Literatura Medios de comunicación Monte Comunal Natureza Poesía Política Procomún Publicidade Sidra Socioloxía Software libre Tradicións Viaxes Xadrez
Os nosos blogs
Arquivos diarios: 20/12/2018
HEIDEGGER (O ESTILO E A EXPRESÓN)
O leitor de Heidegger terá sempre de enfrentar a dificuldade literária dos seus textos, que, paradoxalmente, fez escola: Heidegger é frequentemente recordado mais pela sua expressón do que pelo seu conteúdo filosófico. A xíria do filósofo foi tratada como se fosse unha marca própria, quase unha atracçón: muitas vezes menosprezada e ridicularizada – o caso de dous filósofos antagónicos, como o crítico T. W. Adorno da Escola de Frankfurt e o analista positivista R. Carnap – e outras, exaltada e eloxiada, como, de forma xeral, ocorreu na tradiçón espanhola, italiana e francesa. Mas em que consiste a singularidade da sua linguaxem? É muito provável que em dous aspectos: a exploraçón evocadora da língua para além da sua pura determinaçón linguística e lexical, que o leva a retorcer, literalmente, as palabras ao ponto de lhes devolver um valor nominal por cima do puramente referencial – procura de etimoloxías obscuras e variaçóns quase infinitas dos prefixos e sufixos próprios da sua língua alemán -, e o uso recorrente de um tipo de imaxens e metáforas que, sob a aparência de unha enganosa simplicidade, escondem unha enorme dificuldade, xá para non falar das vezes que o seu tom oracular despista a própria intençón teórica, ao confundi-la com a imaxem da qual se serve. Os conhecidos exemplos do “pastor do ser”, a “clareira”, o “caminho da floresta” e “a casa do ser” obrigam o leitor a discernir a aparente inxenuidade da sua intençón para saber de que se está a falar. Em todo o caso, por cima da escolha desse estilo e da irritaçón que às vezes possa provocar, tería de se considerar, noutra perspectiva mais decisiva, se a própria descoberta filosófica de Heidegger forçou essa expressón e esixíu obrigatóriamente metáforas sem as quais a teoría ficaría paralizada. Pode perguntar-se, inquestionavelmente, que tipo de descoberta filosófica pode esixir essa expressón e de que teoría precisaria a metáfora para avançar, com o perigo que acarreta essa escolha. À dificuldade terminolóxica de “Ser e Tempo”, no fundo, superábel, porque respeita unha ordem e unha regularidade (a “xíria ontolóxica”), segue-se unha dificuldade ainda maior da obra posterior. Esixe, realmente, isso de que está a falar tal expressón e estilo? Talvez, para axudar a compreender a estranha relaçón entre o estilo, a expressón e a reflexón, tenhamos de recordar aqui a sua descoberta da ambiguidade orixinal na qual se encontra toda a teoría: o ser é, ao mesmo tempo, o que dizemos, pensamos e fazemos, e o que nos deixa dizer, pensar e fazer. Daí que a representaçón moderna de um suxeito que conhece um obxecto ou domina um mundo sexa unha ficçón, porque as duas figuras – suxeito e mundo – derivam dessa ambiguidade anterior. É à luz da insólita intençón expressa de se submerxir nessa ambiguidade e, por assim dizer, de a tratar a partir de dentro, que se tería de considerar a estranha mistura de descoberta filosófica e expressón mítica. Temos apenas de recordar Platón, cuxo caminho de pensamento é inseparábel do modo de o dizer, ao ponto de, em certas ocasións, este ser tán decisivo que impón o que deve ser dito. Mas Platón pensa inicialmente encontrar-se quase a fundar a própria relaçón entre o conteúdo teórico e a sua expressón; enquanto Heidegger se encontra no final, quando, em suma, non há relaçón vinculativa entre ambos e a escolha da expressón xá constitui unha decisón filosófica. A “deriva” de Heidegger tem que ver com isto, até o transformar em problema e constituinte da sua própria reflexón. Apesar de tudo, o seu ponto de partida é que a própria expressón – e non apenas a terminoloxía – se encontra identificada de tal maneira com determinada gramática – aquela que precisamente esqueceu a questón do ser -, que impossibilita a própria tarefa teórica. A luz e a sombra do seu próprio trabalho filosófico encontram-se mediadas por essa suposiçón orixinal e por essa indecisón estructural, non em relaçón ao que dizer, mas, sim, à forma como dizê-lo; em passaxens da sua obra, o que se diz parece derivar de como se deve dizê-lo. Non será estranho, entón, que a sua filosofía dependa da expressón e, muitas vezes, se decida nela, sobretudo se se assume que esta non é um meio exterior para dizer algo que xá se sabe, mas a via para reconhecer o que non se pode chegar a saber.
Publicado en Uncategorized
