Arquivos diarios: 14/12/2018

ANTONIN ARTAUD (FORA DA ESCOLA)

.

               Fora da escola existíam também outros marcos de referência para o pensamento que começaram a ser recuperados quando terminou a Ocupaçón.  A sua presença foi tán importante para a reflexón da segunda metade do século XX, como difícil é caracterizá-los de um modo global.  Nem formabam unha “escola”, nem partilhabam exactamente unha “filosofía”, non tinham nada a ver com o mundo académico.  Podería dizer-se no máximo que, no caso de haber um filósofo com o qual entrassem assiduamente em diálogo, este sería principalmente Nietzsche; e o seu habitat cultural concreto estaría provavelmente situado nas proximidades do surrealismo.  E pouco mais.  Em xeral, eram considerados acima de tudo literatos, pensadores no máximo, dos quais o pensamento universitário se aproximou progressivamente, até acabar por lhes permitir a entrada plena nos seus discursos.  Perante a dificuldade que a sua caracterizaçón unitária apresenta, non resta outra hipótese senón esboçar os perfís dos nomes mais significativos.  O primeiro nome a citar sería, sem dúvida, o de Antonin Artaud (1896-1948).  Poeta, ensaísta, cartoonista, actor e dramaturgo, abandonou a sua Marselha natal quando terminou os estudos para se mudar para París, época em que começam as suas dores de cabeza crónicas que viriam a piorar com os anos.  Em París, trabalha no teatro, um pouco no cinema e escreve.  Em 1923, envía a J. Rivière, director da prestixiosa “Nouvelle Revue Française”, unha compilaçón dos seus textos cuxa publicaçón é recusada.  Manterá sobre o assunto unha abundante correspondência com Rivière, na qual dá conta da sua concepçón da escrita e também das suas lutas com o seu grave sofrimento psíquico (“Non consigo pensar. Compreende o que é esse vazio, esse intenso e durábel nada?” – escreve-lhe).  Com o tempo, Rivière propor-lhe-á publicar essa correspondência, que será divulgada em 1927.  A propósito désta decisón, Maurice Blanchot escreverá: “Poemas que considera desde insuficientes até indignos de serem publicados, deixam de sê-lo quando son completados pelo relato da experiência da sua insuficiência. Como se o que lhes faltasse, o seu defeito, se transformasse em plenitude e acabamento pela expressón aberta dessa falha e o aprofundamento da sua necessidade”.  Nesta característica lerá Blanchot um anúncio da literatura que se avizinha. 

miguel morey