Arquivos diarios: 07/12/2018

BERTRAND RUSSELL (AS VIDAS DE UM EU MÚLTIPLO)

.

               Bertrand Russel é o mais conhecido dos intelectuais ingleses do século XX e, sem dúvida, o mais influente.  Foi filósofo, matemático, teórico da educaçón, escritor ocasional de contos, alguns de ficçón e outros sobre personaxens que o rodeabam (foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Literatura em 1950), crítico do puritanismo e da hipocrisía social,  activista político, em particular antimilitarista e anti-imperialista, e, sempre, um cidadán comprometido com o seu tempo, apesar de isso ter estado por detrás de várias detençóns e ter levado a que fosse mais de unha vez excluído do seu meio.  Nascido a 18 de Maio de 1872 em Ravenscroft, no condado de Mounmouthshire, em Gales, no Reino Unido, pertencia a unha família aristocrática de tendências liberais.  Os pais, o visconde e a viscondessa de Amberley, defenderam activamente o sufraxísmo (esixência da igualdade  de direitos para a mulher e, sobretudo, do direito ao voto femenino), a cultura laica na educaçón e a tolerância na vida quotidiana.  O seu padrinho foi o grande filósofo John Stuart Mill, apesar de ter morrido (em 1873) antes de Russel o ter podido conhecer.  Ficou órfan muito cedo: a nái e a irmán Rachel morreram de diftería quando ele tinha apenas um ano e, no ano seguinte, morreu o pai – em parte devido à depressón causada pela perda da mulher -, pelo que os irmáns Bertrand e Franz ficarom sozinhos.  Os pais, prevendo o que lhes podería acontecer, fizeram um testamento onde especificavam que os filhos deveríam ser educados por um tutor partidário das sua formas de vida laicas, liberais e socialmente progressistas.  Contudo, a avó paterna de Bertrand conseguiu a tutoría legal e educou-os na casa de família de Pembroke Lodge.  O avô, o conde Russell, fora duas vezes primeiro-ministro durante o reinado da rainha Victória, mas a influência política da família vinha dos tempos da dinastia Tudor, vários séculos antes.  A mulher, a condessa era de unha família presbiteriana escocesa.  Apesar de ríxida nas  crençás relixiosas, conseguiu compatibilizá-las com unha visón científica do mundo.  Educou Bertie (como Russell era chamado em criança) para ser unha “pessoa de princípios” (citava o dictado “nunca seguirás unha multidón para fazer o mal”), e a insistência no auto-domínio emocional, na responsabilidade e na postura formal foram determinantes no seu carácter. A sua educaçón non foi  convencional: teve vários tutores à marxem do sistema escolar, aprendeu línguas (falava alemán sem sotaque), história e ciências, mas acima de todas as outras disciplinas amou a matemática, pois foi nela que descobriu a sua vocaçón, pela presisón, pela clareza e pela seguranza das conclusóns.  A educaçón recebida explica que tenha sido acompanhado por um sentimento de culpa constante.  Sempre lamentou a sua dificuldade em expressar as emoçóns, algo que todos os que o rodearam habitualmente reconheciam.  Nas suas memórias, assegura que a sua infância foi solitária, mas non infeliz.  Foi unha criança séria dedicada ao estudo e encontrou na poesia, sobretudo na de Shelley, um refúxio secreto para a sua vida afectiva.  O amor pela literatura nunca o abandonou, apesar de a sua figura pública ser a de um cientista alheado das humanidades: ocasionalmente, escrevia poemas e, no final da vida, experimentou com graça a arte do conto.  Na adolescência sofreu unha crise relixiosa de carácter racionalista que aos 18 anos o levou a tornar-se ateu, o que ocultou durante algum tempo à avó.  Manteve, para o resto da vida, unha rebelión permanente contra os danos causados pela relixión aos desexos de felicidade e à liberdade de costumes.

fernando broncano